edição 38 | 2023 | janeiro a março
Fernanda Bassanesi,
diretora de Gestão da Aegea.
Texto: Rosiney Bigattão
“Um planeta sustentável e inclusivo”, afirma a diretora de Gestão da Aegea, Fernanda Bassanesi, respondendo à pergunta sobre qual planeta a empresa quer ajudar a construir. E é enfática sobre a questão da inclusão. “Quando falamos em inclusão, na palavra plena, nos colocamos como um agente que potencializa o verbo incluir em nosso escopo de atuação. Quando se fala em universalização, pensamos nos investimentos necessários, mas para a Aegea vai além disso: como chegar às famílias de baixa renda, aos vulneráveis, é o ponto principal, pois é onde está o maior gap de saneamento. Como incluir essas pessoas e, no Brasil de hoje, como incluir dentro da capacidade de pagamento que elas têm é a nossa principal reflexão”, afirma a diretora.
Fernanda Bassanesi explica que há um movimento em busca de formas de ampliar o acesso para essa camada da população que, sozinha, não vai conseguir. “Temos o mecanismo da Tarifa Social, mas sabemos que, em alguns casos, há a necessidade de uma ‘tarifa zero’ para algumas famílias. É preciso que essa realidade esteja presente na construção das modelagens e o papel da Aegea é se colocar como indutor dessa discussão. Precisamos pensar em modelos sustentáveis para incluir essas pessoas neste serviço tão essencial, básico, na literalidade da palavra”, diz ela.
Para ela, a Aegea, como líder do setor privado do saneamento no Brasil, tem este papel de agente influenciador. “Eu participei da banca que analisou os projetos apresentados pela turma de trainees da Aegea e percebi o quanto os temas da sustentabilidade e acesso pleno estão presentes nos jovens, e vejo isso no modo de pensar do meu filho – incluir toda a sociedade já é um mindset diferente nas pessoas hoje, de desejarem essa sociedade mais plural, mais inclusiva. Como empresa, precisamos acompanhar esta evolução, com um novo modo de pensar, incluindo os atores, promovendo a reflexão no nosso papel de líder empresarial, pois o grande desafio é um planeta sustentável com a inclusão ampla ao sistema de saneamento, que é saúde, é dignidade na veia. Sem inclusão não há desenvolvimento possível”, afirma.
Este novo modo de pensar tem a ver com a cultura da Aegea, traduzida no modelo operacional. “A forma como a Aegea opera, como faz a gestão do negócio, foi o que nos trouxe até aqui, nesta toada de conquistas. Nossa performance nos permitiu ser competitivos e mostrar que é viável atuar em municípios pequenos ou grandes, que é possível levar saneamento para a casa das pessoas que não têm condições de pagar e conseguir prover uma tarifa módica, subsidiada, trabalhando isso com o poder concedente e os agentes reguladores. Todo esse trabalho tem a ver com o nosso jeito de operar, é o legado da companhia, foi construído desde o início da Aegea e vem sendo aprimorado. Todas as nossas experiências, as que deram certo e errado, foram incorporadas ao que chamamos carinhosamente de MOA”, diz ela.
O MOA está dividido em sete pilares de negócios, sete macroprocessos que traduzem, de uma certa forma, toda a operação da Aegea. “Tem o pilar de condicionantes estratégicas, que tem a ver com a estratégia financeira da companhia e seus acionistas, diz respeito ao cumprimento das metas contratuais e com o orçamento. As políticas de integridade e as diretrizes de ESG também estão no pilar condicionantes, norteando assim a gestão dos negócios da Aegea”, conta ela.
