edição 33 | outubro 2021

OLHAR PARA O FUTURO

Aegea busca mais tecnologia e inovação para servir cada vez melhor

Texto: Rosiney Bigattão

Se fosse possível resumir em apenas duas palavras o que a Aegea quer ver em seu futuro, elas seriam pessoas felizes. De um lado, felizes por receberem água tratada e de qualidade e terem acesso à rede de coleta e tratamento de esgoto. Do outro, felizes em servir: em levar água tratada de qualidade, coletar e tratar o esgoto para que o meio ambiente seja preservado, as pessoas tenham saúde e dignidade e as cidades possam se desenvolver.

Por isso o resumo não pode ser tão simplista assim. A Aegea acredita que é preciso incorporar as boas práticas de ESG (meio ambiente, social e de governança) em suas ações. Por meio delas, com muita tecnologia e inovação, atingir o maior número de pessoas no menor tempo possível para resolver um dos maiores gargalos da infraestrutura brasileira. Ainda são quase 35 milhões de brasileiros sem água e 100 milhões sem acesso à rede de esgoto. 

Inovação como agente de transformação

Radamés Casseb, CEO da Aegea.

Para Radamés Casseb, a inovação pode trazer as mudanças que o Brasil precisa no setor. “O conceito de inovação é criado dentro do ambiente de restrição, normalmente a dificuldade é a mãe da criatividade, provocando um olhar disruptivo, um insight criativo e o desenvolvimento metodológico de uma solução. Em ambientes com restrição de acesso à água, se buscam alternativas como a dessalinização, por exemplo”, diz.

No Brasil, as restrições quanto ao acesso aos serviços de saneamento são de outra ordem, aponta ele. “Temos aqui o risco contratual ou mesmo a necessidade de levar os serviços de saneamento para pessoas mais vulneráveis. Foi o que nos levou a adotar as soluções de abastecimento como as redes aéreas, nas palafitas de Manaus (AM), que podem ser replicadas em escala para regiões com restrição de capital”, afirma Radamés.

Soluções do Brasil para o mundo

“A partir desse ponto de vista, o Brasil tem muito a oferecer, em campos onde a inovação pode fazer muita diferença, com características que a gente não encontra no mundo. Nossa crença é a de que esse estímulo traga o amadurecimento do setor, gerando muita coisa boa por aí”, afirma. “A utilização de ferramentas tecnológicas na gestão da infraestrutura é a próxima fronteira que bate na porta das companhias de saneamento”, diz ele.

 

“Sabemos do nosso papel como agentes de transformação. Hoje, temos o compromisso de levar água e esgoto tratados para 21 milhões de pessoas. O futuro é fazer com que a busca pela eficiência da empresa permita que elas tenham acesso de maneira mais rápida, mais eficiente e que a Aegea contribua para essa mudança na vida das pessoas mais cedo. Esse é o nosso propósito e o legado que estamos construindo”, afirma Radamés Casseb, CEO da Aegea.

Cuidar do time para cuidar bem das pessoas

A empresa, que acaba de ganhar mais um reconhecimento, como a melhor do setor no anuário Valor 1000, estrutura sua visão no amanhã em três grandes frentes de trabalho. Alinhadas ao planejamento estratégico, envolvem todos os setores e unidades. Por trás de cada uma, o que se quer é atender ao propósito da empresa: o de servir, cada vez com mais qualidade e eficiência, ampliando o atendimento sem perder os diferenciais da Aegea.

“A Aegea já tem um desempenho reconhecido por adotar as melhores práticas de gestão. Temos a Academia Aegea que consolida nosso modelo na formação de pessoas, mas é preciso evoluir ainda mais. Ter o time certo, no engajamento certo e no desafio certo é o que vai fazer a diferença nesse futuro. Precisamos que cada um cuide bem do seu time para que a Aegea consiga cuidar cada vez melhor das pessoas”, diz o CEO da Aegea.

Três frentes de atuação, uma prioridade: pessoas

Das três frentes, uma atua para expandir a forma de atuação, chamada de Modelo Operacional Aegea, o MOA. A segunda vem da área de Tecnologia da Informação (TI), que está fazendo uma verdadeira revolução nos sistemas da empresa (leia mais sobre o assunto na seção Entrevista). E a terceira é a da Engenharia da Operação, apoiada em duas vertentes: uma pensa no amanhã, busca o que há de novo no setor, e a outra implanta as novidades e cuida do dia a dia.

