“Com a argila, eu me encontro”, diz Márcia Cardoso, do Quilombo de Maria Joaquina, sobre o impacto do Somos Divas na Luz do Candeeiro em sua vida. Mas ela não é a única a experimentar novas experiências. Na beira do canal do Itajuru, em Cabo Frio (RJ), no local que é um oásis de conhecimento e de lembranças do pintor modernista Carlos Scliar, a ancestralidade quilombola vem se transformado em arte e oportunidades de novos negócios nos últimos quatro anos.
Por meio do projeto, uma parceria da Prolagos e do Instituto Carlos Scliar, mulheres quilombolas da Baía Formosa, em Armação dos Búzios, e Maria Joaquina, em Cabo Frio, se revelaram verdadeiras artistas por meio da cerâmica. O Somos Divas na Luz do Candeeiro já mudou a vida de 30 mulheres, não só de Baía Formosa, mas também da localidade da Caveira, em São Pedro da Aldeia, e de Maria Joaquina, em Cabo Frio.
A chegada da água tratada à Comunidade Quilombola da Baía Formosa, em Armação dos Búzios, foi um marco importante na luta pela universalização do serviço e pela dignidade das famílias que vivem em áreas vulneráveis. Em janeiro, mais 53 delas, do Núcleo Zebina, foram contempladas com as obras de ampliação da rede de abastecimento da Prolagos.
O local é atendido por um dos 17 projetos socioambientais desenvolvidos pela empresa, levando educação e geração de renda, um olhar que vai além da promoção da saúde por meio do saneamento.
“A chegada da água foi uma vitória. Para mim, é muito bom, porque, agora, posso encher minha cisterna e trabalhar tranquila. É muito gratificante ter essa extensão de rede na nossa comunidade, com água tratada, potável”, contou a moradora da Baía Formosa, Valquiria dos Santos Conceição.
A ampliação da rede de abastecimento vem associada a um momento muito especial para as mulheres da comunidade, que, inseridas no projeto Somos Divas na Luz do Candeeiro, participam de ações e feiras para mostrar a arte em cerâmica produzida.
A ideia é fomentar a representatividade, a liberdade e a independência das participantes, estimulando o potencial criativo, divulgando a cultura afro-brasileira, ensinado a arte da cerâmica, as capacitando à pesquisa, criando e vendendo as peças e apoiando na complementação da renda familiar.
“É um projeto que chegou em um momento em que nós estávamos sem saber o dia de amanhã. E a Prolagos veio nos proporcionar esse curso. Foi muito bom. Trouxe conhecimento para gente, para que possamos, a partir de agora, estar levando esse conhecimento para os outros aqui do quilombo. Muitos já viram a gente fazer, mas, agora, vão colocar a mão na massa. Nós trabalhamos com a argila que vem do barro, que nos remete à nossa história, à história do quilombo. Este ano, estamos numa meta de ensinar o povo do quilombo de Baía Formosa a fazer as peças”, comentou Esila Pereira, que também é moradora do quilombo.
O projeto está alinhado ao programa Respeito Dá o Tom, realizado por todas as empresas do grupo Aegea, que promove ações com foco na igualdade e diversidade racial.
“Entendendo que a capacitação qualificada é um processo contínuo, estamos sempre em busca de novas parcerias e iniciativas, em conjunto com a equipe do Instituto Carlos Scliar, para empoderar as mulheres e torná-las proprietárias de seus próprios negócios. Desde o início do projeto, realizamos capacitações com as participantes para fortalecer suas habilidades financeiras e promover sua independência econômica”, explica Aline Araújo, coordenadora de Responsabilidade Social da Prolagos.
“Foi gratificante ter aprendido essa arte de mexer com a cerâmica e expor na Casa Scliar foi uma coisa bombástica, porque não pensávamos que isso poderia acontecer”, comentou Valquíria Conceição, do Quilombo da Baía Formosa.
“É uma sensação única se ver no produto que você criou. Fico feliz, porque achava que jamais conseguiria fazer essas peças, ter um dom para fazer isso. Aqui estou eu, uma quilombola que veio lá da Maria Joaquina para fazer essa arte”, declarou Gessiane Oliveira, participante do projeto pelo Quilombo de Maria Joaquina.