edição 40 | 2023 | novembro
Texto: Adão Pinheiro e Joana Gall
Investimentos constantes e fiscalização 24 horas por dia fazem com que as concessionárias de abastecimento de Santa Catarina conquistem os melhores índices quando o assunto é perdas de água tratada. Enquanto a média nacional gira em torno dos 40% de perdas – segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) – os números no estado oscilam somente entre 11,9% e 25,4%. As perdas trazem consequências tanto para o próprio sistema de produção quanto para o meio ambiente, já que criam uma necessidade de produção superior ao volume efetivamente demandado.
Embora seja um processo natural em qualquer sistema de abastecimento, as perdas podem ser minimizadas para evitar prejuízos e desperdício de trabalho, como explica Henrique Gonçalves Mendes, coordenador do Centro de Operações Integradas da Águas de Bombinhas, Águas de Camboriú, Águas de Penha e Águas de São Francisco do Sul. “Temos um trabalho constante de monitoramento que, aliado à tecnologia, nos ajuda na redução do tempo de resposta promovendo ações imediatas”, explica ele. Na prática, só em janeiro de 2023 os índices alcançados em Santa Catarina representam uma economia de 524 milhões de litros de água. Ou seja, mais de 209 mil piscinas olímpicas em apenas um mês.
Para Reginalva Mureb, diretora-presidente das concessionárias da Aegea em Santa Catarina, o resultado é fruto de investimentos em tecnologia de ponta e intenso esforço na operação dos sistemas. “A redução no índice de perda de água tratada é foco permanente das concessionárias. Nos tempos atuais não se concebe operar sistemas de abastecimento sem essa preocupação. O enfoque de atuação responsável e sustentável com o meio ambiente nos exige isso”, explica. “Além disso, a redução de perdas representa a melhor distribuição de água para os bairros e, consequentemente, maior oferta de água tratada”, conclui ela.
Outra ampla frente de atuação da Aegea em Santa Catarina é a ampliação das redes de esgoto nas cidades de atuação. O sistema de esgoto está sendo implantado em Bombinhas e é uma das principais reivindicações da cidade, que tem como pilares econômicos o turismo e a pesca artesanal. O município, que prioriza a preservação ambiental, é conhecido como Capital Nacional do Mergulho Ecológico e procurado por turistas que buscam contato com a natureza e tranquilidade. Por esta razão, os investimentos da Águas de Bombinhas no novo sistema são assunto recorrente entre a comunidade e estão sendo considerados uma conquista.
A obra de implantação do esgotamento sanitário destinará R$ 180 milhões ao município, universalizando a coleta e o tratamento de esgoto. Desde o início da instalação da nova rede até o momento, a concessionária soma mais de três mil metros de tubulações instaladas, 260 novas ligações e um trabalho intenso de comunicação vem sendo realizado rua a rua.
Segundo o coordenador de Operações da Águas de Bombinhas, Lucas Nogueira, o trabalho está em ritmo acelerado. “Uma equipe está fazendo contato com os moradores, esclarecendo dúvidas e avisando formalmente sobre as obras em determinadas regiões”, explica. “Todas as moradias são oficialmente comunicadas sobre o início das obras e também sobre o processo de ligação da residência à rede de esgoto”, complementa.
Além das tubulações, outra frente de trabalho atua no início da construção da nova estação de tratamento de esgoto (ETE), situada no bairro José Amândio. O morador Eduardo Campos, representando a comunidade local, conta que visita o local semanalmente. “Eu, como sou aposentado, toda semana vou lá na obra bater foto e acompanhar”, comenta.
A ETE de Bombinhas será semelhante à que existe em São Francisco do Sul. Utilizando tecnologia avançada, o modelo adotado na cidade é um dos mais modernos já construídos no país.