Um modelo que se atualiza sem parar

Fernanda Bassanesi, diretora de Gestão da Aegea.

O MOA, Modelo Operacional Aegea, é como um guardião de aprendizados. “O viés de encontrar soluções, metodologias e tecnologias inovadoras sempre esteve presente na Aegea. É uma provocação constante em busca de melhores resultados que faz parte do nosso DNA. Para não gastar tempo repetindo processos já experimentados, documentamos e registramos as lições aprendidas”, diz Fernanda Bassanesi, diretora de Gestão da Aegea.

“A cada contratação, na formação de líderes, na incorporação dos trainees, nas novas unidades que a Aegea assume, o MOA vai sendo replicado. Ele permeia a empresa inteira. Como é muito dinâmico, tem um processo constante de atualização”, conta a diretora. Se atualiza na prática, no dia a dia, com uma busca constante dentro e fora da empresa por uma prestação de serviço mais eficiente.

O MOA também olha fora, traz do mercado internacional, por exemplo, inovações e tecnologias que são adaptadas à realidade do país. “Nossa procura também é por novas formas de atendimento. Estamos cuidando muito do relacionamento, buscando formas de estar mais próximos do nosso cliente, pois a onda de digitalização que veio com a COVID-19 acelerou outros jeitos de se comunicar e de fazer negócios. A Aegea está atenta às mudanças do mercado”, diz.

Ao assumir uma nova empresa, é o MOA que norteia a atuação. “A área de Novos Negócios incorpora as tecnologias que são usadas no dia a dia das concessionárias, como a avaliação por satélite e a utilização de drones para um diagnóstico mais assertivo. Tudo isso agiliza o trabalho e confere maior segurança na escolha das melhores soluções para implementar naquela localidade”, afirma Fernanda Bassanesi.

Para ela, as novas tecnologias vão ajudar cada vez mais a preservar o meio ambiente. “O MOA carrega também a pauta do ESG, intimamente ligada ao nosso negócio: somos ESG por raiz, por natureza. Devolver uma água limpa tratando o esgoto com o máximo de eficiência, reduzir as perdas de água evitando o desperdício de recursos, investindo em tecnologia para usar uma energia muito mais limpa em  nossas operações. É esse ambiente cada vez mais sustentável que a Aegea quer”, pontua a diretora.

Inovação no dia a dia das operações

Moisés Salvino, gerente de Engenharia da Operação da Aegea

Ao olhar para o futuro, quem está na Engenharia da Operação quer ver solucionados os entraves que o setor enfrenta hoje. Diminuir as perdas de água tratada, elevar a eficiência dos sistemas e otimizar o uso dos recursos para melhorar e ampliar cada vez mais o atendimento sendo referência no mercado. Entre as inovações que estão sendo implantadas estão inteligência artificial, com redes neurais e algoritmos genéticos (leia mais abaixo).

Antes da implantação dessas tecnologias, é preciso fazer um trabalho anterior. Conhecer as redes implantadas, ter sistemas de modelagem com válvulas redutoras de pressão e sensoriamento remoto, enfim, uma série de equipamentos e sistemas que permitam a análise de dados e simulações. As redes novas geralmente já têm essa estrutura, mas, no Brasil, grande parte é antiga e defasada.

“Em comparação às outras indústrias, o saneamento tem muito a crescer ainda no que tange a tecnologia e a inovação. A Aegea já é uma das que mais inovam e a transformação é gradativa. Usamos modelagem hidráulica (veja box) em quase todas as unidades e caminhamos para a operação automatizada. Com soluções inovadoras, vamos de fato contribuir para melhorar os serviços e o setor como um todo”, diz Moisés Salvino, gerente de Engenharia da Operação.

O modelo hidráulico, entre outras tecnologias, ajuda a resolver um dos maiores problemas para modernizar a operação de saneamento no Brasil: um cadastro correto do que realmente foi implantado. “Quando a empresa assume uma rede antiga, acaba desconhecendo o que está enterrado lá, a idade dos tubos e equipamentos. A modelagem, junto com o sensoriamento, traz uma visão estratégica para uma atuação mais eficiente”, afirma Moisés Salvino. 

