Mãe de três filhos já criados, Clenilda sempre teve afinidade com atividades manuais e operacionais. No seu dia a dia, ela realiza desde tarefas de manutenção, como gradeamento, roçagem, rastelamento e limpeza, até funções técnicas mais especializadas, como coleta de amostras e monitoramento da qualidade da água. Além disso, acompanha a triagem dos caminhões de auto fossa e a distribuição do lodo, garantindo que todo o processo atenda às normas ambientais.
“Antes de começar a trabalhar aqui, eu não fazia ideia de como funcionava o saneamento de esgoto e o impacto que ele tem na limpeza da cidade. Hoje, entendo a importância de cada etapa do tratamento, garantindo que o esgoto seja devolvido à natureza de forma segura, sem mau cheiro e sem poluir o meio ambiente”, explica Clenilda.
O trabalho exige resistência física e domínio técnico, desafios que ela encara com determinação. “Lido com equipamentos como roçadeiras, faço a montagem de ferramentas, instalo fios e lâminas e até realizo a troca de óleo das máquinas. São atividades que aprendi no dia a dia e que, no início, nem imaginava que faria. Para mim, está sendo um processo de aprendizado e superação constantes”, afirma.
A Aegea tem implementado ações para ampliar a representatividade de mulheres no setor, pois acredita que o avanço da inclusão feminina no setor não apenas promove a equidade, mas também amplia a diversidade de talentos, trazendo novas perspectivas para desafios técnicos e operacionais. Além disso, gera mais oportunidades e fortalece o saneamento, promovendo inovação e diversidade.
“A qualificação deve ser reconhecida independentemente de gênero. Nos últimos anos, temos observado um crescimento expressivo da presença feminina na engenharia sanitária e civil. Hoje, temos mulheres em cargos de supervisão e coordenação, além de funções operacionais essenciais, como manutenção, operação de estações de tratamento de esgoto (ETE) e manuseio de retroescavadeiras”, afirma Gabriel Buim, diretor-presidente da MS Pantanal.
Apesar dos avanços, Clenilda reconhece que ainda há barreiras a serem superadas. “Muita gente ainda acredita que os homens são mais fortes e, por isso, mais aptos para esse tipo de trabalho. Mas vejo que as mulheres são mais detalhistas e cuidadosas. Espero que isso seja mais reconhecido no futuro, inclusive em relação à igualdade salarial”, ressalta.
“O saneamento tem muito espaço para nós. Precisamos ser incentivadas a ocupar funções técnicas e operacionais, mostrando que somos tão capazes quanto qualquer um. Espero que cada vez mais mulheres conquistem seu espaço e sejam reconhecidas pelo seu trabalho”, conclui.