edição 32 | julho 2021
Texto: Ana Paula Garcia
Estudos técnicos coordenados pelo Departamento de Fiscalização Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Serra (ES) e concluídos em fevereiro deste ano indicam que os principais vilões da poluição do Córrego Laripe são as ocupações irregulares, o descarte indevido de resíduos e as ligações clandestinas de esgoto.
O estudo foi realizado pelo grupo de trabalho criado em 2019 após a instauração de inquérito pela 7ª Promotoria de Justiça Cível de Serra, do Ministério Público Estadual. Formado por representantes de outras secretarias municipais e lideranças comunitárias, além da Cesan e da Ambiental Serra, o grupo identificou os principais agentes causadores de poluição do Córrego Laripe, um dos corpos hídricos que deságuam na Praia de Manguinhos.
Entre as ações realizadas estão levantamentos de dados, vistorias, reuniões e coleta em cinco pontos distintos ao longo do córrego para análises laboratoriais. “O trabalho foi feito com foco em cinco frentes – ligações clandestinas, sistema de drenagem, ocupações irregulares, resíduos e análises laboratoriais. Ficou evidente o grande impacto gerado pela disposição irregular de resíduos urbanos e de construção civil, das ligações clandestinas com descarte irregular de esgoto in natura direto no córrego e da presença de ocupações irregulares”, ressalta o diretor-presidente da Ambiental Serra, Justino Brunelli.
Em contrapartida, ao analisar os bairros com influência direta na bacia do córrego, o grupo de trabalho percebeu um alto índice de adesão e cobertura de rede de esgoto. Na região, 97% do total de imóveis já é atendido pelo sistema de coleta e tratamento de esgoto. O indicador de adesão do local, que é o percentual de imóveis interligados relativo ao total de imóveis cobertos pela rede, é de 95,99%. Todo o esgoto coletado pela Ambiental Serra é tratado segundo rígidos controles de qualidade.
“A degradação do Córrego Laripe é resultado de diferentes fatores ao longo de décadas. O córrego possui baixa vazão de água corrente, fazendo com que os resíduos lançados irregularmente, como plásticos e vidros, por exemplo, se acumulem no fundo, junto com outros em decomposição. Em período de chuvas mais intensas, acontece o revolvimento das águas do córrego com os sedimentos depositados no fundo, formando uma coloração escura na água que chega até o mar. Isso já aconteceu na Praia de Manguinhos em 2019”, explica o diretor-presidente da Ambiental Serra, Justino Brunelli.
Depois de atestar a infraestrutura da rede coletora de esgoto na região, o grupo de trabalho continua atuando. Estão sendo tomadas as devidas providências relacionadas às ocupações irregulares identificadas durante esse período, com fiscalização do lançamento irregular de resíduos sem tratamento no Córrego Laripe ou depositados em suas margens, além de conscientização da população.
– Se há rede de esgoto disponível, faça sua ligação. Entre em contato com a concessionária responsável pelo serviço de esgoto pelo número 115 a qualquer hora do dia ou da noite. A chamada é gratuita.
– Antes de lavar a louça, limpe as sobras de comida e jogue no lixo.
– Não descarte no vaso sanitário bitucas de cigarro, fio dental, absorventes e outros materiais.
– Óleo de fritura descartado na tubulação endurece e facilita que outros resíduos “grudem” na rede, gerando obstrução. O correto é colocar o óleo usado em garrafas de plástico e entregá-lo para reciclagem. Várias concessionárias da Aegea têm um projeto de coleta, o De Olho no Óleo.
– Restos de eletrodomésticos, construção e móveis devem ser descartados em locais apropriados e longe de córregos e rios.