Segundo o gerente de Engenharia da Operação da Aegea, a empresa está na linha de frente e vai trazer muito desenvolvimento para o setor. “De uma certa forma, estamos abrindo caminhos. É a busca pela melhor forma de operar, de utilizar ativos com eficiência, minimizando a questão do desperdício de água e energia. Na ponta final, é mais água de qualidade e sem interrupção, para um número maior de pessoas. É o que mais importa”, aponta.

O passado que constrói o futuro: estrutura de inovação

Marco Aurélio Pereira da Silva, gerente de Infraestrutura Digital.

“A Aegea é uma empresa visionária, está sempre pensando à frente, avaliando tendências e oportunidades de inovar, focada na eficiência em todas as áreas”, diz o gerente de Infraestrutura Digital, Marco Aurélio Pereira da Silva, ao responder por que a Aegea tem sido uma empresa inovadora. “Estamos iniciando um convênio com a Universidade Federal Fluminense apoiando pesquisa na área de produção de energia a partir do hidrogênio, usando fontes renováveis. Esta iniciativa está alinhada ao conceito de Economia do Hidrogênio, forte tendência nos próximos anos. Temos alguns projetos em andamento com outras universidades”, diz ele.

Segundo ele, para entender melhor onde a Aegea está e aonde pretende chegar é importante voltar o olhar para a trajetória da empresa e analisar como ela chegou até aqui. “São 11 anos investindo em melhores serviços e, desde então, vem se desenvolvendo, obtendo cada vez mais reconhecimento e prêmios  por ser inovadora, porque existe um programa de inovação bem estruturado, com grupos de trabalho como o MOA, o Modelo Operacional Aegea”, afirma.

A estrutura de inovação da Aegea tem governança própria, alicerçada no que há de mais atual em gestão na área. Inclui a Inovae, uma plataforma criada para engajar os funcionários. “A Inovae é a forma que Aegea encontrou de escutar colaboradores. É aberta a toda e qualquer pessoa que quer desenvolver uma nova ideia. Atinge os mais de 5.000 funcionários e tem cerca de 400 projetos inscritos, sendo que 100 deles já foram implementados”, conta Marco Aurélio. “Tem ainda o Prêmio Inovação Aegea, que está na quinta edição”, conta o gerente.

A Aegea também busca no mercado mais inovação com um trabalho direcionado às universidades, apoiando iniciativas que podem fazer a diferença e incentivando startups (veja matérias sobre o assunto nesta edição). 

Criando líderes inovadores: um vírus do bem

A inovação se espalhou na Aegea, segundo ele. “O núcleo de Eficiência e Tecnologia, criado em 2013, contribuiu para isso. Jovens trainees e profissionais foram integrados ao núcleo para estimular o engajamento com o tema. Depois, alguns foram deslocados para outras unidades, impregnados com essa forma de pensar, enxergando novas perspectivas em cada novo desafio. É assim que funciona o nosso modelo operacional, o MOA. Temos vários exemplos na empresa de jovens que hoje são líderes e levam no coração deles essa cultura da inovação, que foi criada lá atrás”, aponta Marco Aurélio.

O CEO da Aegea, Radamés Casseb, compara o Modelo Operacional Aegea a um vírus. “Ele contamina fácil, se propaga de forma fluída porque os valores e a crença são muito fortes. O nosso propósito é poderoso: movimentar vidas, levar dignidade para as pessoas”, diz ele. E faz um convite: “que o mercado venha conhecer a equipe da Aegea para ter contato com as nossas operações. Pelo exemplo, vamos conseguir influenciar, gerar um movimento positivo não só para as concessões onde a gente atua, mas para o mercado de saneamento como um todo”, afirma o CEO.

