edição 33 | outubro 2021
Texto: Rosiney Bigattão
Ao comprar determinado produto químico para os processos de tratamento de água e esgoto, além do preço e da qualidade oferecidos pelo fornecedor, agora é possível decidir, na hora da compra, um outro detalhe: a destinação que ele terá depois de usado. O envolvimento do fornecedor com esta questão pode ser determinante para fechar o negócio.
No caso de produtos químicos e suas embalagens, consideradas perigosas, que não podem ser descartadas na natureza, alguns fabricantes recolhem o resíduo do material utilizado. É a chamada logística reversa, que está sendo estimulada pelo setor de EHS da Aegea. Nas unidades de Mato Grosso a prática é uma realidade.
“No estado inteiro não tem nenhuma empresa que coleta e trata resíduo perigoso. Isso é um grande problema para nós, que levamos a sério a destinação dos resíduos. Então o fato de ter um fornecedor de produtos químicos cujos resíduos são considerados perigosos à saúde que recolhe as embalagens é um trunfo ambiental”, afirma Fernado Garayo, gerente de Meio Ambiente da Regional 1. A Universal Química entrega os recipientes cheios e leva de volta as embalagens vazias.
“A prática da logística reversa diminui o custo deles e o nosso. Mas a questão mais importante é a sustentabilidade do processo, pois ao recolher as embalagens vazias a empresa fornecedora está encerrando um ciclo, porque a embalagem volta para o início da produção, sendo reutilizada e poupando recursos naturais”, pontua Garayo. Por apresentar riscos à saúde, as embalagens deveriam receber um tratamento especial antes de irem para aterros.
Para se ter uma ideia do que significa a logística reversa, na Águas Guariroba, em Campo Grande (MS), onde a prática não é adotada, as embalagens usadas dos mesmos produtos químicos são recolhidas por uma empresa que faz a incineração destas, pois não podem ir para nenhum tipo de aterro sanitário. Fabricado na Alemanha, o incinerador tem filtros especiais que evitam a contaminação do ar pelos gases.
As cinzas que restam do processo são encaminhadas para aterros industriais, rigorosamente controlados. Junto com frascos vazios de outros resíduos também considerados perigosos à saúde, estopas contaminadas com óleo das oficinas da área de serviços e eletromecânica, entre outros itens, somam duas toneladas de resíduos por ano que passam por esse tratamento especial. Tudo é devidamente controlado e documentado.
Cuidar da destinação dos resíduos sólidos em uma concessionária de água e esgoto é preponderante para o meio ambiente. “É um ciclo, uma gestão que exige o envolvimento de todos, pois o cuidado com a destinação correta começa antes mesmo de os produtos serem utilizados”, comenta Joseane Cavalcanti, coordenadora de Meio Ambiente da Aegea.
“Quando uma empresa se preocupa com o ESG, que são as boas práticas ambientais, sociais e de governança, ela precisa fazer a gestão dos resíduos de forma correta, pois isso implica cuidar bem do meio ambiente”, afirma ela. Afinal, a produção e o descarte dos resíduos de forma inadequada estão entre os maiores problemas ambientais que a sociedade enfrenta hoje.