“O sistema de lodos ativados por bateladas já é reconhecido e de extrema confiança. A implantação ocorrerá em módulos, sendo que cada um deles terá capacidade de tratamento de 55 litros por segundo.” Em pleno funcionamento, a capacidade de tratamento da nova ETE será de 165 litros por segundo, reforça a diretora-presidente, Reginalva Mureb. Conforme o cronograma de obras, até o fim deste ano as equipes estão preparando o terreno e atuando na supressão de vegetação local. A partir do mês de janeiro inicia a construção da ETE, que entrará em funcionamento ainda em 2024.
Trabalhando junto à prefeitura, a Águas de São Francisco do Sul está transformando a realidade de uma das cidades mais antigas do país e de todo o estado, pois, de acordo com um levantamento do Tribunal de Contas do Estado, 52% dos municípios catarinenses não possuem prestação de serviço de esgoto. Os números levam em conta os dados disponibilizados no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), referentes ao ano de 2021, e respostas a um questionário encaminhado às prefeituras, pelo TCE.
A cidade, no norte de Santa Catarina, terá até o fim do ano mais de 120 quilômetros de redes coletoras de esgoto na região dos balneários e mais de 9.000 ligações domiciliares. Além da rede de esgoto, serão oito estações elevatórias e quase 5.000 metros de linha de recalque. Somente este ano, a previsão é de 53,6 quilômetros de rede coletora.
Dono de pousada na região das praias em São Francisco do Sul e presidente da associação da comunidade do Majorca, Joneci Maximiano destaca que após o começo do tratamento de esgoto da região aumentou o fluxo de turistas na pousada. “Estou recebendo turistas até do exterior”, pontuou.
Conforme Lidiany Lemos Machado, presidente da Associação dos Moradores do bairro Ubatuba, desde que a ETE Ubatuba entrou em operação, os moradores do bairro nunca mais reclamaram de mau cheiro nas ruas.
Além da ampliação da rede de esgoto, a ETE Ubatuba é destaque por ser a primeira construída com a tecnologia BIM (Building Information Modeling), que impacta no planejamento da obra, na gestão dos custos e nas escolhas de soluções técnicas. Por meio da digitalização do ativo, é possível entender uma instalação mesmo a distância e acompanhar todas as etapas do tratamento. Os 600 documentos gerados durante a construção foram levados para um modelo digital por meio do Programa Infra Inteligente, visando a uma operação mais eficiente da unidade da Águas de São Francisco do Sul.
“Somos uma companhia preocupada com o meio ambiente, com a prosperidade das cidades onde atuamos e com a saúde e qualidade de vida das pessoas. Buscamos diariamente a excelência nos seus processos. Investimos constantemente no uso de novas tecnologias, sempre com o intuito de trazer o que há de mais moderno no país e no mundo para as cidades onde atuamos, sempre com o objetivo de melhor atender a população”, diz Reginalva Mureb.
Penha, no litoral de Santa Catarina, dá um salto em relação ao saneamento básico e à sustentabilidade com as obras de implantação do sistema de coleta e tratamento de esgoto do bairro Gravatá e da comunidade de São Miguel, obras extremamente significativas para o município, segundo a diretora-presidente da concessionária. Com todos os investimentos em execução e a executar, Penha terá ao menos 16,6 quilômetros de rede até o fim do ano.
Com os investimentos, a partir do fim de dezembro a cidade vai estar com 11% de tratamento de esgoto e a ETE Gravatá em pleno funcionamento. “O nosso projeto original seria de uma única estação de tratamento de esgoto de 195 l/s para Penha. Essa estação atenderia todos os bairros do município, mas existia uma demanda da sociedade, que reverberou na Câmara de Vereadores e também junto ao Poder Executivo, para que os bairros tivessem prioridade”, destaca Reginalva.
De acordo com o prefeito Aquiles Schneider da Costa, a implantação do sistema de esgoto é um avanço sem precedentes para a cidade de Penha. “O saneamento básico é uma questão de saúde. Todas as pessoas que moram na cidade ou escolhem Penha para viver precisam se sentir acolhidas pelos investimentos públicos e não há nenhum tão importante como o do saneamento,” destacou.