“Quando olhamos para o pilar de entrega de água abordamos desde a captação, o cuidado com os mananciais, o tratamento, a reservação e a distribuição, com a água chegando ao consumidor final. Para essa entrega, precisamos entender todas as características, e elas são muito distintas em todo o Brasil: se a gente olhar para o Rio de Janeiro é uma situação, Manaus outra completamente diferente; então reunimos, de forma estratégica, o que é relevante, o que não podemos abrir mão, para que tenha de fato um produto de qualidade, que a água chegue com regularidade, que esteja dentro dos padrões”, afirma
O terceiro pilar é o esgoto. “A água chega à casa do cliente, começa a gerar esgoto e, para tratar, o primeiro passo é coletar. Esgoto coletado vai ser transportado até chegar à estação, passar por um rigoroso processo de tratamento e ser devolvido para a natureza, seguindo normas e padrões de legislação ambiental. Temos um olhar especial para a economia circular, em reaproveitar o lodo resultante do tratamento que, em vez de ir para os aterros sanitários, se transforma em matéria-prima para outros processos, inclusive o de enriquecer os solos. Várias unidades da Aegea estão implantando programas com essa finalidade, temos inclusive prêmios relacionados aos projetos”, diz a diretora de Gestão.
O pilar de relacionamento comercial envolve toda a jornada do cliente. Desde como se relacionar com os clientes nas diferentes formas de atendimento, o processo de medição do consumo, prover uma nova ligação de água ou esgoto, lidar com a gestão da inadimplência e aplicar o mecanismo da Tarifa Social para os clientes elegíveis.
Um dos programas de relacionamento comercial é o Vem com a Gente, criado para ser o primeiro contato com as famílias, logo que a Aegea inicia uma nova operação. Por meio do programa, os moradores têm seu cadastro regularizado, inclusive com a aplicação da Tarifa Social, e se for o caso, as ligações são padronizadas com instalação de hidrômetros e eventuais débitos são negociados.
“No institucional e regulatório, estamos falando do relacionamento com os representantes da sociedade, do poder concedente, da agência reguladora, financiadores e dos órgãos de controle. Gerir o contrato de forma diligente e transparente, cumprir com as metas contratuais, estar atento a novas demandas e modificações contratuais que possam ocorrer e propor soluções viáveis, mantendo o contrato equilibrado, são parte do papel do gestor do negócio”, afirma a diretora de Gestão da Aegea.
“Depois vamos para o pilar de planejamento e controle, que norteia a forma como planejamos e controlamos nossa performance, sempre tendo como referência o plano de negócios pactuado na fase da proposta de licitação e também os orçamentos anuais. A sustentabilidade operacional e financeira é peça-chave para o modelo de atuação da Aegea e o pilar de planejamento e controle permite acompanhar de forma proativa, inclusive retroalimentando a área de Novos Negócios, com relação aos indicadores de performance”, diz Fernanda Bassanesi.
Ao lado disso, o MOA tem o pilar chamado de licença social para operar. “A licença social atravessa todas as áreas do nosso negócio, é onde ampliamos a nossa relação com os nossos clientes. Vai além do nosso serviço contratual, estamos falando aqui de programas sociais nas comunidades, de envolver os fornecedores dos locais onde atuamos, atrair os colaboradores para contratar nos perfis desejados, alinhar nossos programas sociais para que a Aegea seja percebida como uma empresa que está inserida na comunidade, buscando soluções não só de saneamento, mas também viabilizando serviços em parcerias com outras empresas e instituições”, afirma.
“A licença social é uma parte muito importante na construção da credibilidade com a empresa, pois assinamos um contrato e vamos ficar lá por 30 anos. Nos primeiros, tem um volume de investimentos que mudam rapidamente aquela realidade, mas passados 10 ou 12 anos, o programa de investimentos acabou e é preciso ir além, entregando valor de outra forma, principalmente por meio dessa atuação próxima com as comunidades”, diz ela. “Queremos ser percebidos e reconhecidos como uma empresa que entrega valor para a comunidade”, complementa.
O MOA é um organismo vivo, tem um DNA que é o jeito de ser da Aegea, segundo a diretora. “Ele é um repositório das práticas que estamos vivenciando e vão melhorando a performance da companhia, um processo que evolui com base em novas tecnologias e novos aprendizados. A gente conquista novos negócios que têm características diferentes, conseguimos implementar e compartilhar com as unidades para que seja disseminado. De certa forma, entendemos o MOA como um benchmarking da gente mesmo, para que possamos estar sempre em movimento, aprendendo e buscando novas formas de fazer”, diz.
Veja os exemplos colocados em prática pelas regionais na seção Cidades Mais Azuis.