edição 31 | abril 2021
Natália Marques Teixeira, gerente de Processos de Engenharia, explica como se dá o processo do ciclo da água na Aegea.
Texto: Rosiney Bigattão com colaboração de Jefferson Gonçalves e Lucas Nogueira
Ela é engenheira química por formação, especialização e por uma paixão que carrega desde a adolescência. Como as antigas alquimistas da Idade Média, que buscavam a pedra filosofal para transformar os produtos que passavam pelas suas mãos em algo mais valioso, Natália sempre quis trabalhar na área ambiental para tornar o mundo “um pouquinho” melhor. Depois de formada, foi no saneamento que encontrou o espaço para se realizar. E se diz cada vez mais apaixonada pelos processos que transformam água bruta em mais saúde para as pessoas e melhoram a qualidade dos recursos hídricos quando essa mesma água, bem tratada mais uma vez, é devolvida para a natureza.
“Água é vida, é o começo de tudo. Fico imaginando o que seria dessa pandemia se não estivesse chegando água tratada à casa das pessoas e aos hospitais. Mas ainda não chega para todo mundo e é isso que nos motiva aqui na Aegea a trabalhar a cada dia”, diz Natália Marques Teixeira, gerente de Processos de Engenharia, que trabalha há seis anos na Aegea e atualmente é uma das responsáveis pelas estações de tratamento de água e de esgoto. Em toda a Aegea, são mais de 5.200 “Natálias” – colaboradores que, mesmo atuando em processos que não estão diretamente ligados à água ou ao esgoto, ajudam a fazer o ciclo acontecer (leia a matéria a seguir sobre a paixão que movimenta a empresa).
Cada um desses “alquimistas contemporâneos” é extremamente importante para a qualidade final dos serviços prestados. “O engenheiro vê o ciclo da água como um processo que pode ser traduzido em equipamentos, em máquinas que transformam a água bruta, coletada das fontes primárias de abastecimento, em um produto de qualidade para ser consumido e, depois, devolvido em uma condição em que a natureza consiga lidar com esse resíduo naturalmente. É uma cadeia sequenciada em que uma etapa afeta a outra. Quando a performance abaixa em alguma fase, a próxima é prejudicada. Muitas vezes, os problemas que vêm da parte comercial, sobre falta de água por exemplo, têm origem no início da produção. De qualquer forma, em alguma fase do processo, alguém falhou. Seja no projeto, na obra, na instalação ou na operação”, afirma Osmar Rosa, gerente do Programa Infra Inteligente.
O primeiro passo para ter uma operação responsável do início ao fim é conhecer o funcionamento da base instalada, o que o Programa Infra Inteligente chama de indústria do saneamento. “É basicamente uma indústria de transformação e transporte: capta, trata, distribui, coleta, trata e devolve, em síntese. Conhecer cada etapa do processo e as condições em que estão todos os ativos – que são os equipamentos que fazem parte de cada planta das unidades – é fundamental para que se tenha um início correto, um meio desenvolvido e um fim sustentável. Sem conhecer é muito fácil tomar a decisão errada”, explica Wagner Carvalho, responsável pelo Programa Infra Inteligente.
O início correto também começa com uma avaliação criteriosa – no momento de instalar ou ampliar a oferta de água, onde será feita a captação? Ela pode vir dos rios, córregos e outros mananciais chamados de superficiais ou de subterrâneos, os poços e aquíferos. Tudo depende da qualidade da água. “A norma que regula a qualidade da água que pode ou não ser distribuída para a população é a antiga Portaria 2.914, o novo Anexo 20. E avalia os parâmetros como isenção de amônia, turbidez, cor, enfim, uma série de fatores que garantem o consumo seguro para a saúde”, informa a gerente Natália. As avaliações de qualidade da água são feitas em todo o processo, com parâmetros diferentes para cada etapa: na captação, chegada e saída da ETA. E não é apenas a água tratada que sai da estação que é controlada. O rigor é grande também para o descarte do lodo que resulta do tratamento, que não pode ser lançado na natureza, só em aterros sanitários.
Para captar água dos rios é preciso seguir a legislação que os classifica de acordo com a qualidade de suas águas. Os especiais têm a água tão pura que não é permitido fazer a captação; os de classe 1 têm ótima qualidade e basta filtração; classe 2 são bons e precisam de tratamento convencional; na 3 pode captar se for a única fonte, mas é preciso tratar um pouco melhor, e na 4 não é permitido – são os rios como o Tietê e o Pinheiros. A mesma classificação, no sentido inverso, é usada para o lançamento de efluentes.
