edição 36 | julho 2022
Colaborador mostra como é feita a reciclagem do lodo.
Estação de Tratamento de Esgoto Mato Grande, em Canoas.
Texto: Aline Cardias
O processo de tratamento de esgoto na ETE Mato Grande, da Ambiental Metrosul (RS), gera, mensalmente, em torno de 600 toneladas do resíduo e todo o volume está sendo reaproveitado em compostagem orgânica pela Ecocitrus, empresa que atende 100 agricultores familiares. A iniciativa reforça os esforços da Parceria Público-Privada para reduzir a utilização dos aterros sanitários como destino final do lodo e seu comprometimento com a preservação ambiental, um dos pilares que norteiam sua atuação.
“O efluente, material restante do processo de tratamento de esgoto, é rico em nutrientes. Com o aproveitamento do lodo, que é a parte sólida, por meio da compostagem, cumprimos o ciclo ambiental. A reciclagem é uma destinação limpa e sustentável ao resíduo gerado pelas 170 piscinas olímpicas de esgoto que são tratadas ao mês no município, deixando de poluir o meio ambiente”, comenta o coordenador de Operações da Ambiental Metrosul, Tiago Fernandes.
Neste sentido, na ETE Mato Grande, uma das principais do sistema de esgoto administrado pela PPP, está sendo projetado um centro de compostagem próprio que também vai ajudar a transformar o lodo em fertilizante. Um dos destinos do composto será a doação a pequenos produtores agrícolas por meio de parcerias com ONGs voltadas à agricultura familiar na Região Metropolitana de Porto Alegre. “Nosso objetivo é que, em médio prazo, a maior parte do lodo gerado nas estações de tratamento nos nove municípios seja reaproveitada no nosso centro de compostagem”, destaca Tiago.
A cobertura que está sendo implantada nos três leitos de secagem da Estação de Tratamento de Esgoto Mato Grande vai garantir que o lodo resultante do processo não tenha contato com condições climáticas desfavoráveis para o processo, principalmente a chuva. Isso permitirá que o lodo deságue mais rápido e alcance, em menos tempo, o nível de umidade ideal para a compostagem (entre 50 e 60%).
Atualmente, o nível de umidade do lodo que sai do tanque de decantação para os leitos é de aproximadamente 85%, quase líquido. A coordenadora de Meio Ambiente da Metrosul, Fernanda Cenci, comenta que a compostagem exige lodo em estado semissólido, mais pastoso, e com a estufa se obtém o ponto ideal mais rápido, tornando o processo mais dinâmico e eficiente.
“A estrutura permite um maior controle operacional do resíduo, pois, sem a interferência da chuva, saberemos o tempo exato de permanência do lodo no leito de secagem para alcançar o grau de umidade ideal”, diz. Ela complementa, ainda, que o fato de a cobertura ser “transparente” torna o processo mais eficiente, pois não impede a passagem dos raios solares.
A Ambiental Metrosul também está firmando convênios com universidades para o desenvolvimento de pesquisas com foco em novos usos do lodo, além do fertilizante. Uma das possibilidades é como biogás, por exemplo. Existem outras possibilidades que diminuem e até mesmo eliminam a utilização de aterros sanitários para destinação final do resíduo.