edição 30 | janeiro 2021
Guillermo Deluca, vice-presidente da Regional 1.
Marina Rodrigues, coordenadora de RS.
Rogério Tavares, VP de Relações Institucionais.
Renato Medicis, vice-presidente da Regional 3.
Texto: Rosiney Bigattão
“As concessionárias devem ser olhadas como prestadoras de serviço público. Se elas desenvolvem essa atividade incorporando uma função social, elas fazem a diferença e é isso que nós pretendemos sempre – fazer com que nosso trabalho seja reconhecido não apenas pela prestação de um serviço específico que motivou o contrato”, diz Guillermo Deluca, vice-presidente da Regional 1 da Aegea. “No futuro, as concessionárias têm de ser vistas como um lugar não apenas de prestação de serviços de água e esgoto, mas onde as pessoas vão buscar educação, boas práticas, inovação…”, aponta o vice-presidente da Regional 3 da Aegea, Renato Medicis.
São essas duas vertentes, a incorporação dos aspectos sociais na prestação de um serviço público e o entendimento do que realmente as comunidades precisam, que norteiam a Aegea em ESG, sigla para ambiental, social e de governança (Environmental, Social and Governance). Para a próxima década, a intenção é fortalecer ainda mais os vínculos com a sociedade, seja com projetos de Responsabilidade Social, como os que estavam sendo implantados antes da pandemia e que devem ganhar mais escala, principalmente com a chegada das novas empresas, ou pela atuação baseada no conceito da Licença Social, que faz parte do jeito de ser da Aegea (veja box no fim com os conceitos).
Os projetos de RS estão relacionados aos três pilares – educação, saúde e geração de renda –, focados nas populações vulneráveis. São ações que promovem a melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) levando novas oportunidades aos jovens, como o Programa Pioneiros (realizado em dez unidades em 2020); que fomentam o empreendedorismo e a inserção no mercado de trabalho tais como o Mãos e Obras, que capacita bombeiros hidráulicos; o Água na Boca, voltado para culinária (os dois realizados pela Águas de Manaus em 2020), e as oficinas como as de cerâmica, na Prolagos (RJ), para capacitar mulheres em uma atividade rentável.
“As unidades de negócio devem ser percebidas pela população como parte das cidades onde operam, promotoras de oportunidades para o desenvolvimento das pessoas e dos municípios como um todo. Então buscamos projetos e iniciativas de Responsabilidade Social e de voluntariado que fortaleçam nossa relação com a comunidade a partir da geração de impacto positivo para cada localidade”, contextualiza Marina de Castro Rodrigues, coordenadora de Responsabilidade Social da Aegea. “Mais do que nunca, a empresa tem um enorme desafio com a geração de renda, com capacitação dos jovens, temos desenvolvido diversos projetos para descobrir talentos e trazê-los para o nosso grupo. É a parte que acreditamos que podemos contribuir com o Brasil em continuar formando jovens e tê-los inseridos no mercado de trabalho, desenvolvendo atividades essenciais para o desenvolvimento humano”, afirma Guillermo Deluca.
As iniciativas de Responsabilidade Social contribuem para a conquista da Licença Social para operar, mas são conceitos diferentes. “Quando falamos em Licença Social, nos referimos a uma forma de operar da Aegea que busca estabelecer uma relação de confiança entre a empresa e os moradores dos municípios onde operamos. Essa relação começa com um olhar atento para a realidade da cidade, especialmente para a população vulnerável, buscando as melhores soluções para o acesso aos serviços e ao bom atendimento. A RS apoia a construção dessa relação, promovendo iniciativas que vão além do negócio e reforçam o propósito e o compromisso da Aegea com a melhoria da qualidade de vida da população”, pontua Marina.
Em paralelo, a empresa segue a tendência mundial de buscar indicadores para medir essas ações. “À medida que o termo ESG se fortalece no mundo dos negócios, surgem índices e empresas especializadas no assunto. É importante saber como a Aegea é posicionada a partir desses indicadores e estamos nessa busca”, conta ainda Marina. “Nós não podemos nos esquecer de que ESG está vinculado ao fato de as empresas terem internalizado a questão da sustentabilidade. Grandes investidores internacionais perceberam que as empresas comprometidas com questões ambientais e sociais foram as que tiveram os melhores resultados e não geraram problemas com a sociedade”, explica o VP de Relações Institucionais, Rogério Tavares.
O executivo lembra a ação recente da BlackRock, gestora global de ativos, que fez uma carta dizendo que as empresas que olhassem, ao mesmo tempo, para o econômico, ambiental e social, e tivessem uma estrutura de governança sólida, seriam eleitas para receber recursos desses investidores. “Virou moda, mas para a Aegea é uma questão mais antiga e muito relevante, pois há muito a empresa é signatária do Pacto Global e tem suas ações convergentes com vários dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que incluem o acesso à água, redução da pobreza e para que as cidades onde atuamos se desenvolvam”, conta Rogério Tavares.
“A Licença Social para uma empresa de saneamento é algo inovador, quanto mais a gente mergulha nesse assunto, percebe que é cada vez mais complexo e também mais apaixonante, e vamos descobrindo mundos que a gente não conhecia. Temos muito a avaliar ainda, mas já sabemos que poucas empresas estão avançadas como a Aegea nesse quesito. Queremos evoluir ainda mais nos próximos anos”, diz o VP da Regional 1, Guillermo Deluca. “A parte de governança da Aegea já está estruturada (ver edição 29). Meio ambiente é inerente ao serviço, a grande âncora agora é esse olhar para a cidade e entregar um algo a mais para ela”, conta Renato Medicis, vice-presidente da Regional 3 da Aegea.
