Em mais um movimento do projeto Cabeceiras do Pantanal, o WWF-Brasil e o Instituto Aegea estiveram presentes no município de Jauru, região sudoeste do Mato Grosso, acompanhando a execução da segunda etapa de restauração florestal na Fazenda Araçatuba.
Esta etapa do restauro está se concentrando em APPs, que são Áreas de Preservação Permanentes, localizadas à montante do Córrego Fortuna, principalmente nos locais onde a erosão do solo está em estágio avançado, formando as voçorocas, que são buracos que ser formam onde a água da chuva retirou a terra.
Estas estruturas são formadas em decorrência da retirada da vegetação ciliar, aquela que fica às margens de rios e córregos, para a criação de gado, provocando o processo erosivo.
Os técnicos agroflorestais iniciaram o trabalho com o cercamento para evitar o pisoteio do gado nessas áreas frágeis e susceptíveis.
Com o apoio dos estudantes do curso de Agronomia da Faculdade UniBRAS Quatro Marcos, da cidade São José do Quatro Marcos, também foram feitas a colocação de barreiras físicas, contenção de pontos de erosão, o preparo do solo e a abertura dos berços, onde foram plantadas 16 espécies diferentes de árvores nativas.
Natural de Jauru, Caio Ferreira Oliveira, estudante de Agronomia, escolheu participar da ação para viver na prática o que vê em teoria na faculdade.
“A gente sofre muito com a falta de água no período de seca e eu sei que essa ação vai nos ajudar bastante para termos água no futuro”.
Para esta região foram escolhidas técnicas de restauro florestal com o uso da adubação verde, onde mudas de espécies nativas do cerrado brasileiro são intercaladas com uma muvuca de sementes, que é um mix de leguminosas fornecidas pela Rede de Sementes do Xingu.
Juliana Assis, analista de Conservação do WFF-Brasil, que atuou na Coordenação do Plantio de Restauração dessa APP, explica a importância dessas parcerias.
“Aqui é uma área prioritária para o WWF-Brasil por ser uma zona de recarga hídrica para abastecimento da cidade. Além do Instituto Aegea, temos parcerias com a Rede de Sementes do Xingu, de indígenas que comercializam sementes nativas. Toda a biodiversidade que estamos inserindo nesse sistema são decorrentes do trabalho dessas comunidades tradicionais e que fortalecem essa restauração”.
Os efeitos já estão sendo percebidos. A Águas de Jauru, concessionária da Aegea, que presta serviços de abastecimento de água tratada e coleta e tratamento do esgoto no município, percebeu melhoria na disponibilidade hídrica nesta estiagem.
“Tivemos o ano de maior seca em Mato Grosso, com altas de temperaturas históricas, porém conseguimos sustentar a operação no município, evitando o desabastecimento. Entendemos que parte disso se deve aos resultados do projeto iniciado no ano passado”, disse Ítalo Souza, diretor-executivo da Águas de Jauru.
“A gente atua não só plantando, mas também recuperando, e isso tudo ajuda a garantir que no período de seca vamos ter água disponível para abastecer a população, com qualidade e disponibilidade”, disse Bruna Sampaio, coordenadora de EHS da concessionária.
Para Maíra Sugawara, coordenadora de Qualidade Ambiental da Aegea, esse projeto consolida o compromisso da empresa com a disponibilidade hídrica nesse bioma.
“Para além de estruturar melhor a cadeia de restauro, desde a catação de sementes à parceria de capacitação do pessoal que vai fazer o plantio, queremos maior biodiversidade conservada na região e preservar os corpos da água, tanto na parte de quantidade, como de qualidade, diminuindo a presença de sedimento e garantindo a segurança hídrica para esse território”.
As ações continuam sendo monitoradas pelo WWF-Brasil por meio dos seus parceiros locais, incluindo a atuação de fornecedores, universidades, profissionais contratados e dos estudantes que acompanham o estabelecimento do projeto ao longo do ano.
Dentro do período de três anos, a WWF-Brasil espera a consolidação da restauração ecológica deste ponto com caracterização da floresta nativa e da Área de Proteção Permanente (APP).
A parceria entre o WWF-Brasil e Instituto Aegea, braço social de uma das maiores empresas de saneamento do Brasil, tem como objetivo a recuperação de áreas degradadas por meio da restauração da vegetação nativa na região das Cabeceiras do Pantanal para a melhoria da qualidade e da disponibilidade hídrica na região. Entre as ações do projeto, estão a realização de diversos estudos e modelagens, o plantio em beiras de rios e nascentes, bem como o fortalecimento de organizações locais para a conservação e restauração da vegetação nativa do Cerrado e a conscientização da sociedade sobre a importância dos recursos naturais.