edição 36 | julho 2022

SANEAMENTO EM FOCO

Grandes fóruns mostram importância que o tema ganhou na sociedade

Museu do Amanhã debateu temas ligados ao saneamento.

Parceria com o Instituto Aegea e Águas do Rio viabilizou debates.

Texto: Lívia Andrade e Yolanda Carnevale

O setor vital para a saúde, dignidade e qualidade de vida das pessoas finalmente está deixando a posição de segundo plano para ocupar o centro de grandes fóruns nacionais e internacionais. O novo Marco Legal do Saneamento, que estabelece que, até 2033, 99% da população brasileira tenha acesso a água potável e 90% a coleta e tratamento de esgoto, impulsionou as discussões sobre os desafios para atingir metas tão ousadas. Neste cenário, o Instituto Aegea e a Águas do Rio têm sido o foco das atenções, principalmente com a realização da Glocal Experience, tema da Matéria Especial desta edição. Mas outros eventos têm chamado a atenção.

Desde maio, cinco grandes eventos foram realizados e contaram com a participação ativa do Instituto Aegea e da Águas do Rio. Entre eles o Brazil Water Week, um dos maiores eventos internacionais sobre saneamento, promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes). O ponto central foi o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6, estabelecido pela ONU – Água potável e saneamento para todos: garantir a disponibilidade e a gestão sustentável.

Alexandre Bianchini, diretor-presidente da Águas do Rio, durante painel.

Na sessão de abertura, o secretário nacional de Saneamento, Pedro Maranhão, destacou: “O saneamento hoje está na discussão do Brasil inteiro e isso é muito importante, porque cada vez mais sensibiliza a sociedade e os gestores para a importância desses serviços”.

O diretor-presidente da Águas do Rio, Alexandre Bianchini, dividindo um painel com representantes do Banco Mundial, da Sabesp e Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), destacou a importância de todos estarem voltados para o mesmo objetivo.

“Quando o mundo luta por uma causa consegue dar uma resposta muito efetiva. Com o evento da pandemia, o planeta se mobilizou e conseguiu produzir a vacina em tempo recorde. Esse mesmo movimento tem de ocorrer em relação ao saneamento. Desde que o homem existe ele morre pelo consumo de água imprópria ou pelo contato com esgoto sem tratamento. Mesmo assim esse assunto sempre foi colocado em segundo plano. Agora, há uma outra perspectiva e o Estado do Rio já está vivendo uma transformação com a água tratada chegando às comunidades de baixa renda”, disse Bianchini.

Diálogos sobre meio ambiente no Museu do Amanhã

Museu do Amanhã trouxe o saneamento para os Diálogos Ambientais.

Os eventos são oportunidades de reunir profissionais das comunidades acadêmica e técnica do país e do mundo, a sociedade civil e governamental, possibilitando a troca de experiências, boas práticas aplicadas e reflexões. O Museu do Amanhã, um dos mais importantes do Brasil, também abriu as portas para o tema e promoveu a série de palestras “Diálogos Ambientais”, com patrocínio do Instituto Aegea e da Águas do Rio.

Segundo a diretora-executiva do museu, Maria Garibaldi, o objetivo foi ampliar as vozes que pesquisam, vivem e cuidam do meio ambiente. “Estamos às margens da Baía de Guanabara e entendemos ser uma obrigação nos perguntar o que fazemos pelo nosso vizinho? Então, nada mais natural do que ver o trabalho que está sendo feito pela Águas do Rio e estabelecer parcerias para recuperar esse ecossistema. Estamos juntos nesta causa”, comentou.

Congresso global sobre economia verde

Alexandre Bianchini no Congresso Mercado Global de Carbono.

Alexandre Bianchini foi um dos mais de 100 palestrantes, entre ministros e líderes de grandes corporações nacionais e internacionais, do Congresso Mercado Global de Carbono, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente. Com a proposta de conectar estratégias corporativas e impulsionar a economia verde no Brasil, os debates abordaram as tendências do mercado de carbono, com temas como cidades inteligentes, infraestrutura verde e matriz energética limpa.

Na plenária, Bianchini destacou as ações da Aegea para a neutralização da pegada do carbono nas atividades do saneamento, principalmente no tratamento de esgoto, e que mais de 94% da energia consumida hoje nas concessionárias do grupo já é limpa. Ele ressaltou ainda o compromisso da Aegea, atrelado a títulos verdes, em reduzir o consumo de energia em 15%.

Presente ao congresso, o presidente do Instituto Aegea, Édison Carlos, que é também o diretor de Sustentabilidade da empresa, disse que a Aegea busca um futuro sustentável e que, portanto, tem a responsabilidade de propor e conduzir discussões e iniciativas por infraestruturas que busquem um maior equilíbrio entre o desenvolvimento socioeconômico e um meio ambiente saudável.

Uma das principais vozes na área de saneamento, Édison comemora este momento do setor. “A partir da nova legislação, todos os municípios e concessionárias possuem uma única meta de universalização dos serviços. Isso, combinado ao novo papel da ANA pela regulação, ao esforço de prefeitos e governadores pela formação de blocos regionais, a novos leilões e concessões e mais parcerias entre empresas públicas e privadas, cria um ambiente propício para reverter esse déficit histórico do Brasil”, comentou Édison Carlos.

Édison explicou ainda a motivação para que o Rio de Janeiro seja constantemente citado como exemplo desse avanço: “Neste contexto, resolver o problema de água e esgoto no Estado do Rio de Janeiro pode ser considerado o ícone deste novo momento. A Aegea e a Águas do Rio, atuando pela população do Rio e despoluição de seus cartões-postais, com destaque para a Baía de Guanabara, são símbolos da esperança de que em breve teremos um país onde todos terão acesso ao básico”, afirmou.

