Mato Grosso do Sul é o primeiro estado do Brasil a dar destinação sustentável a 100% do lodo gerado nas estações de tratamento de esgoto. A iniciativa que lidera um marco na economia circular se dá por meio de uma parceria inovadora entre a MS Pantanal, Agraer, Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), e a empresa Organics.
Desde junho de 2024, já foram entregues 460 toneladas do produto a agricultores familiares, comunidades indígenas e quilombolas, impulsionando a agricultura sustentável em Mato Grosso do Sul.
O Fertbio-MS é fabricado por meio de processos de compostagem e classificado como fertilizante orgânico de classe “B”. Ele transforma o lodo gerado nas estações de tratamento de esgoto (ETEs) em insumo de alta qualidade para a agricultura, promovendo a sustentabilidade ambiental e econômica.
Enquanto 95% do lodo gerado no Brasil é destinado a aterros sanitários, essa iniciativa oferece uma alternativa sustentável, reciclando os nutrientes presentes no material para produção agrícola.
A prática combina o lodo das ETEs com resíduos orgânicos, como esterco bovino, resultando em um fertilizante rico em nutrientes essenciais como nitrogênio, fósforo e potássio (NPK). O processo, que inclui compostagem ao ar livre por até 25 dias, atende às normas agronômicas e ambientais estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Além de reduzir o volume de resíduos enviados a aterros sanitários, a prática contribui para a mitigação da contaminação do solo e da água, prolonga a vida útil dos aterros e reduz a emissão de gases de efeito estufa. Socialmente, a doação parcial do Fertbio-MS beneficia pequenos produtores rurais, comunidades vulneráveis e fomenta a agricultura sustentável.
“É um insumo que consegue recuperar, reconstituir, restaurar e enriquecer o solo do estado”, enfatizou Laís Salvino, da Gestão de Carbono e Lodo da Aegea.
A reutilização do lodo, que antes gerava altos custos de destinação, está se consolidando como uma estratégia econômica e ambiental. O sucesso da iniciativa pode servir de modelo para outras regiões, promovendo uma abordagem sustentável e eficiente no tratamento de resíduos. Segundo lideranças envolvidas, o objetivo é ampliar e replicar o projeto, consolidando Mato Grosso do Sul como referência em soluções de economia circular.
A Corsan, uma das unidades da Aegea que tem dado passos significativos na transição para o uso de energia limpa, reforçando o compromisso com a sustentabilidade e pilares ESG (leia mais na reportagem sobre energia limpa, nesta edição), também implementa processos de economia circular.
Entre as principais iniciativas estão o investimento em usinas fotovoltaicas, que aproveitam a radiação solar, e o uso de biomassa, especialmente por meio da queima de casca de arroz, uma solução inovadora que aproveita um resíduo agrícola comum na Região Sul.
Um dos destaques entre os projetos em operação é a usina de biomassa em Itaqui, que utiliza casca de arroz e gera 1.934 MWh/mês, compensando 43% do consumo de baixa tensão. A Corsan também tem projetos de uso do lodo das estações, com secagem do material que seria destinado aos aterros.