edição 36 | julho 2022

GLOCAL EXPERIENCE

ATITUDES LOCAIS PARA RESULTADOS GLOBAIS

Maior evento de sustentabilidade do ano discute o futuro do planeta

Evento foi realizado na Marina da Glória, no Rio de Janeiro (RJ).

Texto: Rosiney Bigattão

Os maiores desafios para um planeta sustentável estavam visivelmente distribuídos pelo pavilhão de eventos da Marina da Glória onde se realizou a Glocal Experience. Cubos gigantes, que foram pintados ao vivo nos primeiros dias do evento por 17 artistas, mostraram para as 38 mil pessoas que participaram do evento como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) também são questões que fazem parte do nosso dia a dia. Água potável e saneamento; Erradicação da pobreza; Saúde e bem-estar; Educação de qualidade; Igualdade de gênero; e assim por diante.

Todos os anseios da sociedade estavam ali, em seus quadrados de 2,5 metros, para que ninguém deixasse de ver e de se sensibilizar com os temas e as metas. Um deles, o do ODS 14, Vida na água, teve o patrocínio da Águas do Rio. A meta de conservar os oceanos, mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável ganhou a interpretação de André Rongo, fundador do Museu do Grafitti. Chamado de “Luz no fim do mar”, o grafite traz um jovem de costas, olhando para a riqueza marinha que não vemos.

O futuro passa pela Baía de Guanabara: maior projeto ambiental do Brasil

Passeio virtual pela Baía de Guanabara mostrou o projeto de recuperação da Águas do Rio.

Logo na entrada, um barquinho no estande da Águas do Rio fazia o convite para um mergulho especial: o de ver a Baía de Guanabara, hoje, cena ainda mais triste de ver com as imagens 360° dos óculos de realidade virtual. Mas o melhor do passeio estava logo depois da apresentação inicial e não tem como deixar de se emocionar com o que está por vir com a recuperação que será feita pela concessionária, o maior projeto ambiental do Brasil. A baía, que um dia foi berçário de baleias e golfinhos, vai voltar a respirar. Em cinco anos, a Águas do Rio vai investir R$ 2,7 bilhões na construção dos coletores de esgoto em torno da baía.

O valor chega a R$ 19 bilhões com os investimentos nos sistemas de esgoto nos oito municípios que estão na área de abrangência da empresa, feitos nos primeiros 12 anos. “Para pensarmos em um futuro sustentável temos de agir agora. E é o que estamos fazendo. Seja levando água potável e coleta e tratamento de esgoto, principalmente para áreas mais vulneráveis, ou recuperando córregos, rios e ícones ambientais como a Baía de Guanabara. O acesso ao saneamento básico é essencial para a construção desse futuro que queremos”, afirmou o presidente da Águas do Rio, Alexandre Bianchini.

“O que nos move, como Aegea, é a certeza de ver a Baía de Guanabara despoluída e gerando todas as potencialidades positivas de que esse cartão-postal do Brasil e do mundo é capaz. E o Instituto Aegea estará presente, apoiando este esforço com ações socioambientais que deixem legados de desenvolvimento para as pessoas”, afirma o presidente do Instituto Aegea Édison Carlos, que também é diretor de Sustentabilidade da Aegea.

A imersão no presente para enxergar melhor o futuro

Uma experiência audiovisual fez visitantes refletirem sobre o papel de cada um no futuro do planeta.

Para sensibilizar sobre o papel de todos com o futuro do planeta, o Instituto Aegea e a Águas do Rio levaram também para a Glocal Experience o Projeto Imersão, uma experiência audiovisual em um domo. O vídeo projetado na tenda faz pensar sobre a forma como estamos nos relacionando com o nosso planeta e o que faremos a partir de agora, pois a apresentação faz com que cada um se sinta responsável.

Para chamar a atenção sobre os temas em discussão, instalações e performances. Uma “Onda de Resíduos”, obra feita de materiais reciclados encontrados no mar, chamou a atenção dos visitantes e foi um dos pontos altos das selfies. A intervenção “Eggcident” também foi destaque, apresentando de forma lúdica o tema do aquecimento global, com ovos gigantes estalados e prontos para serem fritos.

Os visitantes encontraram ainda pelo espaço o “Homem Refluxo”, performance do artista Peri Pane. Para conscientizar as pessoas sobre a produção de lixo, ele carrega colado a seu corpo materiais descartados que podem ser reciclados. Estava lá também o “Homem Sustentável”, personagem do performer Francesco D’Avila, que carrega o seu mecanismo de produção de oxigênio.

Circulando entre os estandes da Glocal Experience estavam também líderes comunitários da Região Metropolitana do Rio. Convidados pela Águas do Rio, que acredita no poder de comunicação das comunidades, por meio das equipes de Responsabilidade Social e das superintendências regionais, a concessionária fez a interlocução e indicou distintos públicos para a Glocal, que disponibilizou ônibus para os diversos grupos.

