edição 37 | 2022 outubro a dezembro

Economia Circular

DESTINO SUSTENTÁVEL DO LODO RENDE PRÊMIO E PRODUTIVIDADE

Aegea recebe Prêmio ECO com projeto de economia circular desenvolvido na Mirante (SP) e amplia os passos da sustentabilidade também na Metrosul (RS).

Aegea investe em economia circular com bons frutos nas unidades da Mirante (SP), na foto acima, com projeto premiado, e na Ambiental Metrosul (RS).

Texto: Aline Cardias, Catarina Lopes e Ude Valentini

Com o projeto “Integrando o lodo no conceito de economia circular na unidade Mirante de Piracicaba”, a Aegea recebeu em agosto o Prêmio ECO 2021/2022. Promovido pela Amcham e Época Negócios, é um dos mais tradicionais ligados à proteção ambiental no país. O projeto da Aegea, que foi analisado por um time de 50 jurados e especialistas, e competiu com 108 iniciativas, é um exemplo de parceria vencedora envolvendo a empresa, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a Esalq/USP.

“Desde 2020 realizamos a secagem do lodo à luz solar, iniciativa que reduz o volume total de lodo gerado nas quatro maiores estações de tratamento de esgoto do município. São aproximadamente 1,2 mil toneladas por mês que deixam de ir para os aterros sanitários”, conta o gerente de Operações da Mirante, Rodrigo Leitão. Ele explica que o processo de compostagem desenvolvido é uma alternativa biológica para o tratamento do lodo, propondo uma disposição sustentável como fertilizante na agricultura. “As iniciativas da Mirante visam reduzir os impactos ambientais das operações das ETEs, buscando soluções cada vez mais comprometidas com as políticas de ESG da Aegea”, afirma.

Ainda no caso do potencial do lodo das estações de tratamento, a Aegea investe em diversas pesquisas buscando verificar o aproveitamento energético do material. Uma delas é a “Plataforma de inovação para geração de energia a partir do hidrogênio usando fontes renováveis”, em parceria com Faperj/UFF. Por meio da pesquisa, é investigada a possibilidade de obtenção do bio-óleo e a incineração do material como fontes de energia em comparação às alternativas convencionais, evitando o descarte do lodo no meio ambiente. Outros usos de compostos à base de lodo são a fabricação de argamassas, cimento, tijolos, no tratamento de águas de baixa turbidez e na recuperação de coagulantes de controle do gás sulfeto de hidrogênio, o H2S.

Silvia Letícia Tesseroli, diretora-presidente da Parceria Público-Privada Mirante (SP), destaca que o projeto é parte de um seleto grupo de iniciativas inovadoras e inspiradoras em sustentabilidade desenvolvidas pela unidade. “O projeto do lodo integrado à economia circular contribui para inspirar o desenvolvimento de práticas sustentáveis no saneamento, além de deixar um legado positivo para a população. Ele foi desenvolvido por colaboradores da empresa, a comunidade e pesquisadores locais, então ficamos muito honrados com a premiação”, disse a diretora-presidente da Mirante.

Ambiental Metrosul (RS) faz compostagem a partir do lodo e está construindo um centro de compostagem.

Destino sustentável a 100% do lodo gerado na ETE Mato Grande

Já no Rio Grande do Sul, a Ambiental Metrosul dá destino sustentável a 100% do lodo gerado na ETE Mato Grande, em Canoas, e firma parcerias para que o resíduo transformado em fertilizante germine novos frutos de sustentabilidade. Atualmente, o processo de tratamento de esgoto na estação – uma das principais ETEs do sistema administrado pela Metrosul – gera, mensalmente, em torno de 600 toneladas do material e todo o volume está sendo reaproveitado em compostagem orgânica pela Ecocitrus, empresa que atende 100 agricultores familiares. A iniciativa reforça os esforços da Ambiental Metrosul em reduzir a utilização dos aterros sanitários como destino final do lodo e o seu comprometimento com a preservação ambiental, um dos pilares que norteiam a atuação.

Conforme o gerente de Operações da empresa, Stenio Cangussu, “o efluente é rico em nutrientes, e com o seu aproveitamento por meio da compostagem cumprimos o ciclo ambiental dando uma destinação limpa e sustentável ao resíduo gerado pelas 170 piscinas olímpicas de esgoto que são tratadas ao mês no município, deixando de poluir o meio ambiente”, comenta. Neste sentido, na ETE Mato Grande está sendo projetado um centro de compostagem próprio que também vai transformar o lodo em material orgânico. Um dos destinos do composto será a doação a pequenos produtores agrícolas por meio de parcerias com ONGs voltadas à agricultura familiar na Região Metropolitana de Porto Alegre. “Nosso objetivo é que, em médio prazo, a maior parte do lodo gerado nas estações de tratamento nos nove municípios atendidos pela empresa seja reaproveitada no nosso centro de compostagem”, destaca Stenio.

Estufa vai garantir mais eficiência e qualidade na compostagem

A cobertura que está sendo implantada nos três leitos de secagem da ETE vai evitar que o lodo tenha contato com condições climáticas desfavoráveis para o processo, principalmente a chuva. Isso permitirá que ele deságue mais rápido e alcance, em menos tempo, o nível de umidade ideal para a compostagem (entre 50 e 60%). O lodo que sai do tanque de decantação para os leitos é de aproximadamente 85%, quase líquido. A coordenadora de Meio Ambiente da Metrosul, Fernanda Cenci, comenta que a compostagem exige lodo em estado semissólido, mais pastoso, e com a estufa se obtém o ponto ideal mais rápido, tornando o processo mais dinâmico e eficiente. 

“A estrutura vai permitir maior controle operacional do resíduo, pois sem a interferência da chuva saberemos o tempo exato de permanência do lodo no leito de secagem para alcançar o grau de umidade ideal”, afirma. Ela complementa, ainda, que o fato de a cobertura ser transparente torna o processo ainda mais eficiente, pois não impede a passagem dos raios solares. A Ambiental Metrosul também firmará convênios com universidades para o desenvolvimento de pesquisas com foco em novos usos do lodo além do fertilizante, como o biogás, por exemplo, e outras possibilidades que diminuam e até mesmo eliminem a utilização de aterros sanitários para destinação final do resíduo.

Édison Carlos, presidente do Instituto Aegea e diretor de Sustentabilidade da empresa, e Silvia Letícia Tesseroli, diretora-presidente das unidades da Aegea no interior de São Paulo, recebem Prêmio ECO pelo projeto desenvolvido na Mirante (SP).

Sustentabilidade faz parte do DNA da Aegea

Esses projetos são possíveis graças ao modelo de negócio da Aegea, que tem como focos a eficiência operacional, a universalização dos serviços de saneamento e investimentos responsáveis, sempre alinhados aos princípios ESG. O presidente do Instituto Aegea e diretor de Sustentabilidade da companhia, Édison Carlos, ressalta que as iniciativas são parte do compromisso da empresa com a qualidade do meio ambiente. “A Aegea tem um forte compromisso com os pilares ESG, então é uma alegria ver o reconhecimento de especialistas num projeto que não apenas trata o lodo, como o transforma em um material produtivo, conceito da economia circular, e saber que a iniciativa já está rendendo diversos frutos sustentáveis e inspirando projetos como o que está sendo desenvolvido por outras unidades, como a Ambiental Metrosul”, disse.

Leia mais sobre os prêmios recebidos pela Aegea na Matéria de Capa.