edição 39 | 2023 | abril a junho
Exposição do Respeito Dá o Tom nas unidades de Rondônia.
Texto: Rosiney Bigattão e Queli Cristina
Um dos pontos fortes das ações recentes do Respeito Dá o Tom é o ABC da Raça, um letramento em formato descontraído para desmistificar o uso de termos e conceitos que têm uma certa resistência para serem compreendidos. Teoria e exemplos práticos se unem para trazer à tona questões que ainda são tabu no debate sobre raça no Brasil. Mais de 200 pessoas participaram de cada uma das duas sessões do letramento, realizado de forma online.
“Durante a capacitação, ouvimos muitos relatos e apresentamos sugestões de como se manter constantemente antirracista, dentro do ramo de atuação de cada um, e principalmente elementos para que as pessoas possam se engajar ainda mais na promoção da igualdade racial. Muita gente não se dá conta dos termos racistas que estão incorporados ao seu vocabulário”, conta Keilla Martins, do Respeito Dá o Tom.
O RDT fez também um treinamento para a área de RH das unidades da Aegea. Com 50 pessoas em cada turma, teve como objetivo repensar as relações raciais vivenciadas por diferentes colaboradores da empresa. Relatos sobre o viés inconsciente e as experiências de pessoas negras e indígenas no mercado de trabalho ajudaram a trazer o contexto da pauta racial aos profissionais de RH, apresentando práticas antirracistas e colaborando assim para a inclusão e diversidade na Aegea.
Um treinamento diferente para gerar a reflexão sobre o posicionamento pessoal em relação à questão racial no dia a dia. “A ideia foi fazer uma leitura racializada dos principais fatos históricos e estatísticas no cenário brasileiro e internacional pós-colonial”, explica Keilla.
Um conteúdo inspiracional e sensibilizador atrelado à narrativa pessoal e profissional dos conteúdos e das histórias de negras e negros que se destacaram ao longo da nossa história. A apresentação aborda importantes conceitos como: identidade, lugar de fala, embranquecimento populacional e representatividade, entre outros. O resultado é a reflexão sobre o papel em relação à promoção da igualdade racial.
Media training a porta-vozes e lideranças da Aegea sobre a temática racial e treinamentos para quem faz recrutamento e seleção. Para ajudar na construção de um ambiente mais inclusivo, seguro e diverso para todas as pessoas, o RDT também direcionou ações para debater o poder da comunicação e do marketing. Como as pessoas negras e indígenas se percebem ou não representadas como sujeitas perante as marcas, bem como os impactos da comunicação nas suas trajetórias e experiências dentro e fora mercado de trabalho estavam na pauta.
“Nessa jornada de aprendizagem, discutimos alguns casos que nos permitiram repensar meios de implementar práticas cotidianas antirracistas que possibilitem a construção e a vivência em um ambiente de trabalho com mais inclusão e diversidade”, afirma. Grande parte dos treinamentos contou com o apoio e condução do ID_BR, o Instituto Identidades do Brasil.
Uma ação diferente é a presença em jogos de futebol. “De tempos em tempos, nos deparamos com casos de racismo no futebol. No último mês, o craque brasileiro Vinícius Jr., do Real Madrid, foi alvo de um episódio gravíssimo durante um jogo do Campeonato Espanhol que chamou a atenção do mundo inteiro. Por isso o comitê local do Respeito Dá o Tom da Aegea no Espírito Santo se mobilizou e estará presente nas ‘peladas’ da concessionária para propor reflexão sobre o tema antes da bola rolar”, conta Keilla Martins.
As unidades da Aegea em Rondônia movimentaram olhares e sentimentos com uma exposição fotográfica sobre o período da escravidão no Brasil. As imagens fortes e fotos de grandes dimensões mobilizaram estudantes e demais visitantes. Negros escravizados amarrados, acorrentados e castigados expressavam toda a dor e tristeza de um período devastador na história do país. Personalidades pretas de reconhecimento nacional, que fazem a diferença no país na luta contra o racismo, também fizeram parte da exposição.
Parte do time de colaboradores da Aegea Rondônia, autodeclarados pretos ou pardos, completou a mostra. Alunos do Colégio Militar realizaram apresentação de capoeira e leitura de poemas voltados ao tema da abolição da escravatura. “Todos nós somos responsáveis por falar sobre uma pauta tão essencial. Além da repercussão em Ariquemes, entre autoridades e toda a sociedade, ver a participação dos alunos, contribuindo com suas experiências de vida, é transformador”, afirmou Robson Cunha, da Águas de Ariquemes.