edição 30 | janeiro 2021
Alunas exibem certificado da oficina, uma iniciativa da Casa Scliar e Prolagos que estimula a geração de renda e o engajamento de toda a comunidade, pois a meta é repassar o conhecimento.
Texto: Roberta Moraes
Cumprindo as novas regras de convivência para evitar a propagação do novo coronavírus, com distanciamento, uso de máscaras e álcool gel, elas se reuniram no jardim da Casa Scliar, em Cabo Frio, onde aprenderam a modelar a argila, pintar, queimar e inserir ilustrações sobre a cultura afro-brasileira. “Com a pandemia, precisamos nos adaptar para continuar próximos das comunidades, afinal, esta é uma das funções de um espaço cultural. O principal objetivo deste projeto é auxiliar na geração de renda neste período que mudou a realidade de muitas famílias, em especial das chefiadas por mulheres”, explica Cristina Ventura, coordenadora da Casa Scliar e idealizadora do “Somos Divas na Luz do Candeeiro”.
As divas, nesta edição, são Cássia da Conceição, Elisa Fernandes, Elizeth Antunes, Esila Pereira, Elizabeth Fernandes e Valquíria da Conceição. “São heroínas anônimas cujo superpoder consiste numa força imensurável para enfrentar inúmeros desafios diários, mesmo tendo sido privadas de muitos dos direitos e das garantias fundamentais”, comenta Francine Melo, coordenadora de Responsabilidade Social da Prolagos. Além de colocarem, literalmente, a mão na massa de argila, as alunas fizeram uma imersão no universo da cultura, participaram de discussões sobre patrimônio histórico nacional, arte e tiveram acesso ao curso Exercitando a Mentalidade Financeira, oferecido pela Academia Aegea.
A possibilidade de produzir utensílios a serem utilizados na cozinha quilombola foi mais um incentivo para as alunas. “Este projeto reforça a nossa própria história, pois quando criança usávamos lamparina em casa. Além disso, a oficina de cerâmica veio ao encontro dos nossos anseios, pois já queríamos trabalhar com a argila para produzir pratos, travessas e panelas a fim de usarmos na nossa cozinha e agregar mais valor ao trabalho. Agora podemos produzir os pratos onde serviremos a comida que fazemos e os visitantes ainda poderão levá-los como lembrança”, idealiza Elizabeth Fernandes, presidente da Associação dos Remanescentes do Quilombo de Baía Formosa.
“Por meio dos programas de Responsabilidade Social a Prolagos desenvolve ações voltadas a impactar positivamente o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios, em três frentes: saúde, educação e geração de renda. Com este estímulo, percebemos nas participantes a eclosão de habilidades e atitudes criativas, sustentáveis e empreendedoras”, acrescenta Francine Melo.
A ação afirmativa visa dar projeção à história e cultura quilombola e está alinhada com o programa de diversidade e igualdade racial Respeito Dá o Tom. “Entendemos que nosso trabalho vai além do saneamento, estamos em busca da melhoria contínua da qualidade de vida das pessoas nos municípios onde atuamos. Projetos como este nos enchem de orgulho”, afirma o diretor-presidente da Prolagos, Sérgio Braga.
Durante as aulas, as alunas vislumbraram a possibilidade de gerar mais valor para as atividades que desenvolvem no quilombo por meio do turismo étnico e ecológico, que atrai visitantes de diversos lugares do mundo. Por meio da Associação dos Remanescentes do Quilombo de Baía Formosa, a comunidade promove um circuito de atividades de resgate da história e da cultura tradicional com trilhas e passeios em pontos turísticos de Búzios, como Mangue de Pedra, Ponta do Pai Vitório, Praia da Gorda, apresentações de música, de danças folclóricas e exposição do artesanato produzido pela comunidade. Para finalizar, os visitantes saboreiam um almoço e participam de uma experiência sobre a cozinha quilombola, degustando pratos típicos da culinária local.
“Somos Divas na Luz do Candeeiro” faz parte das comemorações do centenário de nascimento do pintor Carlos Scliar, patrono da casa-museu, que representou a luminária rudimentar em diversas peças.