edição 30 | janeiro 2021

2021: A NOVA DÉCADA

Os preparativos da Aegea: planejamento continuado

 CEO da Aegea, Radamés Casseb fala sobre os desafios e as perspectivas.

Texto: Rosiney Bigattão

Ao analisar as perspectivas, diante do cenário de incertezas e apreensão que preocupa os líderes do mundo inteiro neste momento, o CEO da Aegea, Radamés Casseb, aponta que uma das questões que se destacam é a busca por condições sociais mais igualitárias e por saúde. “A pandemia trouxe um reposicionamento da sociedade, de certo modo meio isonômico porque o coronavírus não pediu passagem nem carimbou passaporte e em poucos meses estava nas casas de pessoas do mundo inteiro, expondo desde dirigentes de grandes potências a populações vulneráveis na África ou na Amazônia à mesma síndrome, ao mesmo risco. Transformou a sociedade como um todo, tornando-a mais sensível com o problema social, porque o comportamento do outro, o hábito do outro, pode impactar na nossa vida, então veio daí um aprendizado sobre empatia social e de preocupação com o próximo”, diz.

Em perspectivas globais, segundo ele, também existe uma pressão com taxas de juros mais baixas e, aqui no Brasil, o Marco Legal do Saneamento, aprovado em 2020, joga sobre a próxima década fatores convergentes, muito relevantes para a Aegea. “A busca pela saúde, a preocupação social para incrementar hábitos mais saudáveis pela manutenção do bem-estar coletivo formam um pano de fundo para um grande programa de investimento em saneamento. É uma nova cruzada que se ergue por aí, com a causa de reduzir a desigualdade sanitária no Brasil”, afirma Radamés. Ela é uma continuidade do movimento que começa ainda em 2019, com programas oriundos da postura de gestores públicos procurando atingir os mesmos objetivos: os leilões promovidos para as PPPs da Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), Alagoas (AL), Cariacica (ES) e Mato Grosso do Sul (MS). “Dos quatro últimos projetos lançados ao mercado, a Aegea saiu vitoriosa em três. Isso é um anúncio do que vem pela frente nos próximos dez anos”, aponta.

O CEO da Aegea faz uma comparação: “Se falarmos em uma onda, seria como as de Nazaré, em Portugal”. O pequeno vilarejo português se tornou famoso com as ondas gigantescas, consideradas as maiores do mundo, que se formam em decorrência da formação geológica e atraem surfistas profissionais. Em relação ao saneamento, o momento é mesmo de um potencial de crescimento gigante. “Não existem dúvidas de que a atração da iniciativa privada, a necessidade de evolução dos serviços e a exigência dos usuários pela qualidade poderão causar transformações sociais enormes não só do ponto de vista de saúde, mas em termos de geração de renda, de produção e de valorização dos bens, com todos aqueles benefícios positivos que o saneamento causa”, afirma Casseb. 

Riscos globais, soluções locais com inovação

Os desafios são proporcionais às oportunidades desenhadas para a década de 2021. Um deles, apontado no Relatório de Riscos Globais, do Fórum Econômico Mundial, como ameaça iminente nos próximos dez anos, são os riscos ambientais, com eventos meteorológicos extremos. “A Aegea sempre vê desafios como oportunidades e enfrentar uma estiagem ou uma mudança climática que se prolonga por mais tempo que o normal estimula as equipes de planejamento a antecipar a discussão sobre alternativas de condições imponderáveis. Fomos estimulados a isso durante a pandemia, tivemos de nos adaptar a fechamento de espaços públicos, restrição do ir e vir e implantação do toque de recolher nas cidades. Nada disso existia nos nossos planejamentos e, a partir de agora, estão incorporados na jornada. Do mesmo modo que os efeitos das mudanças climáticas previsíveis ou observadas em nossas unidades passaram a ser requisito de reflexão em todas elas. É uma oportunidade que a companhia gera de aprender mais cedo e mais rápido a resolver os seus problemas estando em tantas localidades no Brasil, isso faz com que a nossa equipe de engenheiros e técnicos se sinta mais estimulada a focar no processo de inovação na solução, na mitigação e na antecipação desses cenários por meio de monitoramentos mais precisos”, diz o CEO da Aegea. 

