edição 35 | abril 2022

PROGRAMA AFLUENTES

Líderes femininas lutam por mais saneamento com amor e empatia

Texto: Aline Magno

Elas são vozes ativas em suas comunidades. Referência dos moradores quando surgem as mais diversas reivindicações. Ocupando lugares antes inimagináveis, essas mulheres – líderes comunitárias – têm, além de um olhar amoroso, uma atuação relevante para transformar a realidade de suas comunidades. Quando o assunto é saneamento básico, ou melhor, a falta que ele faz na vida das pessoas, são protagonistas com maior lugar de fala.

“Vejo meus vizinhos como minha família, e a comunidade como minha casa. Sou mãe, avó, e meu olhar é de cuidado. Por muitos anos não tive água encanada em casa e sei das dificuldades que isso traz no dia a dia e como afeta a nossa saúde. É esta visão que tenho quando estou em busca de melhorias para a minha comunidade, para minha gente. É o amor que me faz seguir”, conta Vânia Rodrigues, a “Vaninha”, como é conhecida na Barreira do Vasco, na zona norte do Rio. A história dela se assemelha à de muitas outras mulheres, que como ela correm atrás de seus direitos.

Vaninha é uma das 248 líderes comunitárias engajadas em ações que contribuem para o avanço do saneamento básico em regiões de maior vulnerabilidade social, onde a Águas do Rio atua. Por meio do Programa Afluentes, as líderes são a ponte entre a concessionária e as demandas de água e esgoto de 121 comunidades, representando mais de 433 mil pessoas. Comparadas à representação masculina, elas ainda são minoria. Os homens lideram 404 comunidades nas zonas sul, norte e centro da capital fluminense. Mas, com resultados, estão abrindo caminhos e aumentando a representatividade feminina.

Um trabalho pela comunidade

“São mulheres guerreiras que conseguem administrar suas vidas e a de milhares de outras pessoas. Estão dedicadas em contribuir com o trabalho que desenvolvemos. Elas estão sempre em contato com nosso atendimento, alertando para serviços que precisam ser feitos, ajudando as nossas equipes a conhecerem melhor as localidades, uma vez que cada uma possui características próprias, contribuem com a conscientização para o uso racional da água… Enfim, elas realmente atuam ativamente em prol da saúde e do bem-estar de todos”, afirma a gerente de Relacionamento Social da Águas do Rio, Mariana Laércio, que promove reuniões do Afluentes nas comunidades.

Luciana Costa, de 45 anos, é outra liderança, que, como Vaninha, quer mais qualidade de vida em seu entorno. Para ela, “lata d’água na cabeça” não era somente uma marchinha de carnaval, mas uma dura realidade. “Minha mãe e eu já subimos muito o morro com lata d’água na cabeça para fazer comida, lavar a roupa e dar banho nos filhos. Além disso, sabemos como ninguém o impacto do esgoto a céu aberto na saúde da nossa família. E não queremos isso para ninguém. Por isso seguirei na luta para que outras pessoas também tenham água limpa para consumir e que não convivam com esgoto na porta de casa”, diz Luciana, que é presidente da Associação de Moradores do Morro Faz Quem Quer, na zona norte do Rio de Janeiro.