No caso da Aegea, 90% das captações de água são feitas em rios de classe 2. O restante, de poços e aquíferos. Apesar de ser um tratamento convencional, não é o mesmo tipo em todas as ETAs. “As estruturas vão ser dimensionadas a partir da qualidade da água. Se tem uma turbidez alta, precisa de uma área maior para o decantador, que é onde vão ser sedimentadas as impurezas. Os investimentos precisam ser feitos a partir dessas informações, principalmente no momento de ampliar as estações – precisa tomar cuidado para que se consiga tratar a água com qualidade depois da ampliação”, afirma Natália Marques Teixeira.
O segundo ponto fundamental no ciclo da água visto como indústria é a sustentabilidade do negócio. “Não é possível trabalhar sem previsibilidade em uma empresa do tamanho da Aegea, seja orçamentária, de impacto, volume de pessoal, químico, tudo isso é derivado do conhecimento desse processo. No fim do dia, estamos prestando serviços à sociedade de forma cada vez mais regulada, com exigências mais altas, é preciso ser proativo. O consumidor quer ser atendido 24 horas por dia, sete dias por semana, com o máximo de qualidade e nós precisamos dar conta de atender. Para não parar o sistema, só conhecendo e cuidando”, pontua Wagner Carvalho.
O cuidado com a sustentabilidade implica atenção redobrada também durante a distribuição. Os números alarmantes no Brasil quando se trata de perdas de água motivaram a Aegea a desenvolver, em 2013, um departamento especializado em eficiência e tecnologia, com uma equipe multidisciplinar de 15 especialistas. Em apenas quatro anos, a empresa reduziu as perdas de água em 71 milhões de metros cúbicos. A unidade da Aegea em Campo Grande (MS), a Águas Guariroba, é uma das referências nacionais no assunto: continua entre as cinco melhores cidades com o menor índice de perda de água, sendo a única capital brasileira entre as colocadas, de acordo com o Ranking de Saneamento Básico 2021, do Instituto Trata Brasil.
Enquanto a média nacional de perdas de água é de 35,66%, na Cidade Morena o índice é de 19,97%. “Investimos em novas tecnologias de monitoramento voltadas à redução de perdas de água. Para chegarmos a esses índices foram aplicados maior dinâmica para atendimento a reparos e vazamentos e um cronograma de revitalização em setores da cidade que já soma aproximadamente 18 quilômetros de rede revitalizada”, ressalta o diretor-presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira. A Aegea opera de um modo que todas as suas concessões possam evoluir neste aspecto também.
Outra importante frente da companhia é garantir que comunidades de pequenos e grandes centros, principalmente a população mais vulnerável, tenham água em suas torneiras. Para isso, é necessário realizar adaptações operacionais, respeitando as características de cada região. Um exemplo da aplicação desta eficiência operacional é o trabalho realizado pela Aegea nas regiões alagadas de Manaus, capital do Amazonas. Para garantir o atendimento nessas comunidades, que são compostas por residências sobre palafitas e que sofrem com as alterações dos níveis das águas do Rio Negro, a Águas de Manaus desenvolveu soluções inovadoras de abastecimento.
O sistema garante a distribuição em redes aéreas de abastecimento para as comunidades sem que haja a contaminação pela poluição dos igarapés. Estas iniciativas são realizadas em paralelo com outras ações sociais na cidade. O Programa Vem com a Gente mapeia e localiza as oportunidades de expansão de rede de abastecimento em regiões que não contam com abastecimento regular, como becos, palafitas e rip-rap. Mais de 1,2 milhão de pessoas já foram atendidas pelo programa e mais de 80 mil metros de redes de água tratada foram implantados em 38 bairros da cidade.
A Aegea desenvolve soluções inovadoras e eficientes que variam de acordo com as particularidades geográficas e sociais das cidades de seu portfólio de atendimento, com populações de três mil a 2,22 milhões de habitantes. A companhia segue contribuindo com as cidades onde está presente, prestando serviços de saneamento básico que fecham o ciclo da água com eficiência, qualidade e investimentos. Promovendo vidas mais dignas e saudáveis.