edição 38 | 2023 | janeiro a março
Fernando Humphreys,
diretor de Engenharia da Aegea.
Texto: Rosiney Bigattão
“A atividade fim da Aegea está muito ligada à sustentabilidade, à preservação do meio ambiente e dos recursos hídricos, na sua essência está muito ligada a estes temas, ao cumprimento de toda a legislação ambiental que cerca o nosso setor”, explica Fernando Humphreys, diretor de Engenharia da Aegea. Mas, segundo ele, a empresa vai além. “Como a própria atividade já está ligada a uma ação de sustentabilidade, procuramos minimizar ainda mais os impactos ao meio ambiente, pois a Aegea tem um forte compromisso com as questões ESG”, diz ele.
Responsável pela área de Engenharia da holding e de todas as suas unidades, o engenheiro civil Fernando Humphreys tem 44 anos de experiência. Está na Aegea desde o início e, neste aprendizado contínuo que o setor de saneamento e a área de engenharia trazem, se sente desafiado todo dia a ampliar os limites. “A Aegea me oferece uma oportunidade interessante para uma atuação mais sustentável, é uma responsabilidade enorme assumir o compromisso de ampliar cada vez mais os serviços e tudo o que isso significa”, conta o diretor de Engenharia.
Para ele, pensar na universalização do jeito que a Aegea atua é pensar no planeta. “Aqui, buscamos a universalização dos serviços de uma forma sustentável quanto ao uso de energia eólica, solar, reduzindo perdas e aumentando cada vez mais a eficiência. Com a ampliação dos serviços de coleta e tratamento de esgoto virão benefícios enormes para toda a sociedade, pois os danos provocados com o lançamento in natura vão cessar. A busca pela universalização do esgoto, ao mesmo tempo que é desafiadora, é extremamente motivadora”, diz ele.
Em qualquer concessão da Aegea, até nas mais antigas, que estão em um processo de maturidade maior, como Águas Guariroba (MS) e Prolagos (RJ), as primeiras da companhia, ainda há muito o que fazer em termos de investimentos para complementar os sistemas. Na Mirante (SP), a Parceria Público-Privada da Aegea com o Semae, Serviço Municipal de Água e Esgoto, em Piracicaba, o atendimento ao esgoto foi universalizado. “Não tem mais grandes investimentos a serem feitos, mas, em contrapartida, esses contratos de longa duração são muito dinâmicos, são vivos: a cidade cresce, as exigências ambientais mudam, a tecnologia muda, enfim, são muitas variáveis ao longo do tempo”, explica.
Além de acompanhar o crescimento dos municípios e as necessidades dos moradores, a Engenharia atua dando suporte técnico à operação. Combate às perdas, eficiência energética e melhor uso dos recursos pautam o dia a dia da operação.
A preocupação com a sustentabilidade dos processos começa muito antes de a Aegea começar a operar em uma cidade. “Nós participamos da proposta de uma nova concessão desde o estudo da proposta, pela área de Novos Negócios. Por exemplo, no leilão da Cedae, no Rio de Janeiro, o que possibilitou que a Aegea fizesse as propostas, desse os lances e saísse vitoriosa foi o conhecimento que nós tínhamos do sistema e a visão de que poderíamos atuar buscando determinada eficiência. Quando começamos a operar, o nosso projeto já estava desenhado, é uma continuidade do que foi anteriormente acordado”, explica ele.
Participando desde o início, a Engenharia da Aegea busca soluções que sejam o mais eficiente possível em todas as etapas, desde o projeto, na instalação da obra, quanto na operação. “Existem muitas soluções. Por exemplo, quando você quer abastecer uma cidade com água, você tem vários sistemas para escolher. Na Aegea, nós nos pautamos pela eficiência. A partir da aprovação da proposta, consolidada com holding e regionais, passamos para a implantação, à medida que haja recursos para isso, o capex”, afirma o diretor.
