edição 34 | janeiro 2022
Texto: Rafael Casado
Subindo morros, margeando córregos ou linhas de trem, as favelas do Rio de Janeiro fazem parte da paisagem urbana do carioca. Na cidade onde as belezas naturais se fundem às construções informais e são exibidas em cartões-postais, a Águas do Rio abraçou, no dia 1º de novembro, o desafio de sanear 525 comunidades da capital, onde vive aproximadamente um milhão de pessoas.
O número de famílias nessas áreas ultrapassa muitos dos outros 26 municípios fluminenses que também fazem parte do contrato de concessão. A empresa chega ao Estado do Rio de Janeiro com o grande desafio de universalizar o acesso aos serviços básicos de saneamento com o abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto para cerca de 10 milhões de pessoas.
Dentro das comunidades, esse desafio é ainda maior: será preciso vencer as condições de relevo acidentado e a falta de urbanização em muitas dessas áreas. As equipes se adequam para lidar com a arquitetura de barracos amontoados, escadas estreitas com degraus irregulares e vielas com larguras reduzidas para a instalação de postes, degraus e grades.
Locais com estrutura precária de energia elétrica e onde pedestres concorrem com o espaço de lazer das crianças, janelas no nível do chão, esgoto sendo lançado em frente das casas em meio a motos e bicicletas.
É importante destacar que a configuração urbana de uma comunidade também está em constante transformação. Constantemente, alguém levanta uma parede, constrói uma laje, porque a família cresce, os filhos se casam. É uma nova família que aumenta a necessidade de água encanada e coleta de esgoto, e isso acontece de forma alheia a qualquer planejamento de infraestrutura urbana.
Por isso, pela primeira vez na Aegea, foi criada na Águas do Rio a Superintendência de Comunidades, com a missão de conquistar a “licença social” junto a moradores e lideranças comunitárias. “Licença” que pode ser traduzida como um resgate da confiança e dignidade do cidadão, que após décadas de exclusão social está totalmente desacreditado da possibilidade de receber um atendimento de excelência.
Para garantir essa qualidade será investido R$ 1,2 bilhão na distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto nas comunidades não urbanizadas, que vão refletir em benefícios à saúde, qualidade de vida, valorização imobiliária e preservação ambiental.
O combate ao desperdício de água também é outra tarefa árdua diante da fragilidade dos sistemas, muitas vezes construídos pelos próprios moradores. Para se ter uma ideia, de acordo com as informações do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) 2021, referência 2020, antes de chegar às residências, 38% da água é perdida na Região Sudeste.
A empresa também adotou um atendimento itinerante para regularização e melhorias na prestação de serviços em áreas de vulnerabilidade social e investe na ampliação da Tarifa Social, facilitando o acesso aos serviços e promovendo dignidade aos clientes de baixa renda.
A Superintendência de Comunidades atua como um canal direto de relacionamento com as lideranças comunitárias para entender as necessidades locais e agilizar as soluções. Todas as ações acontecem com as bandeiras de compliance hasteadas e supervisão constante dos gestores.
Em uma das comunidades na zona norte do Rio, na Ilha do Governador, a substituição de 50 metros de tubulação acabou com problemas de esgoto que desciam o morro sem canalização. A obra também recompôs a escadaria de um dos principais acessos dos moradores.
Alguns acompanharam a obra de perto, muitas vezes oferecendo água para os trabalhadores nos dias de sol forte. É o caso de Genildes Evangelista, de 68 anos, que mora há quatro décadas no local.
“Há cinco anos vejo esse esgoto escorrendo pela rua e em dois dias a obra foi feita. Queremos que sintam essa felicidade que estamos vivendo. Não é um sentimento só meu, mas de todos os vizinhos! Agradecimento e retribuição. Por isso tivemos a preocupação de dar um suporte, oferecendo água para os trabalhadores que se esforçaram no sol e na chuva. Finalmente estou livre desse esgoto, do mau cheiro e das doenças”, afirma Genildes.
O propósito da Águas do Rio vai além dos serviços de saneamento básico. A companhia também vem implementando iniciativas para promover a transformação social, com a geração de emprego e renda, inclusão, educação e saúde. Tanto que, dos cerca de cinco mil funcionários contratados, quase a metade é formada por moradores de comunidades selecionados por meio das oficinas de currículo, desenvolvidas pela empresa, com o apoio e a participação das lideranças comunitárias. Muitos engenheiros, arquitetos, auxiliares de escritório, eletricistas, recepcionistas, entre outras profissões, que, prejudicados pela pandemia de COVID, estavam em busca de uma recolocação no mercado de trabalho. É o caso de Rafael Felix dos Santos, de 28 anos, morador do Morro dos Cabritos, no bairro de Copacabana, zona sul do Rio, formado como técnico de segurança do trabalho e eletrotécnica.
“A Águas do Rio enxerga e trata a comunidade com muito respeito. Dá para ver que a empresa chegou mesmo com vontade de mudar a situação do saneamento básico no estado. Isso fica claro quando são contratados diversos moradores de comunidades, como eu. A empresa sabe que essas pessoas têm muito potencial e só precisam de oportunidade. Outra questão que me chama atenção por aqui é a quantidade de processos seletivos internos que a empresa oferece; isso estimula os colaboradores. A cada vaga divulgada eu sinto mais vontade de me desenvolver e crescer profissionalmente. As comunidades têm força e sua gente tem muito a mostrar. Tenho orgulho de onde eu sou e de trabalhar na Águas do Rio”, comenta Rafael.
O próximo passo será o desenvolvimento de programas sociais. Um mapeamento das ações está sendo preparado com o apoio de agências e instituições parceiras, com longo histórico de trabalhos sociais em comunidades. Os programas serão implementados de forma personalizada, alinhada à realidade e à necessidade de cada comunidade.
São muitos os desafios, mas a Águas do Rio está empenhada para fazer acontecer e voar alto nos céus do Rio. Lembrando que do alto tudo é lindo, mas é de perto que se enxergam os problemas da cidade. Por isso é preciso estar o mais próximo da realidade para melhor atender os clientes.