EDIÇÃO 42 - 3º TRIMESTRE - 2024

ENTREVISTA

14 anos da Aegea

A essência que nos move

Radamés Casseb, CEO da Aegea.

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Texto: Rosiney Bigattão

De que forma os 14 anos da Aegea vão contribuir para a construção do futuro?

A cada ano que passa a Aegea vem construindo uma história de sucesso em torno dessa ideia de prestação de serviços qualificada, de valores que nos sustentam, do processo de escolha, de buscar externalidades amplas que viram legados, enfim, vem aumentando o ecossistema de confiança que gira em torno da companhia, na medida em que cada um de nós leva o legado de conhecimento onde quer que esteja, como um repositório vivo de nossos aprendizados. É a nossa essência que nos trouxe até aqui e vai contribuir para cumprir a nossa ambição, não de sermos a maior empresa de saneamento, mas a melhor. Afinal, estamos falando de 15 estados, mais de 500 municípios, mais de 500 prefeitos, mais de 500 ex-prefeitos, vereadores, ex-vereadores, é uma dinâmica sofisticada, estamos alimentando a confiança com nossos clientes e, quando tivermos problemas, vamos enfrentá-los, seja atravessando a Baía de Guanabara com uma centena de caminhões-pipa para não deixar uma comunidade sem água, ou antecipando um contrato. Porque a Aegea vai além da conta, mesmo. E é isso que faz com que essa trajetória de crescimento gere prosperidade compartilhada, e esta jornada está só começando, pois ainda somos um bebê empresarial. Temos a oportunidade de construir um legado que dure 100 anos, para que tenhamos sustentabilidade de ser percebidos de forma longeva. Quer mais sinérgico do que esta expectativa de trabalhar com natureza, com pessoas, ajudar as cidades a se desenvolverem? Este é o fundamento do nosso papel. Sem esquecer, é claro, dos resultados, da geração de valor. Estamos sempre em torno do nosso propósito, para financiá-lo, ampliando o ecossistema de confiança em torno dessa crença. É isso que permite que uma empresa cresça mais de 30% ao ano em geração de EBITDA, como a Aegea tem feito nos últimos 14 anos. Isso é sem precedentes no Brasil. E tem muito ainda para acontecer no Brasil, esperamos continuar fazendo parte desta história de transformação.

Como será o próximo quinquênio para a Aegea?

A palavra do quinquênio é “performance”. Temos ativos relevantes e jovens. Precisamos olhar a preocupação ambiental, acompanhar as mudanças e polarizações geopolíticas, estar atentos às expectativas dos formadores de opinião, da população vulnerável dos locais onde a gente atua, para nos posicionarmos de forma a conduzir nossa equipe na jornada em segurança, preservando a integridade do nosso negócio. É contratar melhor, é alocar capital melhor, é selecionar o melhor time para estar ao nosso lado a fim de garantir que cada atividade seja executada de forma íntegra, que está alinhada com o compromisso fechado no planejamento quinquenal, revisto no rolling a cada três meses e cada um fazendo a sua parte, pois a gestão da companhia está com cada colaborador, nas mais de 500 cidades. Nesse processo, a Cultura Aegea tem um papel fundamental, cada um dos comportamentos desejados – o senso de dono de cada integrante do ecossistema Aegea é que vai garantir essa travessia segura.

Vem mais crescimento pela frente, então?

Estamos liderando uma transformação, trabalhando para contribuir com a universalização, conscientes da responsabilidade do lugar que conquistamos no mercado, o que representamos na jornada de prestação de serviço público. Quero lembrar que a Aegea nunca quis ser a maior empresa de saneamento, mas sempre quis ser referência em gerir, em buscar resultado qualificado, e ser referência é dar exemplo daquilo em que a gente acredita. Estar maior hoje é transitório, o mercado vai mudar muito nas próximas décadas, mas a ambição continua a de ser uma empresa de referência, onde as pessoas busquem as melhores práticas, os melhores profissionais, onde estejam compartilhados os mesmos valores e crenças de futuro, são os valores que movem a busca pela nossa missão, pelo nosso propósito.

A sociedade está consciente da transformação que a universalização vai fazer?

Acredito que não, a jornada intensa de alocação de capital em investimento e ampliação de redes, conexões, estações de tratamento vai gerar um impacto de transformação nas cidades. Estamos falando em 10 anos, em 50 bilhões de reais, de um patamar de novas ligações, sempre focando na próxima casa. Desenvolver fornecedores, se relacionar com os prestadores de materiais, criar um ambiente íntegro, de cuidado com o trabalhador, de condições de segurança, como agentes de propagação desse resultado além da companhia. Imagina o quanto podemos influenciar pelo exemplo coisas que serão legado para as famílias das pessoas. Tudo isso gerando sustentabilidade econômica e oportunidade para que cada profissional da Aegea possa se desenvolver como pessoa. Quando chegarmos a 1.000 cidades, quando as doenças de veiculação hídrica começarem a ser eliminadas porque a cobertura do esgoto atingiu um patamar sem volta, a transformação e o legado vão ser percebidos de forma mais intensa pelos brasileiros.

