EDIÇÃO 43 - 4º TRIMESTRE - 2024

Meio
AMBIENTE

Plantando água

Parceria envolve Instituto Aegea, WWF-Brasil e comunidades tradicionais

Parceria envolve Instituto Aegea, WWF-Brasil e comunidades tradicionais
Restauração florestal está sendo feita para recuperar nascentes em áreas degradadas da Bacia do Pantanal.

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Texto: Elianna Homobono

Em mais um movimento do projeto Cabeceiras do Pantanal, o WWF-Brasil e o Instituto Aegea estiveram presentes no município de Jauru, região sudoeste do Mato Grosso, acompanhando a execução da segunda etapa de restauração florestal na Fazenda Araçatuba.

 

Esta etapa do restauro está se concentrando em APPs, que são Áreas de Preservação Permanentes, localizadas à montante do Córrego Fortuna, principalmente nos locais onde a erosão do solo está em estágio avançado, formando as voçorocas, que são buracos que ser formam onde a água da chuva retirou a terra.

Estas estruturas são formadas em decorrência da retirada da vegetação ciliar, aquela que fica às margens de rios e córregos, para a criação de gado, provocando o processo erosivo.

Como o trabalho está sendo realizado

Os técnicos agroflorestais iniciaram o trabalho com o cercamento para evitar o pisoteio do gado nessas áreas frágeis e susceptíveis.

 

Com o apoio dos estudantes do curso de Agronomia da Faculdade UniBRAS Quatro Marcos, da cidade São José do Quatro Marcos, também foram feitas a colocação de barreiras físicas, contenção de pontos de erosão, o preparo do solo e a abertura dos berços, onde foram plantadas 16 espécies diferentes de árvores nativas.

Ação vai garantir água no futuro

Natural de Jauru, Caio Ferreira Oliveira, estudante de Agronomia, escolheu participar da ação para viver na prática o que vê em teoria na faculdade.

“A gente sofre muito com a falta de água no período de seca e eu sei que essa ação vai nos ajudar bastante para termos água no futuro”.

Para esta região foram escolhidas técnicas de restauro florestal com o uso da adubação verde, onde mudas de espécies nativas do cerrado brasileiro são intercaladas com uma muvuca de sementes, que é um mix de leguminosas fornecidas pela Rede de Sementes do Xingu.

Parcerias com comunidades tradicionais

Juliana Assis, analista de Conservação do WFF-Brasil, que atuou na Coordenação do Plantio de Restauração dessa APP, explica a importância dessas parcerias.

“Aqui é uma área prioritária para o WWF-Brasil por ser uma zona de recarga hídrica para abastecimento da cidade. Além do Instituto Aegea, temos parcerias com a Rede de Sementes do Xingu, de indígenas que comercializam sementes nativas. Toda a biodiversidade que estamos inserindo nesse sistema são decorrentes do trabalho dessas comunidades tradicionais e que fortalecem essa restauração”.

Resultados foram percebidos na estiagem

Os efeitos já estão sendo percebidos. A Águas de Jauru, concessionária da Aegea, que presta serviços de abastecimento de água tratada e coleta e tratamento do esgoto no município, percebeu melhoria na disponibilidade hídrica nesta estiagem.

“Tivemos o ano de maior seca em Mato Grosso, com altas de temperaturas históricas, porém conseguimos sustentar a operação no município, evitando o desabastecimento. Entendemos que parte disso se deve aos resultados do projeto iniciado no ano passado”, disse Ítalo Souza, diretor-executivo da Águas de Jauru.

“A gente atua não só plantando, mas também recuperando, e isso tudo ajuda a garantir que no período de seca vamos ter água disponível para abastecer a população, com qualidade e disponibilidade”, disse Bruna Sampaio, coordenadora de EHS da concessionária.

Uma ação que beneficia toda a cadeia de produção de água tratada

Para Maíra Sugawara, coordenadora de Qualidade Ambiental da Aegea, esse projeto consolida o compromisso da empresa com a disponibilidade hídrica nesse bioma.

“Para além de estruturar melhor a cadeia de restauro, desde a catação de sementes à parceria de capacitação do pessoal que vai fazer o plantio, queremos maior biodiversidade conservada na região e preservar os corpos da água, tanto na parte de quantidade, como de qualidade, diminuindo a presença de sedimento e garantindo a segurança hídrica para esse território”.

As ações continuam sendo monitoradas pelo WWF-Brasil por meio dos seus parceiros locais, incluindo a atuação de fornecedores, universidades, profissionais contratados e dos estudantes que acompanham o estabelecimento do projeto ao longo do ano.

Dentro do período de três anos, a WWF-Brasil espera a consolidação da restauração ecológica deste ponto com caracterização da floresta nativa e da Área de Proteção Permanente (APP).

Mais sobre a Parceria Cabeceiras do Pantanal

A parceria entre o WWF-Brasil e Instituto Aegea, braço social de uma das maiores empresas de saneamento do Brasil, tem como objetivo a recuperação de áreas degradadas por meio da restauração da vegetação nativa na região das Cabeceiras do Pantanal para a melhoria da qualidade e da disponibilidade hídrica na região. Entre as ações do projeto, estão a realização de diversos estudos e modelagens, o plantio em beiras de rios e nascentes, bem como o fortalecimento de organizações locais para a conservação e restauração da vegetação nativa do Cerrado e a conscientização da sociedade sobre a importância dos recursos naturais.