Prêmios e reconhecimento da população pelos serviços prestados e pela atuação social fazem da Águas de Manaus (AM) um modelo do que a Aegea quer levar aos municípios onde atua, para as empresas recém-chegadas ao grupo e às que ainda virão. “Quando a gente monta salas de informática nas comunidades, queremos que elas desenvolvam o lado empreendedor, da inovação, da tecnologia. Cada vez mais é preciso trazer essas questões para o dia a dia das concessionárias, e a gente só consegue fazer isso com o olhar aberto para a cidade”, diz Renato.
O vice-presidente conta que quando a Aegea assumiu Manaus, dois anos e meio atrás, foi percebido um distanciamento grande entre a empresa e a cidade. “Fomos para a rua escutar, se relacionar e a partir daí entender as necessidades dela, que é uma das premissas da Licença Social, que é prestar um bom serviço. Para isso, primeiro é preciso ter uma boa comunicação, segundo fazer investimentos, terceiro realizar os serviços – e não é só para uma parcela da população –, enfrentando todas as dificuldades”, ensina.
Por meio do Programa Afluentes, com os líderes comunitários, a concessionária ouviu relatos assim: Ah, o serviço demora muito. Quando vai faltar água ninguém avisa. Vivemos em uma palafita e nunca vieram na nossa casa. “A partir desse conhecimento, foram desenvolvidas estratégias para estar próximo da população e uma delas é o Vem Com a Gente, que já chegou a 1,2 milhão de pessoas na cidade, metade dos moradores de Manaus. As equipes percorreram locais aonde ninguém tinha ido. Hoje tem água tratada em palafitas, em becos, tem uma quadra para os meninos jogarem bola, enfim, a concessionária participa da vida da comunidade. Na pandemia, uma parceria com o Unicef permitiu que fossem distribuídos kits de higiene – as pessoas não tinham dinheiro para comer, quanto mais para comprar um sabonete. Mas só se percebe isso indo até os moradores e, quando a gente consegue atingir essas pessoas, o saneamento é transformador na vida delas”, conta o VP Renato Medicis.
O saneamento também transforma quem trabalha com ele. Os investimentos em pessoas é outra vertente forte que faz com que o S do ESG da Aegea esteja bem amparado. Mas esse assunto você conhece na próxima matéria.
O quanto de RS tem no S do ESG? E de Licença Social? Ainda há uma certa confusão nos conceitos. Os executivos e a coordenadora de Responsabilidade Social da Aegea explicam.
“O S de ESG trata não só de impacto social, mas também de temas trabalhados com excelência por outras áreas da Aegea, como desenvolvimento e treinamento da força de trabalho, engajamento de funcionários e questões de igualdade e diversidade. Para a empresa, o impacto social do acesso ao saneamento na promoção de dignidade e na melhoria da qualidade de vida da população impulsiona a conquista de direitos sociais básicos, especialmente quando se trata da população mais vulnerável. A Responsabilidade Social potencializa o impacto a partir de iniciativas e projetos sociais voltados para esse público, além de incentivar os colaboradores a atuarem em prol da comunidade em ações de voluntariado. O olhar atento para a comunidade é fator primordial para uma relação de confiança entre a companhia e sociedade. A partir dele, buscamos a Licença Social, traduzida no nosso compromisso com o desenvolvimento do município, na qualidade e excelência do nosso serviço prestado a todos e no diálogo transparente e íntegro com a população e as lideranças locais”, diz Marina de Castro Rodrigues, coordenadora de Responsabilidade Social da Aegea.
“No relacionamento da empresa com o Poder Público estão os representantes dos governos municipais e as instituições influentes nas decisões políticas – hospitais, universidades, Câmara de Vereadores –, que devem ter uma visão do valor que estamos levando para cada cidade. Se não for assim, a continuidade do negócio fica debilitada, pois quem regula nossos serviços é o Poder Público, que muda a cada quatro anos. Essa visão da classe política do nosso negócio é importantíssima para uma boa prestação de serviços. Uma das nossas grandes motivações é mudar a realidade que existe. Um exemplo: a cidade de Penha (SC) enfrentava sérios problemas de abastecimento durante o verão. Esse ano [2020], com os investimentos da Águas de Penha, não faltou água e o trabalho da concessionária foi muito elogiado pela prefeitura municipal e pelos moradores. Isso nos enche de orgulho. É este nosso propósito”, explica o VP Guillermo Deluca.
“No fim da linha, é uma releitura desta questão do ESG nos locais onde atuamos porque é esta legitimação da nossa atuação pela população local, que sente os impactos do nosso trabalho e, por isso, pode nos ceder ou nos negar a Licença Social. Não é um papel, é uma percepção que se constrói ao longo dos anos e é ela que vai nos garantir a continuidade na prestação de serviços até o fim do nosso contrato. Se a empresa está consolidada perante a população, comunicando claramente suas ações, além da Licença Social, a empresa está em linha com o ESG. E isso a Aegea faz muito bem – a gente atua na preservação das condições planetárias em termos de água e esgoto, se preocupa com as pessoas, os colaboradores e usuários, e atua com princípios de governança, que são compliance, transparência, ética. Ao fazer isso, estamos fazendo com que as ações estejam alinhadas com o ESG”, afirma o VP Rogério Tavares.