edição 34 | janeiro 2022

A NOVA AEGEA

Oportunidades e desafios do crescimento

Texto: Rosiney Bigattão

Ao vencer o leilão da Cedae, em abril do ano passado, a Aegea praticamente dobrou de tamanho. Com os novos 27 municípios, o número de pessoas atendidas passou de 11 milhões para 21 milhões. É como se uma nova Aegea, quase do tamanho da anterior, tivesse sido criada. Para se ter uma ideia, a Sabesp, uma das maiores empresas de saneamento do mundo, atende a 28,6 milhões de pessoas.

Além de se consolidar como a maior empresa do setor privado de saneamento, a Aegea ficou no foco das atenções por ter vencido o maior leilão de infraestrutura do país. E também por se tratar do Rio de Janeiro (RJ), uma das maiores economias brasileiras e um dos destinos turísticos mais procurados do mundo. Uma oportunidade enorme para se tornar mais conhecida e adquirir maior credibilidade no mercado.

Desafios do Rio para toda a Aegea

Em contrapartida, a Aegea passa também a ter desafios tão grandes quanto as projeções. A empresa trouxe para o seu dia a dia a busca por soluções urgentes para o saneamento brasileiro, como levar água e esgoto tratados para populações de comunidades vulneráveis, moradores de áreas de preservação ou mesmo sem nenhum tipo de estrutura urbana (veja na Entrevista e em Cidades Mais Azuis os investimentos que já estão sendo feitos).

A conquista inclui ainda o compromisso em solucionar a poluição e a degradação ambiental por falta de saneamento de alguns ícones como a Baía de Guanabara e a Lagoa Rodrigo de Freitas, entre outros. Um trabalho que também já começou, como explica Alexandre Bianchini, o diretor-presidente da Águas do Rio, nas matérias indicadas acima. Mostramos ainda a atuação na lagoa em uma reportagem na seção Meio Ambiente.

A Baía de Guanabara é muito simbólica em termos de saneamento. Uma bela paisagem que reúne morros, água, vegetação e arquitetura singular que encanta poetas, artistas e pessoas do mundo todo desde tempos remotos, como diz Dawid Danilo Bartelt no prefácio do livro Baía de Guanabara, descaso e resistência, de Emanuel Alencar, escrito na época das Olimpíadas de 2016.

A publicação é um relato de como séculos de despejo de esgoto sem tratamento mancharam – e mancham – a extrema beleza do lugar. Será preciso fazer o caminho inverso, levando acesso à rede de esgoto para os moradores do entorno, reconstruindo sistemas de coleta, enfim, serão R$ 2,7 bilhões de investimentos para que o ecossistema, símbolo nacional protegido pela Organização das Nações Unidas (ONU), volte a respirar.

No primeiro dia em que assumiu, a Águas do Rio iniciou a recuperação do sistema de esgotamento sanitário daquela região, com a troca de tubulações que estavam deterioradas e a modernização das estações  elevatórias que bombeiam o sistema. 

O jeito Aegea de ser sustenta o crescimento da empresa

Cresceram também as oportunidades para a empresa. Hoje, uma nova Aegea surgiu, centrada no mesmo propósito, valores e jeito de ser traçados muito antes da batida de martelo que a fez crescer tanto de uma só vez. São poucas as empresas que conseguem ter um crescimento tão vertiginoso sem perder sua essência. A principal aposta da empresa neste sentido é a trajetória que ela construiu até aqui.

Um dos pilares para sustentar o crescimento mantendo o seu jeito de ser é o Modelo de Operação Aegea, o MOA. É apoiado em três vertentes: gestão, engenharia e tecnologia. As diretorias, com profissionais que conhecem os valores da Aegea, disseminam a cultura da empresa por todas as concessionárias, em cada unidade. São os talentos certos nos locais certos, como afirma o CEO, Radamés Casseb.

“O nosso modelo de operação tem uma alta capacidade de se expandir porque funciona com a fluidez da água. Ele se propaga fluido porque os valores e a crença são muito fortes. Nosso propósito é poderoso: movimentar vidas, transformar a vida das pessoas por meio do saneamento, com mais saúde e dignidade. Então, as áreas de tecnologia e inovação, de engenharia e de gestão, e o centro da cultura da Aegea estão assentados para isso”, afirma Radamés.