“Os empreendimentos são implantados como se fossem um lego – a concepção é o sistema inteiro, até o fim do horizonte do contrato, e como isso não é feito uma única vez nem a curto prazo, a gente vai construindo essa concepção em partes, à medida que tenha capex disponível. É sempre uma continuidade, sempre baseada nos princípios que regem a Aegea, de cuidar das pessoas, de buscar segurança hídrica e toda a sustentabilidade dos sistemas”, diz.
Fernando Humphreys explica que uma operação é um sistema complexo. “Por exemplo: toda noite você enche seus reservatórios para que a população não corra risco de ficar sem água. Mas, quando o reservatório está cheio, maior a pressão na rede e, quanto maior a pressão, maior a perda, pois ela é proporcional à pressão. Você precisa avaliar tudo isso. Além disso, tem o gasto de energia para reservar a água. Todo o sistema precisa funcionar conforme foi preconizado desde a concepção”, conta ele.
Os principais fatores de custos de uma operação de saneamento são energia e mão de obra. “O que nós fazemos em Engenharia em relação à energia? Gestão. Temos mais de 3.000 mil pontos de energia, recebemos as contas, elas são carregadas em um sistema que, ao mesmo tempo que serve para o pagamento, gera indicadores de kilowatt-hora por metro cúbico para qualquer estatística que se queira fazer. O que isso tem a ver com Engenharia? Porque podemos decidir qual a melhor forma de contratar energia”, afirma.
Como a energia é um dos maiores custos dos sistemas de saneamento e o seu uso é um ponto importante na agenda ESG, a Aegea tem um setor só de eficiência energética. “Estamos adequando as nossas operações, um trabalho que começou lá atrás, pois, como o mercado de energia é muito regulado, há anos estamos fazendo a migração do mercado cativo, o comercial, mais caro, para o livre. Hoje só 13% da Aegea, com exceção da Águas do Rio, está no mercado cativo. O restante foi migrado. O Rio já começou fora do mercado cativo”, diz ele.
Hoje, 87% da energia da Aegea é energia limpa, sendo 75% do mercado livre. O restante é de geração distribuída, que é fazer a geração o mais próximo possível de onde se consome. “O normal no Brasil são grandes hidrelétricas e toda uma teia de linhas de transmissão. É um dos sistemas mais complexos e mais bem instalados no mundo neste modelo. Nos outros países, os sistemas são mais pulverizados. Aqui, ao consumir, por exemplo, energia de Itaipu estando distante dela, se tem uma perda no caminho. O caminho que escolhemos resulta em uma energia mais barata e mais sustentável”, conta o executivo.
A busca é sempre por aumentar a eficiência operacional. Um dos mecanismos das unidades da Aegea é terem cada vez mais sistemas integrados, com sensores que permitam fazer o monitoramento em tempo real mesmo a distância. Tudo isso pode ser monitorado pelo Centro de Controle Operacional, o CCO, ou Centro de Operações Integradas, o COI, na Águas do Rio. Eles operam conforme o que foi preconizado, equilibrando as questões de gastos de energia, distribuição, perdas de água no sistema, que é um dos principais fatores hoje no saneamento.
Em relação ao esgoto, a busca é por tratamentos eficientes, que gastem menos energia também, e um sistema sem extravasamentos. “O sistema de esgoto é quase todo por gravidade, apenas alguns trechos pressurizados. É preciso manter o fluxo normal. A concepção do sistema é bastante importante – quando é mal construído, vai ter gargalos que provocam os extravasamentos”, conta Humphreys.
A maior parte do tratamento de esgoto na Aegea é de forma aeróbia – sistema em que se injeta ar e coloca bactérias. “É como fazer iogurte”, brinca o diretor. “As bactérias consomem a matéria orgânica que está no esgoto. Isso é feito à custa de energia, pois você tem de ficar injetando ar nos tanques de esgoto, por isso a eficiência energética é uma questão importante. A busca de novas tecnologias é uma constante, estamos sempre buscando estar na ponta”, indica ele.
Leia mais sobre o uso de tecnologia no saneamento na matéria a seguir. E também na seção Em Pauta.