A sensação de que as coisas acontecem com mais rapidez do que há alguns anos é tão comum que tem nome: VUCA, um acrônimo criado para traduzir toda a aceleração e complexidade do mundo em que vivemos. É a representação da volatilidade e mudança recorrente: V de volatilidade, as grandes mudanças em curto espaço de tempo; U de uncertainty, incerteza, a dificuldade de fazer previsões e definir padrões a serem seguidos; C de complexidade, pois todos os lados precisam ser ponderados e analisados; e A de ambiguidade, situações com muitas informações, tornando as decisões mais complexas.
“Com o turbilhão do dia a dia e a quantidade imensa de informações – a humanidade nunca teve tanto conteúdo para absorver em tão pouco tempo –, com todas as variáveis que temos de lidar, fica difícil saber o que é certo, o que é errado. Em tecnologia, estamos falando em inteligência artificial (IA), IA generativa, computação quântica, hiperautomação, entre outras. Em contrapartida, temos duas guerras acontecendo, um cenário econômico com muitos desafios, uma grande polaridade, com direita e esquerda ressaltadas, tudo isso torna o nosso mundo muito complexo”, afirma o diretor de Tecnologia da Aegea, Eduardo Mendes.
“Vivemos em um mundo que é extremamente flexível, qualquer profissional, independente da idade, tem de estar muito aberto a ouvir e a entender as pessoas à sua volta.”
Segundo ele, a complexidade traz a incerteza, que traz volatilidade. Sem uma base sólida de conhecimento, o aprendizado oscila a cada hora para um lado, o que gera ambiguidade. “Quando analisamos o ecossistema empresarial, percebemos que o mundo VUCA é muito forte. A Aegea, pela natureza da empresa, de sempre apostar em jovens talentos, e seu setor de atuação são menos suscetíveis a ele. Não significa que deva ser ignorado, pois afeta as pessoas”, afirma.
“Se analisarmos as quatro revoluções industriais, vamos perceber que o período entre elas está cada vez menor, então, temos revolucionado de maneira mais rápida do que no passado. Quem estiver disposto a ouvir, a entender e a quebrar paradigmas e preconceitos terá uma chance muito maior de se adaptar a este novo mundo”, diz.
Outro aspecto, segundo o diretor, é que na Aegea, em função do crescimento acelerado, vive o constante desafio de se adaptar às mudanças, pois a empresa constantemente tem novos profissionais, novas cidades e novos desafios.
“Um ponto bastante positivo na Aegea perante isso é que ela aposta muito nos jovens, o que facilita para ela se adaptar às inovações, pois eles são mais puros em suas crenças e seus conceitos. Por não terem criado preconceitos, são muito mais adaptáveis às mudanças que o pessoal mais experiente”, contextualiza.
Para ele, a aposta no Programa de Trainee, mantendo sempre uma faixa jovem próxima à alta direção, ajuda a compreender esse mundo VUCA, para que a empresa se adapte a ele mais rápido. “É um grande diferencial que a Aegea tem. Na maioria das empresas, os trainees ficam ligados aos gerentes, analistas sênior e coordenadores, enfim, à média gerência. Na Aegea, estão mais ligados à alta liderança, à diretoria, e esse tem sido um grande diferencial desse programa, pois a absorção de conhecimento e a adaptação à cultura é feita em um curto espaço de tempo”, afirma.
“Outro ponto positivo é a mescla entre os jovens e profissionais seniores, onde os jovens entram com o vigor, trazendo uma visão mais ampla e ideias novas. O pessoal mais sênior contribui com toda a história, a cultura e as lições aprendidas nos mais de 13 anos da Aegea”.
Focando todo mundo junto, estando predispostos a ouvir e a entender, o resultado é o equilíbrio, e isso tem sido feito de uma forma muito cadenciada dentro da Aegea, de maneira saudável.
“Nos últimos cinco anos, avançamos bastante no saneamento, não só a Aegea, mas o setor como um todo, e de uma forma muito mais acelerada que antes. Esta aceleração não só é fruto da tecnologia disponível, mas também dos esforços da sociedade, que despertou para a importância dos serviços, principalmente com o Marco Regulatório.
“Saneamento tem a ver com seres humanos que precisam ter condições mínimas de dignidade para viver em suas casas. Por isso continuaremos a acelerar o processo, pois, apesar de termos muita tecnologia disponível, nem todos tiveram a oportunidade de extrair os benefícios dessas evoluções.”
Um dos eixos de trabalho da Aegea em 2024 será a resiliência do negócio, segundo o diretor de Tecnologia. “Quanto mais eu aposto em tecnologia, quanto mais eu automatizo, mais cuidado tenho de ter com essas plataformas sistêmicas, pois também me torno mais vulnerável a possíveis ataques cibernéticos e erros de sistemas, então a resiliência tecnológica continua sendo nossa principal preocupação”, diz.
Outro aspecto importante serão as ferramentas de produtividade. “Não precisa necessariamente ser inteligência artificial, temos várias que visam tirar do colaborador aquela carga de trabalho repetitivo para que ele invista mais tempo em atividades de alto valor agregado, então vamos trabalhar para ser mais produtivos em todas as instâncias”, afirma.