Inteligência artificial no saneamento

Inteligência artificial são algoritmos ou metodologias que tentam simular a forma como o ser humano pensa. Podemos citar aí a lógica fuzzy, redes neurais artificiais ou algoritmo genético. Para cada um deles eu tenho uma forma de aplicação. A rede neural funciona em cima de um histórico de dados e ela constrói um padrão de conhecimento a partir dele. É mais ou menos como nós humanos interpretamos uma determinada ação: quanto mais informação você recebe do funcionamento de determinado processo, melhor a visão que vai ter para otimizá-lo. O algoritmo genético, que também está sendo utilizado na Aegea, não precisa de histórico. Ele inicia a solução do problema aleatoriamente e apresenta várias opções de resolução – milhares. E vai fazendo um ranqueamento e a seleção dos melhores resultados. Por exemplo, de mil soluções possíveis, tem 600 ruins e 400 boas. Ele pega as 400 que são boas e reproduz, como se fosse uma espécie, gerando uma nova geração de resultados, e continua, sucessivamente. Vai convergindo para uma gama de soluções ótimas a fim de resolver aquele problema, tudo em questão de segundos. Imitando a evolução das espécies.

Exemplo de algoritmo genético no abastecimento

Um exemplo: para abastecer uma cidade eu tenho dez bombas e dez válvulas redutoras de pressão, por exemplo. São vinte elementos para fazer combinações entre eles. Posso ligar a primeira bomba, desligar a segunda, deixar a terceira operar com 80% da capacidade, a quarta com 70%, então se tem uma infinidade de possibilidades. Aí eu pergunto: qual a melhor combinação desses elementos para que eu abasteça garantindo a melhor qualidade? Com pressões adequadas para minimizar perdas, para manter a regularidade e ter o menor consumo de energia.

Tecnologias implantadas: modelagem hidráulica

É uma ferramenta que existe em praticamente todas as unidades da Aegea e funciona como gêmeo digital da infraestrutura existente. Permite que, antes de operar o sistema fisicamente, se façam testes por meio de simuladores de eventos que antecipam resultados. Com isso, se ganha tempo e, entendendo melhor o sistema, é possível atuar de forma mais otimizada, com melhores resultados.

DICAS PARA SER INOVADOR

Estar ao lado dos jovens talentos

Para o CEO da Aegea, Radamés Casseb, a melhor forma de se inspirar para a inovação é estar ao lado dos jovens talentos. Escutar o que eles têm a dizer. “Eu estou correndo atrás deles. Tento dar espaço aos jovens talentos que batem à nossa porta a cada dia para respirar esse ar inquisitivo, de dúvida e, ao mesmo tempo, permeado de provocações nesse viés tecnológico. Então, estar mais perto deles tem sido a minha receita pessoal pra me manter atualizado, provocado e motivado”, afirma.

Ter um olhar crítico

Moisés Salvino, gerente de Engenharia da Operação, diz que é preciso ter um olhar crítico, procurar uma forma de fazer diferente. “Essa é uma procura praticamente diária. Temos de ir sempre além do que está na mesa e das tecnologias já apontadas para buscar mais eficiência. Temos parceiros de pesquisa e inovação, então é buscar as tecnologias que ainda estão por vir. A Aegea está sempre investindo, é só seguir em frente, aproveitando as oportunidades. São os nossos clientes que nos impulsionam”, diz ele.

Atenção ao que acontece no mercado

Para Fernanda Bassanesi, diretora de Gestão, é estar atento ao que acontece no mercado, buscar inspiração, não se limitando ao setor de saneamento, mas, sim, ampliando o horizonte da análise. Investir em conhecimento, participar de fóruns e debates com instituições, empresários e líderes. “É aproveitar as oportunidades para aprender novas tecnologias e novas formas de fazer negócios e ter contato com visões diferentes de mercado. É por meio desse olhar que procuro me manter atualizada  com o que acontece de inovador”, orienta a diretora.

Estudar e debater novas ideias

O gerente de Infraestrutura Digital diz que é preciso estudar, se atualizar constantemente. “Funcionamos como um radar, o tempo todo estudando e pesquisando o que está acontecendo em saneamento pelo mundo. Participamos de conferências e feiras técnicas em países como Israel, Singapura, Alemanha, Estados Unidos e, agora, via web, fazemos parte de um fórum mundial com 20 concessionárias, a única da América Latina é a Aegea. Tem muitos grupos de trabalho, pessoas que se reúnem para trocar ideias”, diz Marco Aurélio Pereira da Silva.