Além de as lideranças, participaram ativamente do evento, estudantes de escolas públicas, idosos, representantes de quilombolas e das comunidades. Depois de todo esse clima, se chegava aos espaços de debates: a Arena de Diálogos e a Conferência. As ideias, as experiências práticas e o que há de mais importante sobre sustentabilidade no país para um planeta mais justo e ambientalmente equilibrado passaram por ali.

O planeta em debate

Mais de 80 horas de palestras com representantes de vários setores da sociedade.

Ao todo, 170 palestrantes usaram os microfones da Conferência para expor suas ideias. Entre eles grandes nomes internacionais ligados à sustentabilidade e a ESG, como Adam Kahame, John Elkington, Shuo Chen e Jeremy Dawkins. Houve a presença também de importantes lideranças indígenas, como Ailton Krenak, Samela Sateré Mawé e Txai Suruí.

Foram mais de 80 horas de palestras das quais participaram também representantes de empresas públicas, privadas, governos, instituições e movimentos populares. Édison Carlos, presidente do Instituto Aegea e diretor de Sustentabilidade da empresa, e Alexandre Bianchini, diretor-presidente da Águas do Rio, representaram a Aegea nos debates.

Artistas de projeção e influência nacional também lideraram conversas no espaço da Arena de Diálogos,  como MV Bill, Leandra Leal, Regina Casé e Douglas Silva. Passaram por ali também empreendedores pioneiros em segmentos como moda, publicidade e produção visual, como Clariza Rosa, Rafaela Pinha, Day Molina e Ana Paula Xongani.

Glocal Experience tem o DNA da Aegea

Édison Carlos, presidente do Instituto Aegea e diretor de Sustentabilidade do grupo, foi um dos palestrantes da Glocal.

“Apoiamos e participamos do evento porque os pilares de sustentabilidade defendidos são os mesmos da Aegea”, explicou Édison Carlos, diretor de Sustentabilidade da Aegea e presidente do Instituto Aegea. “Aqui temos a oportunidade de ver em um único local temas diversos com que a Aegea sempre se preocupou como a água, a resiliência hídrica e o abastecimento para as próximas gerações”, afirmou, em entrevista.

Édison disse que a Aegea também discute clima, diversidade e inclusão. “Por meio do Programa Respeito Dá o Tom discutimos muito a pauta da igualdade racial, aqui se fala sobre planeta, sobre gases de efeito estufa e na Aegea também estamos trabalhando tecnologias que geram menos gases, reúso para o lodo, economia circular, então parece que estamos em uma reunião da Aegea”, disse, em tom de brincadeira.

Alexandre Bianchini, diretor-presidente da Águas do Rio, durante a Glocal Experience.

Segundo Alexandre Bianchini, diretor-presidente da Águas do Rio, a patrocinadora máster do evento, a Glocal Experience, tem o mesmo DNA que a Aegea, pois a principal meta da empresa é cuidar do meio ambiente e da vida das pessoas. “A Glocal traz o novo movimento que está acontecendo no mundo, que é olhar para o meio ambiente, para o saneamento. Eu era praticamente um garoto na Rio 92, estava na faculdade, sonhando com um futuro melhor para o planeta. Estamos aqui 30 anos depois e avançamos muito pouco, agora é o momento em que o mundo está se envolvendo com o problema porque o coração das pessoas está sendo tocado”, disse.

Saneamento em pauta: universalização

O diretor-presidente da Águas do Rio durante a palestra sobre a universalização do saneamento.

Efetividade nas ações de saneamento com integração entre governos, empresas e sociedade civil para levar água tratada e o serviço de coleta e tratamento de esgoto, principalmente para as comunidades mais vulneráveis, deu o tom na discussão sobre a universalização do saneamento no Rio de Janeiro. O diretor-presidente da Águas do Rio foi um dos palestrantes.

Alexandre Bianchini destacou as ações que vêm sendo realizadas nas comunidades, que vão além do acesso à água e a coleta e tratamento de esgoto, levando saúde e dignidade, e geração de renda. Bianchini mencionou também o resultado bem-sucedido na Barreira do Vasco, em São Cristóvão (RJ), uma das primeiras a serem atendidas pela Águas do Rio.

“Iniciamos um processo social que engloba geração de empregos, recuperação e implantação das redes de água e esgoto, educação ambiental e oferecemos a Tarifa Social. As pessoas passaram a ter água tratada nas torneiras e 85% das contas emitidas foram pagas antes do vencimento. Isso demonstra que, quando é feita entrega de qualidade, a sociedade se engaja positivamente”, afirmou.

Trabalho da Águas do Rio destacado pelo CEO do Pacto Global

CEO do Pacto Global da ONU no Brasil, Carlo Pereira.

