“As mudanças climáticas não podem ser resolvidas por um ou dois atores. É um movimento que precisa ser feito em toda a cadeia de valor da economia, da sociedade civil, com empresas, governos e indivíduos”, afirma Maurício Endo, diretor de Inovação e Parcerias Estratégicas.
Para ele, é uma iniciativa que precisa de muita tecnologia, especialmente usando geoengenharia, inteligência artificial, ciência de materiais e novas fontes de energia.
“Tudo isso precisa estar no centro da discussão, porque nós temos um desafio muito grande, que é o de mudar, em menos de 50 anos, toda a matriz energética de uma civilização. Nós temos de mudar os padrões de consumo de produtos e insumos naturais.”
Inovar é o que vai alavancar esse processo, segundo o diretor, justamente trazendo luz sobre aquilo que não existe hoje, apontando novos caminhos que não são os tradicionais, pois eles já não servem mais.
“A inovação, tanto pelo viés tecnológico quanto pelo do modelo de negócio, será uma das molas impulsionadoras dessa grande transformação civilizacional que a gente precisa fazer e, para isso, precisamos pensar como sociedade, de forma integrada.”
“Um dos pontos mais relevantes nas estratégias de inovação da Aegea para os próximos três anos são as temáticas que envolvem as mudanças climáticas, que nós subdividimos em duas frentes diferentes, uma para mitigação dos efeitos e outra para proteção ambiental”, explica Fábio Souza, gerente de Inovação e Parcerias Estratégicas.
“No curto prazo, é melhorar a resiliência das infraestruturas das unidades, o que inclui toda a prestação de serviços para continuar atendendo as populações em situações de secas extremas ou excesso de chuvas”, diz.
O diretor cita como exemplos o que está sendo feito pela Águas de Manaus, com a seca dos rios amazônicos, e pela Corsan, nas enchentes do Rio Grande do Sul (leia matérias nesta edição).
“Junto ao time de Engenharia e parceiros, estamos usando a inteligência artificial para avaliar o risco de inundação e seca em algumas unidades, como projeto piloto. Especialmente Corsan, Manaus e Mato Grosso. É um algoritmo que usa dados públicos e privados de chuva e volume de rios, entre outros, para fazer essa análise.”
Além do uso muito grande da tecnologia associada a boas práticas de mercado, que é uma rápida resposta para trazer a manutenção dos serviços, a Aegea busca soluções também no longo prazo.
“Temos feito parcerias como a do MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (Massachusetts Institute of Technology), e procurado pesquisadores universitários também fora do país para nos ajudar no mapeamento e na mitigação das emissões”, afirma o gerente.
Na jornada de melhoria estão sendo implantados sensores em todas as estações de tratamento de esgoto para fazer a medição de carbono.
“Atualmente fazemos por estimativa, são métodos precisos, mas, a partir do sensoriamento das grandes ETEs, teremos mais eficácia e assertividade no que realmente está sendo emitido”, diz.