Como as redes de água e esgoto tratados ou a ausência delas afetam a vida das famílias brasileiras
Radamés Casseb CEO da Aegea
Como o acesso aos serviços afeta a vida das famílias brasileiras
Direito garantido pela Constituição Brasileira, o acesso ao saneamento está diretamente ligado ao desenvolvimento da qualidade de vida do cidadão, gerando saúde e bem-estar dentro de casa. É essencial para a saúde da população e vital para a sustentabilidade do meio ambiente. Para além disso, quando falamos em estar conectados às redes de água e esgoto tratados, também estamos falando sobre dignidade, uma vez que garantem o direito de uma pessoa existir perante a sociedade, ter um endereço registrado. Por outro lado, o impacto da falta de saneamento tem consequências sociais graves. Na educação, é responsável pelas faltas escolares e pelo baixo desempenho acadêmico dos alunos adoecidos. A falta de infraestrutura adequada também dificulta a permanência dos estudantes no ambiente escolar.
No Brasil, cerca de 28,8 milhões de crianças e adolescentes de até 17 anos vivem na pobreza e, entre elas, 5,4% sofrem com a privação de água e 38% não têm acesso à rede de esgoto. Esses índices do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), comprovam como a falta de acesso aos serviços gera reflexos no desempenho escolar e na perpetuação da pobreza. A relação direta entre saneamento e desigualdade social é reforçada pela realidade do nosso país: 8 a cada 100 pessoas em situação de pobreza no Brasil moram em habitações sem banheiro, de acordo com o IBGE (2022). A tese é reforçada pelo Painel do Saneamento, do Trata Brasil, que afirma que a renda média mensal da população assistida pelos serviços de água e esgoto é quatro vezes maior do que a da população desassistida.