EDIÇÃO 44 - 2º TRIMESTRE - 2025

As mulheres
DA AEGEA

Saneamento é dignidade
Como os serviços transformam a vida das mulheres

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Texto: Rosiney Bigattão

O acesso ao saneamento, um divisor de águas para a saúde e a inclusão, foi tema para o último dia da Semana da Mulher Aegea 2025: “Impacto do serviço na vida das mulheres”. A água e esgoto tratados abrem portas também para a educação, ao acesso a direitos e, acima de tudo, para uma vida mais digna. A mediadora Fabiane Rodrigues, da Águas Guariroba (MS), conduziu com sensibilidade um bate-papo potente entre seis mulheres de diferentes realidades, unidas pelo propósito de levar e receber dignidade por meio do saneamento.

Saneamento é dignidade social

Águeda Muniz, diretora de Relações Institucionais da Ambiental Crato e Ambiental Ceará, destacou que a maioria dos clientes atendidos nas operações são mulheres 50+, com baixa escolaridade e da classe C, D e E. “Quando a rede passa e a conexão é feita, não estamos levando apenas a infraestrutura, mas apoio e fortalecimento para mulheres que precisam de atenção.” Ela também reforçou que o impacto na vida das mulheres sem banheiro é 64% maior do que na vida daquelas com acesso ao saneamento: “É nosso dever levar à transformação social por meio do serviço, indo além da técnica.”

História de superação

Charliany Moraes, agente de Responsabilidade Social da Ambiental Ceará, compartilhou sua vivência: “Vivi 30 anos sem saneamento, ao lado de um rio contaminado. Hoje, graças ao saneamento, vivo com dignidade e estou no segundo semestre da faculdade de Saneamento Ambiental.” Inspirada pelas mulheres da Aegea que lideram e operam no campo, ela reforça: “Mulher pode estar onde quiser, pode fazer o que quiser. Eu quero ser supervisora de ETE,  uma Estação de Tratamento de Esgoto, e voltar a ver o rio limpo onde tomei banho na infância. Isso é transformar.”

Conscientizar e capacitar para mudar vidas

Francismaily Silva, agente comercial da Águas de Manaus, trouxe a realidade da ponta: “Quando visitamos as casas, são as mulheres que nos recebem. Elas querem saber tudo: para onde vai o esgoto, como funciona. E quando explicamos, elas acreditam e aceitam fazer a conexão ao serviço.” A capacitação como bombeira hidráulica no programa Mãos e Obras da concessionária, a preparou para levar segurança e informação. “Ser profissional, mãe, dona de casa e ainda contribuir para transformar a vida de outras mulheres é gratificante. O saneamento me trouxe até aqui.”

Dignidade começa com um comprovante de água

Maria Benta, líder comunitária em Terra Prometida, em Teresina (PI), emocionou a todos com sua fala: “A água foi nossa primeira conquista. As mães passaram a ter comprovante de residência, acesso ao Bolsa Família, ao posto de saúde, à dignidade.” Sua comunidade lutou desde 2015 pelo saneamento e, quando o primeiro talão de água chegou, foi uma vitória: “O comprovante foi nosso primeiro documento e também o primeiro passo para termos nossos direitos respeitados.”

Saneamento é inclusão social

Carolina Serafim, diretora-presidente da Águas de Teresina (PI) e Águas de Timon (MA), ressaltou: “O saneamento é uma ferramenta de inclusão social. Ele tira as pessoas da margem e as trazem para a sociedade. É mais do que infraestrutura, é cidadania.” Carolina lembrou das conquistas locais, como a regularização fundiária em bairros vulneráveis e a instalação de banheiros comunitários: “Universalizar o saneamento é universalizar oportunidades e dignidade.”

Nossa missão é movimentar vidas

As falas mostraram que o impacto do saneamento é concreto e imediato, e que, para muitas mulheres, ele é o primeiro passo para uma vida com mais oportunidades. “Autorresponsabilidade é o que levo daqui. Somos agentes da transformação e fazer o saneamento chegar à próxima casa é nossa missão”, conclui Águeda Muniz.

Encerramento com união e propósito

Fabiane Rodrigues finalizou a live com um convite à reflexão: “De casa para dentro de casa, reunimos mulheres que fazem e que recebem saneamento. Essa união faz a diferença. O respeito precisa dar o tom em todas as esferas da sociedade.”

Respeito e transformação em foco

Keilla Martins, gestora do programa Respeito Dá o Tom, celebrou o impacto da semana: “Foi uma experiência potente e de reflexões necessárias. O respeito precisa dar o tom para homens e mulheres, em todos os espaços.”

Já o presidente do Instituto Aegea, Édison Carlos, destacou a força do coletivo: “As histórias que ouvimos nos mostram que somos mais parecidos do que imaginamos. Esta semana foi uma provocação para trabalharmos mais juntos, conversarmos mais e nos apoiarmos para crescer coletivamente. Transformar vidas é nossa missão.”