edição 38 | 2023 | janeiro a março
Radamés Casseb,
CEO da Aegea.
Texto: Rosiney Bigattão
Mudanças climáticas, alterações políticas e cambiais, novas formas de relações de trabalho, ambiente polarizado e ambíguo. Como pensar no futuro do planeta diante de tantos dilemas pessoais, profissionais e corporativos?
A resposta deve começar individualmente, pois o dilema é o mesmo para todos: indivíduos, famílias, profissionais ou empresas, na visão do CEO da Aegea, Radamés Casseb. “Como estou me preparando, quero fazer parte desse processo, enfrentando o mundo com coragem para deixar um legado? Ou vou me deixar levar pelos acontecimentos sem dar a minha contribuição? Porque tivemos a pandemia, a guerra na Ucrânia e outras mudanças devem vir, por isso estas devem ser as nossas reflexões”, afirma.
Radamés lembra um conceito antigo já para a Aegea: a empresa são as pessoas. “Um conjunto de CNPJ em um pedaço de papel não agrega as pessoas, assim como um contrato não segura a prestação de serviços, o que faz as pessoas estarem na Aegea é um conjunto de interesses. A grande maioria chega atraída pela oportunidade de trabalhar, de ter um salário para se manter, mas a contrapartida de estar fazendo a diferença é muito forte entre nós, da Aegea, é o que fica, pois o que nos une é o nosso propósito”, enfatiza.
“A empresa que queremos construir ainda não existe”, diz Radamés Casseb. “Mas, na construção diária que se faz em cada uma das 171 cidades onde atuamos, entre os mais de 11 mil colaboradores, existe uma grande certeza: a vontade de que esta empresa ajude a fazer da Terra um planeta mais igualitário e sustentável. Um lugar mais inclusivo. Isso precisa ser relembrado, cultivado e estimulado, porque assim vamos agregar mais gente, consolidar mais sonhos e conseguir ir mais longe se os nossos valores estiverem permeados entre a maior quantidade de pessoas”, diz.
Na formação de várias vozes necessárias para esta construção, a Aegea busca mecanismos para compartilhar prosperidade. Ações com coerência, que resultem na evolução da rede de esgoto ou no plantio para recuperação de áreas degradadas, por exemplo. Atua também para maior inclusão social, dando oportunidades para as franjas vulneráveis de trabalho, de educação e de cidadania. Também dá voz às lideranças comunitárias que aprendem junto com a empresa como se posicionar para defender o seu núcleo de interesse.
“O propósito é o que nos move, é como se fosse uma bandeira mais à frente, estamos sempre tentando alcançar, e o que nos guia para tomar as decisões no dia a dia das operações são os nossos valores. Em cada pequena cidade, nas atuações dos times, na inclusão dos vulneráveis, na solução de conflitos, em cada posicionamento perante o cliente ou ao dar prioridade para as soluções de problemas, apesar das realidades diferentes, tudo está interconectado pelos valores em que acreditamos. Toda hora que algo muda, que a pandemia chega e vai embora, que a economia piora ou melhora, são nossas crenças que nos orientam. Funcionam como uma lente por meio da qual olhamos os cenários para nos auxiliar na tomada de decisões alinhadas ao nosso propósito”, conta ele.
“Quando a gente ergue as nossas bandeiras de crenças, traduzidas aí em alguns gols, até materializadas em instrumentos de financiamento, de forma a engajar de maneira mais sistemática isso tudo em que acreditamos, todo mundo se sente presente”, afirma ele. Para o CEO, a sensação de pertencimento na Aegea tem uma zona de convergência alta. “As pessoas que estão aqui creem, querem, desejam ser acessíveis, se comunicar, fazer o bem para as pessoas. Sabem da importância de ambicionar estar fazendo parte de algo maior do que a empresa, do que a sua cidade e do que nos foi ensinado. Isso dá um sentido ao colaborador, seja o leiturista, da eletromecânica ou da engenharia, de estar construindo alguma coisa maior”, afirma.
São os valores também que possibilitam que a Aegea seja a mesma em qualquer lugar onde atua. “A empresa no Ceará é diferente daquela do Amazonas, que é diferente da do Rio de Janeiro, que será diferente da do Rio Grande do Sul, e o que mantém nossa brasicidade? É o denominador dos valores. Para onde a gente vai caminhar se as empresas e as pessoas que estão chegando são tão diferentes? Continuam sendo os valores. São os valores que vão garantir que a empresa continue a materializar a perseguição dos nossos objetivos. Se o mundo está ambíguo, desafiador, inesperado, de maneira global, onde vai ser nossa fortaleza? É o que a gente acredita”, diz Radamés Casseb.
“Se a gente quer construir um lugar melhor, começamos pelo lugar em que a gente está. É isso que vai garantir que a gente continue navegando em um oceano azul”, afirma o CEO. Por isso, fortalecer as estruturas que trouxeram a Aegea até aqui é a grande meta para 2023. “Nenhum de nós está preparado para esse desafio, que é novo, é antropológico, é gigante, vai exigir uma enorme preparação, uma grande dose de humildade para nos aproximar de pessoas que sabem mais do que a gente, para estudar, para discutir e avançar. Temos valores e um propósito bem definidos, o que é uma grande vantagem competitiva, mas temos muito trabalho pela frente”, aponta.
Para dar ideia da dimensão do que vem pela frente, Radamés lembra que não adianta falar em universalização dos serviços de água e esgoto se a preocupação não for com a próxima ligação, em conectar mais uma família à rede. Para ele, esta é a conta: cada ligação importa, toda família faz diferença. “É a história da floresta – não adianta plantar uma árvore só, por mais que seja frondosa, forte, não vai resolver. Como é que vamos atrair mais interessados em formar uma floresta inteira? Fortalecendo ainda mais nossa cultura, nossas crenças e focando no que é importante, de fato”, diz ele.
Veja mais sobre os valores, o propósito e como a Aegea está se preparando para os desafios na matéria a seguir.