Em relação ao cenário brasileiro, quais os desafios?

No Brasil vivemos em um mundo polarizado como acontece no cenário internacional, somos prestadores de serviços, não somos políticos. Nossa busca é por ampliar a base de serviços, de aumentar a satisfação dos clientes, de ligar a próxima casa mais cedo, de deixar um legado socioambiental onde a gente atua por meio de uma relação continuada com a comunidade, duradoura, relacional, queremos ser percebidos pelo legado das nossas decisões, aquilo de eu vou fazer! Mas estamos em um ano eleitoral e o acirramento da política, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, está explorando um conjunto de expectativas da massa de clientes. Os votos são a representação da opinião pública dos nossos clientes. Ao invés de escolher um lado, como gestores atentos deveríamos entender qual a raiz daquela angústia e onde nós, como prestadores de serviços, podemos melhorar, ampliar, adaptar ou fazer algum ajuste para sermos percebidos melhor, para entregar mais cedo e para surpreender, mas também rentabilizar a alocação do capital. Decisões que tomamos todo dia.

Qual a dica para quem está chegando à empresa?

A evolução dos compromissos necessita de um olhar consolidado, é preciso fazer um exercício diário: como está a saúde do nosso ecossistema, a nossa alavancagem financeira, a nossa inadimplência? Estamos escolhendo o investimento a ser feito porque a gente deseja ou porque ele é necessário? Se é o necessário, qual é o mais adequado para deixar um legado social e ambiental ao custo que encaixe dentro de uma jornada que pretende ser centenária? Esse exercício simples vai permitir nossa jornada de aprendizados. Depois que passar a primeira fase dos investimentos, a licença social é que será o elo de relacionamento continuado com os stakeholders nos ambientes onde a gente atua. Vamos garantir que isso esteja de forma disciplinada e constante, retroalimentando a leitura de cenário para o nosso posicionamento e que isso vire alavanca de geração de valor. Com o fortalecimento do Instituto Aegea, ele se torna um vértice para refletir um comportamento empresarial. É cada vez mais importante que a Aegea seja vista não como uma agremiação de unidades, mas como uma ideia forte, poderosa, que ocupou o corpo de uma companhia que se espalha por onde as pessoas que acreditam nessa ideia atuam. A licença social é a representação viva desse exercício.

Quais os projetos futuros que a empresa pretende alcançar?

Reforço que vamos continuar rumo à maturidade. A cada ano que passa a companhia tem, em torno dessa ideia de prestação de serviços qualificada, de valores que nos sustentam, no processo de escolha, de buscar externalidades amplas, que viram legados, construindo uma história de sucesso, aumentando o ecossistema de confiança que gira em torno da companhia, na medida em que cada um de nós leva o legado de conhecimento onde quer que esteja, como um repositório vivo de nossos aprendizados.

Como manter a essência da companhia?

Fortalecendo a nossa cultura, que tem uma força incrível e está expressa em nossa mandala e nos comportamentos desejados. Para isso o MOA nasceu, o Modelo Operacional Aegea é que vai garantir que os nossos aprendizados, a maneira como tomamos decisões, como agimos nos momentos de crise, os históricos, os estudos de caso sobre cada evento relevante sejam guardados, estudados e disponíveis a qualquer tempo na reflexão dos novos desafios. Para garantir que o legado de aprendizados continue a ser replicado, a Academia Aegea está constituindo de maneira intensa plataformas de desenvolvimento, revisando os Planos de Desenvolvimento Individuais, então tem uma jornada de ampliação de parceiros para equalizar os gaps estruturais e pessoais do desenvolvimento dos nossos líderes. Estamos fortalecendo cada um dos aspectos do atendimento, como a jornada do cliente, que está exigindo bastante de cada um de nós e vai exigir ainda mais nos próximos anos. E a gente deseja estar disponível para ajudar na capacitação de cada um para suportar este momento da Aegea. Nós estamos falando aqui de uma companhia de pessoas servindo a pessoas que tem a ambição de deixar um legado de exemplo, sustentável o suficiente para continuar crescendo.

É uma estrutura complexa, como ela funciona na prática?

