edição 29 | novembro 2020
Obras da Águas de São Francisco do Sul para ampliar o abastecimento de água na cidade.
Texto: Luciana Zonta
Quando a Prefeitura de São Francisco do Sul (SC) concedeu à iniciativa privada o serviço de saneamento básico, o tratamento de esgoto era um sonho que parecia distante no município. Problemas relacionados à falta de saneamento eram rotina para os moradores da cidade. Cerca de cinco anos depois do início dos trabalhos da Águas de São Francisco do Sul, a cidade caminha a passos largos para se tornar referência em sistema de tratamento de esgoto no país.
A concessionária e a prefeitura inauguraram recentemente a ETE Ubatuba, a primeira estação de tratamento de esgoto de São Francisco do Sul. A conquista coloca o município no topo das cidades catarinenses que possuem esgoto coletado e tratado. De acordo com a diretora-presidente da Águas de São Francisco do Sul, Reginalva Mureb, se a vocação de São Francisco do Sul é turística, nada mais adequado que começar a implantação pela região das praias. “Sabemos que o desenvolvimento que o turismo traz deve vir junto com a preservação do meio ambiente. A proteção das águas do município também beneficiará setores da economia como a pesca”, exemplifica.
As estações de tratamento de esgoto trazem inúmeros benefícios à sociedade, como melhoria da saúde, preservação ambiental e valorização imobiliária. Um estudo do Instituto Trata Brasil aponta uma alta de até 14% no preço de um imóvel construído em uma área que possui rede de tratamento em comparação com um similar onde o serviço não é oferecido em uma mesma cidade. Esse é mais um dos aspectos positivos que a recém-inaugurada ETE Ubatuba promete trazer a moradores e investidores da cidade. “A conclusão da obra reafirma o compromisso da concessionária em levar saúde e dignidade à comunidade de São Francisco do Sul. O que nos move é trabalhar pela saúde da população que atendemos”, afirma Reginalva Mureb.
A ETE Ubatuba vai tratar cerca de 5 milhões de litros de esgoto por dia na baixa temporada e mais de 10 milhões de litros no verão, quando em plena operação. Com 20 mil metros quadrados de área construída, a ETE consumiu 1.200 metros cúbicos de concreto e 170 toneladas de aço. Durante sua execução, gerou 80 empregos diretos e 240 indiretos.
A tecnologia utilizada na ETE é de lodo ativado, do tipo aeração prolongada, por meio de reator sequencial em bateladas. Os efluentes chegarão à ETE pela estação elevatória de esgoto bruto, onde haverá gradeamento para sólidos grosseiros. Em seguida, serão direcionados para o tratamento preliminar, no qual ocorre a retenção de sólidos mais finos, areia e óleo. Após essa etapa, o efluente é direcionado para o reator SBR, que é combinado com tanque de aeração, em que ocorre decantação e remoção biológica de nitrogênio e fósforo.
De acordo com Victor Aroeira, gestor operacional da concessionária, a etapa de aeração consiste em manter uma grande quantidade de bactérias aeróbias em contato com a matéria orgânica presente nos despejos, promovendo a oxidação bioquímica desses poluentes. O oxigênio requerido para a manutenção do processo será garantido por difusores de ar de bolhas finas do tipo circular de membranas EPDM. A massa de bactérias é denominada lodo, que é mantido no processo. O sistema de tratamento SBR tem uma característica única, que é o fato de a recirculação de lodo ativado não ser necessária, já que o lodo permanece no tanque em todas as etapas do processo. A ETE Ubatuba contará com dois tanques SBR, que trabalharão de forma alternada e em diferentes etapas do ciclo do processo. Os líquidos clarificados gerados serão destinados ao tanque de contato para desinfecção e posterior lançamento do efluente, ao passo que o lodo, para a prensa desaguadora, a fim de posterior destinação.