O trabalho que vem sendo desenvolvido pela Águas do Rio foi destacado pelo CEO do Pacto Global da ONU no Brasil, Carlo Pereira, na abertura da Conferência na Glocal Experience, em 13 de julho. Para ele, estamos vindo numa velocidade bastante interessante no ODS 6 e o novo Marco Legal do Saneamento foi um acelerador, que possibilita uma universalização em 2033, um pouco depois da Agenda 2030, mas que já seria um avanço imensurável no Brasil.

“As empresas de saneamento, quando investem efetivamente numa localidade, promovem uma transformação muito clara. Em poucos meses, a Águas do Rio já gera impactos relevantes. Milhares de pessoas de comunidades foram contratadas, com impacto social direto. No ambiente, tem o exemplo da Praia de Botafogo que, por duas vezes consecutivas, teve a balneabilidade assegurada por conta dos processos que a empresa tem promovido”, disse Carlo Pereira.

Segurança hídrica: foco do Instituto Aegea

Presidente do Instituto Aegea, Édison Carlos, participa de conferência sobre segurança hídrica.

A integração de forças também foi citada durante a conferência “Desafios e oportunidades para a segurança hídrica no Brasil”, que contou com a participação do presidente do Instituto Aegea e diretor de Sustentabilidade da Aegea, Édison Carlos. Para ele, o Brasil tem a água como um ativo estratégico, pois as principais atividades econômicas do país dependem diretamente da disponibilidade deste recurso.

“Os principais produtos de exportação do Brasil, a energia hidrelétrica, tudo isso tem na água a sua base. O agronegócio recebe 60% da água da natureza. Se não colocarmos todos os agentes da sociedade na mesma mesa para discutir a questão hídrica não há como termos um futuro seguro. As empresas do setor de saneamento investem, lógico, mas as ações precisam ser coordenadas”, argumentou.

A responsabilidade de todos e ações têm de começar já

No espaço da Conferência na Glocal Experience, vários alertas foram feitos sobre a urgência de medidas para consumo consciente, cuidados com os mananciais, as florestas e reduzir a emissão de gases que causam o aquecimento global. Também foi ressaltado o papel importante do Brasil neste momento, já que o país ainda tem grandes áreas verdes – que capturam as emissões de carbono – e matriz energética limpa – 85% vêm de fontes renováveis. A Aegea vem trabalhando com este tema em suas unidades. Já utiliza energia limpa, tem programas e ações de eficiência energética e a meta de redução do consumo de energia em 15%, medido em kWh/metro cúbico.

“A Terra é um organismo tão maravilhoso que, mesmo diante de todas as ameaças, vai subsistir a qualquer ameaça nossa. Mas pode decidir nos incluir na lista das espécies em extinção por mau comportamento”, disse o escritor Ailton Krenak, ativista do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas com atuação na Amazônia e reverberação global. “Todos serão impactados, mas os mais vulneráveis sofrerão mais. Conhecemos as soluções tecnológicas, mas vamos precisar mudar a história de uma forma que todos os grandes acontecimentos do século 20 parecerão nada diante do que teremos de fazer”, disse o economista e ambientalista Sérgio Besserman.

A Conferência terminou com a palestra de John Elkington, considerado o “pai” da sustentabilidade e da disseminação do conceito de ESG – foi o primeiro a indicar que consumidores devem escolher produtos ecologicamente saudáveis para ajudar nas questões ambientais. “Estamos em um momento complexo. Muitas indústrias vão morrer, mas teremos ao mesmo tempo um boom de investimentos em empresas com visão ESG”, disse. “O objetivo é criar reflexão. E permitir que cada uma das pessoas pense como elas vão formar o planeta que todos nós desejamos. Fazer pensar que: muito mais importante do que eu, somos nós”, afirma Rodrigo Cordeiro, diretor-geral da Glocal Experience.

Tocar o coração das pessoas

Cubos gigantes mostraram os 17 ODS da Agenda 2030 da ONU.

Segundo Rodrigo, o principal objetivo do evento é tocar a cabeça e o coração das pessoas: é isso que faz com que elas se conectem com os assuntos que podem mudar a realidade. Para ele, o tema da sustentabilidade cada vez mais permeia a sociedade e é preciso fazer com que todos se comprometam.

“As pessoas buscam informações e, muitas vezes, fazem tanta coisa em seus microterritórios que não conseguem perceber o quanto essa ação é representativa no horizonte global. À medida que a gente promove esse encontro entre tantas pessoas diferentes, elas passam a se sentir presentes e parte de um grande mundo”, diz ele.

O evento no Rio foi a primeira fase da Glocal Experience, que é um processo contínuo de eventos até 2030, sempre com interação entre os quatro elementos: arte, tecnologia, cultura e conteúdo com foco em um futuro sustentável em 2030.