Na prática, será fortalecido um processo que já está incorporado na Aegea – trimestralmente é feito o rolling forecast: quando se tem um dano, uma oportunidade ou uma solução desenvolvida por uma das equipes, a percepção de risco elementar é rapidamente retroalimentada nas cadeias dentro de toda a empresa. “A Diretoria de Auditoria, Riscos e Controles Internos (Darc) incorpora o fato como mecanismo de monitoramento para todas as unidades, o setor de Engenharia aborda a área de Inovação para que sejam estimuladas soluções, a qual, por sua vez, consulta os maiores especialistas do mundo, e assim se aproximam de consultores que ajudam a dar mais previsibilidade ao processo. Se é uma questão climática no Brasil, vai ajudar a nos preparar antecipadamente no abastecimento com a projeção da redução de chuvas ou o efeito em corpos hídricos, fazendo com que a Aegea seja mais assertiva com as ações. Nossa busca é estar cada vez mais preparados e a aposta é a de planejamento continuado”, conta Radamés Casseb.

Cuidados com o meio ambiente

Outra vertente forte na atuação da Aegea será o olhar para o meio ambiente. “O cuidado ambiental faz parte do nosso DNA, ele é alicerce básico do raciocínio elementar da companhia: está preservado? Como podemos preservar mais? Qual o risco ou as consequências inerentes dessa ou daquela ação? São atributos do raciocínio que estão permeados desde a discussão de alocação de capital para fazer os investimentos até pela escolha dos profissionais que vão atuar na empresa. A sensibilização e empatia com o meio ambiente devem fazer parte do perfil dos integrantes da nossa equipe pela predisposição na prestação de serviços, então o arcabouço primário considera que a preocupação com o meio ambiente é como respirar, está intrinsecamente ligada ao nosso modelo de tomada de decisões”, enfatiza o CEO da Aegea.

Realocação de pessoas e mudanças na estrutura: time preparado

Outro objetivo do planejamento continuado é a aproximação de setores que se inter-relacionam, como Engenharia, Inovação, Eficiência e Tecnologia. “É um trabalho que não terminou, está sendo feito de maneira bem estruturada, na busca por ter as pessoas certas nos lugares adequados. A Aegea investe continuamente na formação e na atração de talentos e é preciso alocá-los em posição de desafio para que se sintam motivados. O mesmo tem sido feito em relação aos executivos da empresa, com a renovação de diretores gradualmente nas unidades, com promoções e realocações. Outra vertente das mudanças é a aproximação maior com o mercado financeiro. Ainda existem incertezas sobre as condições de risco regulatório, a gestão processual e as ferramentas da cobertura da longeva prestação de serviços nos contratos. Queremos ser um dos responsáveis pelo esclarecimento, pela condução e mitigação desse risco para contribuir com que o capital e os seus veículos, as suas instituições, se aproximem. Então, talentos nos lugares certos e atração de investimentos buscando contribuir com esta visão de redução de risco vão ser os ingredientes principais desta jornada”, afirma Radamés.

Aegea preparada

“Do ponto de vista de competências, a empresa está preparada para muito crescimento e para ajudar a transformar a sociedade em quesitos tão importantes. Mas não pode se sentir acomodada. Temos um time talentoso, um conhecimento instalado, mas, se queremos continuar servindo como bom exemplo para o mercado de saneamento no Brasil, temos de continuar atraindo talentos, continuar o programa de desenvolvimento, a gestão mais íntegra dos relacionamentos público-privados, eficiência no processo de atendimento e transparência na relação com os investidores. Assim, poderemos transformar esta cruzada em um processo de atração em que nascerão novos empreendedores, novos investidores aportarão capital, empresas públicas e privadas convergirão sobre as melhores soluções para atender as pessoas na busca por reduzir o tempo do pleno atendimento sanitário no Brasil”, aponta.

Para o CEO da Aegea, o cenário de crescimento nos próximos dez anos é muito melhor do que o da última década. “Quando você vê um banco de desenvolvimento federal, como o BNDES, protagonizando a gestão de projetos, emprestando seu know-how para modelagem e atração de capital, como fez em Alagoas, na Sanesul (MS), RMPA (RS) e está fazendo para a Cedae (RJ), de uma maneira proativa, como protagonista da história, é um sinal de que as oportunidades de crescimento são enormes. Quando um gigante como esse se mexe, os resultados são bastante expressivos. Cabe à Aegea continuar se preparando e isso está fundamentalmente ligado à visão dos controladores e de seus acionistas de longo prazo, que desejam se manter atuantes no setor, de forma longeva, e do seu time de profissionais, que vejo cada vez mais engajado, tanto do ponto de vista desta cruzada sanitária quanto no objetivo de ir além. As pessoas que chegam a cada dia na companhia, em um projeto novo ou em uma tarefa nova, desejam contribuir com o seu melhor na construção dessa história desses novos dez anos”, finaliza Radamés Casseb.

Para conhecer melhor o planejamento continuado que está sendo feito pela Aegea, conversamos também com os vice-presidentes Rogério Tavares, Guillermo Deluca e Renato Medicis, e com outros gestores da Aegea. Leia mais nas matérias a seguir.