edição 37 | 2022 outubro a dezembro

DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS

A inteligência emocional e seus impactos

Por Daniel Goleman em artigos do Instituto Korn Ferry*

Você sabia que o desenvolvimento de habilidades de Inteligência Emocional pode proporcionar aos líderes a capacidade de elevar o engajamento e a permanência dos colaboradores na organização? Há evidências de que o desenvolvimento de habilidades de inteligência emocional, classificadas por muitos como “soft skills”, pode não apenas ajudar líderes a gerenciar qualquer equipe, mas também incentivar os membros da equipe – até 70% – a permanecer cinco anos ou mais.

Esses líderes habilitados na inteligência emocional são muito mais eficazes porque podem mudar seu estilo para se adequar às suas equipes, com o melhor emprego de diversos estilos de liderança. “Líderes eficazes têm vários estilos em seus kits de ferramentas, equipando-os para responder com flexibilidade às demandas em mudança”, diz Paula Kerr, do Instituto Korn Ferry.

Kerr, autora do relatório do Korn Ferry “O poder da inteligência emocional”, investigou como as habilidades de inteligência emocional, como autoconsciência, empatia e adaptabilidade, têm impactos quantificáveis sobre o desempenho do líder. Enquanto muitas pessoas reconhecem que essas habilidades não são apenas atributos “agradáveis”, Kerr diz que ainda poucas pessoas entendem o impacto que essas habilidades da inteligência emocional podem ter no estilo do líder, na lealdade dos funcionários e na qualidade das relações que esse líder consegue estabelecer.

Sem perceber, os líderes podem transmitir seus sentimentos, positivos ou negativos, para os membros de sua equipe, diz Daniel Goleman, autor do best-seller “Inteligência emocional”. Como líder, você faz o possível para que sua equipe funcione: você os mantém focados e trabalhando em direção aos objetivos, gerenciando suas cargas de trabalho e reportando as conquistas com relação às iniciativas da companhia. Mas é necessário mais do que cronogramas rigorosamente controlados para que os resultados sejam entregues com qualidade e dentro do prazo.

Considere o trabalho emocional da liderança. Enquanto líderes precisam ter controle direto sobre as responsabilidades cotidianas de seus subordinados, eles também têm um grande impacto na condição emocional coletiva do grupo.

Nossas emoções surgem em nosso cérebro a partir da dinâmica de várias estruturas que coletivamente compõem o sistema límbico. Ao contrário de muitos sistemas em nosso corpo, que são circuitos fechados, como o sistema circulatório, ou sequenciais, como o sistema digestivo, os neurocientistas consideram o sistema límbico um circuito aberto. Ele responde a estímulos externos ao corpo e sintoniza de acordo com isso.

Pense numa criança que está chateada porque um cachorro está mastigando seu brinquedo. Ela está chateada porque não pode brincar com seu brinquedo e ficou assustada com o cachorro. Ela também ficará chateada até que seus pais a confortem. Se outra criança vê-la chorando antes de ser confortada, ela também pode começar a chorar. O mecanismo aberto do sistema límbico significa que as emoções podem ser contagiosas.

Isso também pode acontecer no ambiente organizacional. Se um líder interage com sua equipe com alta ansiedade, é bem possível que seus colaboradores também adotem uma postura de ansiedade. É bem comum que os funcionários, inconscientemente, sigam o perfil e o estilo do seu líder.

Esse contágio que pode ser feito pelo líder foi identificado por Sigal Barsade numa série de estudos quando ela estava na Yale School of Management. Ela descobriu que, se um líder de equipe estava de mau humor, os membros da equipe percebiam esse humor e seus desempenhos diminuíam. Se o líder estivesse otimista, os membros ficavam energizados e o desempenho aumentava.

A natureza contagiosa das emoções, por meio do ciclo aberto do sistema límbico, também pode ter impactos positivos significativos na dinâmica da equipe. Para aproveitar esses benefícios, pode ser útil que um líder seja emocionalmente autoconsciente e transmissor dos sentimentos mais positivos. Essa competência subestimada de inteligência emocional pode ajudar qualquer líder a ter uma visão, entender e responder de forma mais realista aos impactos que suas emoções têm na equipe.

*Mais sobre o autor

Daniel Goleman é um psicólogo, escritor e jornalista norte-americano, autor do best-seller “Inteligência emocional”. Nasceu em Stockton, Califórnia, Estados Unidos, em 1946. Foi aluno do Amherst College e na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Recebeu o Ph.D. na Universidade de Harvard, onde também lecionou. Durante 12 anos, Daniel Goleman foi jornalista do “New York Times”. Foi editor da “Psychology Today”. E realiza palestras para grupos profissionais.

O artigo de Daniel Goleman foi traduzido e cedido para a Revista Aegea pelo Instituto Korn Ferry, parceiro da Aegea no desenvolvimento de lideranças da empresa. Fundado em 2008, o Korn Ferry Institute é um centro de inovação focado em iluminar as principais tendências e impulsionador do desempenho humano e organizacional. Desenvolve e infunde pesquisas científicas robustas, propriedade intelectual de ponta e análises de última geração na Korn Ferry Solutions.