O nosso modelo de negócio, que busca suportar a atuação do diretor-presidente e o diretor-executivo, que estão no centro do círculo, pilotando o modelo, é suportado pela Academia Aegea e pelos centros de serviços como Engenharia, Administração, Call Center e Tecnologia, para que os processos ganhem mais vitalidade, mais precisão e qualidade; a área Financeira provendo estrutura de capital adequada para que nosso atendimento continue acontecendo a tempo, retroalimentando o nosso conhecimento de soluções no jeito Aegea de escolher, gerando a nossa engenharia do proprietário cada vez mais robusta, tudo isso construído em cima de comportamentos e valores que escolhemos e estão representados na nossa mandala. Tudo isso construído em cima de pessoas e é um processo intenso, vivo, dinâmico. São esses valores que nos trouxeram até aqui e vão continuar nos impulsionando. Em cima dessa dimensão de atividades, de processos, de crescimento, tem a questão de leitura de cenários, de polaridades, de ambiguidade, de antever a expectativa dos clientes dentro das possibilidades dos contratos de concessão, que do nosso ponto de vista são também oportunidades de negócios. Se tem uma cidade que quer antecipar a cobertura de esgoto, eu não vejo alguém da Aegea dizer: “Mas isso não está no contrato”. Eu escuto: “Vamos ver uma alternativa”. Isso é ir além da conta, é ser Aegea.

Como é fazer do contrato de concessão uma oportunidade?

Quando temos uma situação de vulnerabilidade ampliada, com uma inadimplência muito alta, ao invés de buscar indenização junto ao governo, fazer disso uma oportunidade é ampliar a Tarifa Social para dar acessibilidade às pessoas que não têm condição de pagar. Resolver legados sociais, antecipar questionamentos e desejos dos moradores nos lugares onde atuamos, acompanhar de maneira assídua e consistente o posicionamento político das cidades onde estamos presentes, isso permite que problemas sociais sejam resolvidos e ainda dá endereçamento de sustentabilidade econômica  para os nossos negócios. Em 2022, a companhia cresceu 12% no seu valor simplesmente resolvendo problemas que não estavam previstos em contrato. São soluções atribuídas ao poder concedente, concordadas e quantificadas com ele, que já se tornaram benefícios nas casas das pessoas e, gradativamente, estão devolvendo valor e segurança para os nossos ativos. Gestão de reequilíbrio, discussão de novas regras regulatórias, a ampliação de objetivos estratégicos nos contratos de concessão por meio de comissões sociais, com órgãos de controle, enfim, liderar está na nossa natureza. Manter a nossa performance crescendo, gerir o contrato de concessão com sensibilidade para antecipar questões socioambientais, resolver problemas: esta é a nossa natureza, é o que a gente precisa exercer para proteger o nosso negócio e assegurar a sustentabilidade dele por mais 100 anos.

Quais as prioridades para os próximos anos?

São muitos os desafios do setor e estamos prontos para enfrentar cada um deles, com o jeito Aegea de ser. A recuperação dos rios do Pantanal, onde tem esgoto sem tratamento sendo lançado, recuperar o Igarapé Mindu em Manaus, dar continuidade ao trabalho que vem sendo feito na Lagoa Rodrigo de Freitas, retomar a área de infiltração que proibia o crescimento imobiliário do Rio Grande do Sul, com soluções de tratamento de esgoto para fazer com que aquela região prospere economicamente, trazer as baleias de volta para a Baía de Guanabara, enfim, por meio do nosso trabalho, do exercício de materializar a engenharia em prestação de serviços, vamos continuar fazendo dos desafios oportunidades, como temos feito até agora, ampliando ainda mais a  busca por ir além do contrato. É o que tem feito a companhia ser diferente do mercado, pois hoje simbolizamos uma diferença não só para o saneamento, como para os outros setores de infraestrutura. Ambição plena aqui de ser uma referência para além da infraestrutura, de estar olhando a gestão dos nossos negócios de forma sustentável.

Tudo isso mantendo a essência da Aegea?

É o nosso maior desejo: manter a cultura da companhia nesse processo de ampliação dos contratos. Cada colaborador tem um papel muito importante nesse processo para ampliar o exercício de crescimento, de fortalecimento e o exemplo de como agimos, como fazemos a gestão e como cuidamos das pessoas, sempre exercendo o senso de dono dos nossos negócios, mantendo a disciplina inquestionável sobre nosso posicionamento de integridade, buscando alternativas que se transformam em uma Tarifa Manauara, Tarifa 10, que leva água e esgoto para palafitas, que recupera lagoas e balneabilidade de praias, enfim, que continuemos sendo a Aegea. Para finalizar, fica o convite de ligar a próxima casa, eu tenho falado bastante nisso, pois não estamos atrás de projetos grandiosos, os números são relevantes, a história é sem precedentes, o autodesafio é enorme, mas o movimento que transforma isso em realidade é simples: é fazer a próxima casa mais cedo, mais eficiente, é ajustar a tarifa adequada para que o negócio tenha sustentabilidade. Convido os colaboradores e todos os nossos líderes a ligarem a próxima casa mais cedo.

Saiba mais sobre a Cultura Aegea e os colaboradores que a colocam em prática no dia a dia nas matérias a seguir.