edição 30 | janeiro 2021
Texto: Roberta Moraes
A ação começou em novembro, mês da consciência negra, por meio do Comitê Gabriel da Casa da Flor, do Programa Respeito Dá o Tom, que produziu vídeos com palavras e expressões que parecem corriqueiras, mas que carregam um teor racista. Com o mote “Racismo é crime. Racismo não. Racismo nunca”, os colaboradores convidaram a população a refletir sobre termos como “mulata” e “serviço de preto”. Os vídeos foram divulgados nas redes sociais da empresa e compartilhados entre os funcionários por meio de lista de transmissão via WhatsApp.
Além de explicar a origem dos termos, o material sugeria palavras como substituição, a fim de provocar uma mudança de comportamento, reduzindo falas preconceituosas. “Para combater a desigualdade racial é necessário começar. Por isso resolvemos trazer uma atitude simples que pode ajudar nesta luta: excluir expressões preconceituosas do nosso dia a dia. Precisamos fazer novas escolhas para o nosso vocabulário e lutar diariamente para que práticas e palavras que reforçam o racismo estrutural sejam definitivamente abandonadas”, disse Tayane Pimentel, que está à frente do comitê de igualdade racial da concessionária.
Desde o início do programa, ações afirmativas vêm sendo desenvolvidas, como o Somos Divas na Luz do Candeeiro (confira matéria sobre o tema na seção de Responsabilidade Social), exposição na Casa Scliar, com obras de artistas locais; a confecção do busto de Teixeira e Sousa, por conta da semana que homenageia o cabo-friense que foi o primeiro romancista brasileiro; e discussão sobre racismo nas escolas municipais com rodas de conversa conduzidas pelo rapper, compositor, roteirista, ator, produtor audiovisual, youtuber e gari carioca Jota Jr.
O programa é conduzido por um comitê formado por colaboradores de diversas áreas. Batizado de Gabriel da Casa da Flor, o grupo homenageia o aldeense Gabriel Joaquim dos Santos, filho de ex-escravizado, que trabalhou nas salinas da região, nunca frequentou a escola, e com materiais recolhidos no lixo e refugos de construções construiu a Casa da Flor, em São Pedro da Aldeia, símbolo da arquitetura espontânea. Outras concessionárias da Aegea, como as da Regional 1, também desenvolvem o programa.