Para o CEO, ser a maior empresa foi consequência de todo esse processo. “Sou seguro ao falar que a ambição da companhia sempre foi ser uma empresa de excelência no setor, ser uma das lideranças relevantes na vanguarda da gestão do saneamento no Brasil. Ser a maior é resultado de estar sempre se desafiando a fazer da melhor forma o que você faz, tanto para as pessoas atendidas como para os investidores que acreditam no nosso trabalho”, diz.

A nova estrutura: quatro regionais

Para sustentar melhor o crescimento, a Aegea agora está dividida em quatro regionais. Na Regional 1 estão as unidades de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Na R2, as de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. A Regional 3 reúne as concessionárias de Manaus, Barcarena, Timon e Teresina. Na nova unidade, a R4, estão as do Rio: a Prolagos, em 5 municípios, e a Águas do Rio, em 27, incluindo a capital. 

Talentos foram transferidos de lugar para expandir e consolidar o Modelo de Operação Aegea, pois, segundo o CEO, independente do cargo ou da área, todos são capazes de levar os mesmos valores e critérios para a tomada de decisões para um novo ativo. A Academia Aegea tem um papel preponderante nesse processo, pois os aprendizados individuais e coletivos são discutidos por meio da Academia Aegea e propagados para um novo negócio.

“Com o Modelo de Operação Aegea também conseguimos inspirar os colegas com os aprendizados no tempo de vida da companhia por conta do exercício do ciclo de gestão que acontece rotineiramente, das reuniões de time e de núcleos de negócio, entre as unidades e as regionais. Um processo de engajamento que está com um potencial elevadíssimo. Tudo isso representa a manutenção do coração e dos valores da companhia”, conta ele.

Oportunidades para todos

As oportunidades com o crescimento da Aegea são para todos. Segundo o Panorama da Participação Privada no Saneamento 2021, da Abcon/Sindcon, apenas com a concessão da Cedae no Estado do Rio de Janeiro, para a Aegea e outras empresas, são estimados 400 mil empregos diretos e indiretos. Entre os setores beneficiados estão a construção civil, fabricantes de máquinas, equipamentos e materiais plásticos, tecnologia e serviços.

Só a Águas do Rio já contratou quase cinco mil colaboradores, a maior parte de comunidades, seguindo um dos talentos da Aegea que é o brasicidades – a capacidade da empresa em reconhecer e valorizar a cultura local dos municípios onde está inserida. “Pelo exemplo e atuação de cada um a gente consegue influenciar um movimento positivo não só para as concessões onde atuamos, mas para o mercado de saneamento como um todo”, afirma Radamés Casseb.

Dicas do CEO para os colaboradores

Para quem quer crescer junto com a companhia, o CEO Radamés Casseb indica, em primeiro lugar, fazer uma reflexão. “Faz sentido para você, se sente à vontade servindo a outra pessoa? Verifique o seu propósito”, diz. O segundo ponto é o aspecto cultural. “A companhia tem como um dos traços marcantes a atuação em equipe, colaborar uns com os outros, atuar de forma contundente nos temas em que acredita. Observar a cultura da empresa como aprendizado para o melhor desempenho individual e coletivo”, pontua.

E a terceira: seja íntegro. “Não só no sentido da integridade e ética, que são muito importantes, mas de entrega. Em um processo de discussão no qual o colega se priva de dar a sua opinião ou de defender um ponto de vista, todos perdem”, aponta ele. E resume: “Se o propósito está certo, se existe a confiança de trabalho em equipe e se houver uma busca pela integralidade da atuação, estaremos juntos construindo mais crescimento para todos”.

“Os colegas que estão aqui há mais tempo têm essas características marcadas na pele. São pessoas que confiam e atuam em equipe, que têm disposição para servir e não hesitam em se doar por inteiro nas discussões, seja em temas pequenos ou grandes, com a intensidade de quem é líder, com a responsabilidade de quem tem de emitir uma opinião, provocar a evolução. A Aegea está passando por um bom momento e estamos trabalhando para crescer e evoluir ainda mais”, finaliza.

Serviço

Para ler mais sobre o Panorama da Participação Privada no Saneamento 2021, da Abcon/Sindcon, acesse: https://www.abconsindcon.com.br/wp-content/uploads/2021/07/PAN21-BAIXA-final.pdf