O terceiro tripé de atuação da Diretoria de Tecnologia será o cuidado com os clientes finais, os mais de 31 milhões de pessoas que a Aegea atende.
“Como eu atendo de uma forma mais personalizada, como atender melhor as necessidades dele, fazendo da Aegea uma parceira na vida dessa pessoa? Estes são os três temas a que vamos prestar mais atenção: resiliência tecnológica, produtividade e proximidade com as pessoas.”
“Estamos melhorando todos os canais de comunicação para entender com maior clareza as necessidades dos clientes. O Brasil é muito grande, uma Europa inteira dentro de um único país, então a busca é por ferramentas para entender as brasicidades da forma como elas são. Assim, seremos uma Aegea muito mais próxima e mais particular em cada região, superando as distâncias físicas e culturais, entendendo as particularidades de cada um”, afirma.
Outro ponto forte na atuação é se preparar melhor para enfrentar as mudanças climáticas. “Estamos tendo fenômenos extremos, como os rios da Amazônia com níveis muito baixos, Manaus com problemas de seca em 2023 e este ano começou com muita enchente, chuvas intensas na Região Sul. Diante disso, estamos trabalhando para garantir o atendimento, se adaptando ao cenário atual para tornar a Aegea mais resiliente quanto aos recursos hídricos a fim de continuar provendo o abastecimento de água e esgoto para todos os clientes”, diz.
“É o ano da gente olhar para dentro de casa, perceber como cada um faz as coisas e pensar se não há uma maneira mais produtiva, mais eficiente de fazer esse trabalho e aí buscar ferramentas tecnológicas para ter esse ganho esperado.”
Para o diretor Eduardo Mendes, a dica é: entenda onde você precisa de ajuda. “O assunto da vez é a inteligência artificial, tem sido feita muita divulgação sobre o assunto. A questão é que ela é mais uma ferramenta, não significa que todo mundo precisa usar. O importante é conhecer para formar uma opinião, saber se ela pode te ajudar e como. O que me preocupa é a maneira como isso está sendo veiculado. Primeiro: tem muitos cursos diferentes, pessoas capacitadas dando palestras, mas também tem gente surfando a onda e, quando vai ver, não tem conteúdo aplicável, coerente”, afirma.
Mendes lembra que ainda se discute uma regulamentação para a IA, o que pode ser criado ou não pela inteligência artificial. “Eu vejo muitas pessoas colocando dados pessoais em plataformas de inteligência artificial, isso é muito perigoso, temos de aprender sobre o assunto e decidir como usar. Tecnologia é ferramenta, temos muitos modelos disponíveis. Não só na empresa, mas também fora, que facilitam o nosso dia a dia e trazem oportunidades para termos mais proatividade”, diz.
“Minha dica é que as pessoas aprendam sobre essas ferramentas, olhem para o seu dia a dia e pensem se há uma forma diferente, mais produtiva de fazer a mesma tarefa. E aí sim buscar soluções para ter esse ganho de produtividade para a empresa e para nossa jornada. E tomar cuidado com tudo o que é divulgado no mercado – nem tudo é o que parece, precisa ser criterioso quando a gente está olhando os cursos e as matérias sobre novos recursos”, conta ele.
Segundo alguns teóricos, o mundo VUCA já não traduz o que estamos vivenciando. Para eles, a volatilidade e a mudança recorrente em curto espaço de tempo, as incertezas, a complexidade e a ambiguidade não são suficientes para nos ajudar a entender a forma como os acontecimentos se dão.
Eles apontam para a evolução no termo, de VUCA para BANI, um paradigma sintetizado em brittle (frágil), anxious (ansioso), nonlinear (não linear) e incomprehensible (incompreensível). O mundo BANI não é algo que substitui o VUCA, é uma evolução dele: a volatilidade traz uma configuração de estruturas frágeis; as incertezas geram ansiedade; a complexidade deu lugar à não linearidade; e a ambiguidade pode tornar as coisas incompreensíveis.
O criador do novo acrônimo, o antropólogo Jamais Cascio, em uma reportagem da Você S.A., aponta inspiração para cada um dos conceitos. Os comportamentos desejados da cultura Aegea também são inspiradores: para a fragilidade, use resiliência. Ansiedade requer empatia, atenção plena e positividade. A não linearidade requer flexibilidade, capacidade de adaptação e conhecimento do contexto. O cenário incompreensível vai deixar de ser com clareza, intuição e senso de dono, além da empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro.
O diretor de Tecnologia indica alguns sites e profissionais que valem a pena visitar e/ou assistir às palestras para quem quer conhecer mais sobre inteligência artificial.
“Em um conceito mais executivo, indico o Vinicius Cezar, CEO da Redcore, empresa de Consultoria Estratégica de Inteligência Artificial”, orienta Eduardo Mendes. O linkedin é: https://www.linkedin.com/company/redcore-ai.
“Para cursos mais técnicos na internet, com bons conteúdos e sem custos, tem estes três, abaixo. Vale sempre estar de olho nos sites das grandes empresas como Microsoft, Google e AWS, que lideram esta jornada”, indica Eduardo Mendes.