Papel das empresas de saneamento na pauta ESG

Texto: Rosiney Bigattão

Com executivos e apoio da Aegea, o segundo ESG Summit 2022, da Exame – Empresas e Negócios Responsáveis, discutiu os rumos da agenda ambiental, social e de governança do Brasil e global. De forma virtual e gratuita, o evento fez uma ampla reflexão para tentar responder a questões como tornar o mundo um lugar com mais igualdade racial, com atividades de menor impacto ambiental e superar os desafios ambientais e sociais, gerando desenvolvimento ao mesmo tempo.

A Aegea mostrou a atuação de uma empresa de saneamento na pauta ESG. Foram realizados três encontros em que cientistas, especialistas, executivos e profissionais dos mais variados setores trocam experiências para que as mudanças necessárias possam acontecer. No primeiro, em 8 de junho, os painéis debateram a Agenda 2030, a economia circular, o papel do setor privado no combate às mudanças climáticas, os investimentos de impacto para resolver problemas sociais e ambientais e a era do baixo carbono.

Na segunda rodada de painéis, em 15 de junho, a diretora de Gestão de Pessoas da Aegea, Fabianna Strozzi, abordou os temas: Equidade Racial e Pauta ESG. Falou da experiência da Aegea na busca de mais igualdade e oportunidades para todos, independente da cor da pele, e do trabalho constante da agenda ESG. Um trabalho que acontece por meio do Programa Respeito Dá o Tom e da Academia Aegea de forma transversal em todas as áreas da empresa.

O presidente do Instituto Aegea participou do ESG Summit 2022 da Exame no último encontro, em 22 de junho. Ele participou do painel: Redefinindo o Papel das Empresas, que focou nas conquistas da Aegea na ampla agenda das boas práticas ambientais, sociais e governamentais. A moderação foi de Rodrigo Caetano, editor ESG na Exame. Para assistir aos vídeos do evento, clique aqui.

Lagoa de Araruama é destaque em seminário no Rio

Trabalho desenvolvido pela Prolagos para recuperação da Lagoa de Araruama é destaque em seminário sobre Coleta em Tempo Seco.

Texto: Janaína Novellino

Recordes de pescado; retorno de cavalos-marinhos, animais sensíveis que não sobrevivem em ambientes poluídos; e atividade turística aquecida. Todas estas conquistas estão relacionadas a um cenário específico na Região dos Lagos: a Lagoa de Araruama. A recuperação da qualidade ambiental da maior laguna hipersalina em estado permanente do mundo chamou a atenção de especialistas e se tornou um dos temas abordados no 1º Seminário de Saneamento e Meio Ambiente, promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção Rio de Janeiro (Abes Rio), que teve como foco o sistema de “Captação em Tempo Seco”.

“Nossa intenção foi trazer cases já existentes no Brasil, mostrar as perspectivas de quem opera, os desafios e o planejamento para os próximos anos, desmistificando o tema, trazendo esclarecimento para a população e entendimento para os setores correlatos”, ressalta o presidente da Abes, Miguel Alvarenga Fernández y Fernández.

O encontro contou com a participação do diretor-presidente da Prolagos, Pedro Freitas, que palestrou sobre como o tratamento de coleta em tempo seco tem contribuído para a melhoria gradativa da qualidade ambiental da Lagoa de Araruama. “O tempo seco foi a solução mais rápida e assertiva da sociedade para a recuperação da lagoa. Os investimentos feitos pela Prolagos estão proporcionando a construção de um legado ambiental para a Região dos Lagos, que também se reflete na geração de renda e no desenvolvimento turístico local”, pontua Pedro Freitas.

O antes e o depois da Lagoa de Araruama

Em 1998, quando a Prolagos assumiu os serviços de saneamento nas cidades de Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia, todo o esgoto in natura era despejado na Lagoa de Araruama e nas praias. A laguna estava em avançado estado de degradação ambiental. Para ajudar na sua recuperação, a sociedade civil organizada solicitou a mudança do contrato, propondo que as concessionárias que atuam na Região dos Lagos antecipassem os investimentos em esgoto e aderissem ao sistema de captação em tempo seco, no qual o esgoto que corre pela drenagem pluvial é desviado para coletores e o resíduo, transportado para as estações de tratamento, retornando para o meio ambiente dentro dos padrões ambientais.

Com a mudança aprovada pelo poder concedente, Ministério Público e pela Agência Reguladora (Agenersa), o índice de atendimento em esgotamento sanitário saltou de 0 para 80,12% e todo esgoto coletado é tratado. Além disso, a concessionária construiu 50 km de rede coletora, que atua como cinturões, blindando a laguna e captando o esgoto que chega pela rede de drenagem. “Iremos investir mais de R$ 50 milhões, que serão destinados à implantação de 26 km de rede coletora, concluindo o cinturão que blinda a laguna dos esgotos que saem dos imóveis”, explicou o diretor-presidente da Prolagos.

A obra acontecerá nas cidades de Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia. O primeiro local a receber a implantação, em julho deste ano, é Ubás, em Iguaba Grande. Também fazem parte do cronograma os bairros: Praia do Siqueira, Recanto das Dunas, Vila do Sol, Jacaré e Porto do Carro, em Cabo Frio; e Vinhateiro, Baixo Grande, Nova São Pedro e Campo Redondo, em São Pedro da Aldeia.