Ao longo da história, a mulher negra foi submetida à desapropriação de sua voz e lugar na sociedade. Cabelos, nariz e boca, que carregam traços marcantes da ancestralidade, foram escondidos e desvalorizados. Para pautar a vida e a obra dessas mulheres e dar visibilidade à contribuição que cada uma delas teve para a manutenção das vidas negras, a Prolagos (RJ) aproveitou a data do Dia da Mulher Latino-Americana e Caribenha (25 de julho) para um encontro especial.

Em um evento realizado de frente para a Lagoa de Araruama, em São Pedro da Aldeia (RJ), o Comitê do Respeito Dá o Tom da Prolagos reuniu as colaboradoras que se autodeclaram pretas. “Nossa intenção foi exaltar a beleza negra, estimulando ações de autocuidado e nos fazer refletir sobre a unidade e a força das mulheres no enfrentamento do racismo estrutural”, pontua Tayane Pimentel, coordenadora do programa na unidade.

Durante a manhã, as participantes integraram uma oficina de turbantes, fazendo um resgate histórico da origem do adereço e trazendo amarrações como ferramenta estética e símbolo de resistência. “No passado, as negras escravizadas usavam turbantes porque as patroas não gostavam de ver os cabelos crespos. Elas também aproveitavam para esconder comida ou sementes para poder plantar, já que elas não tinham acesso a alimentos”, explicou a microempreendedora Alessandra dos Santos, da Lelegra Acessórios, que promoveu a oficina.

No encontro também foram realizadas sessão de fotos, aula de yoga e roda de conversa, onde as mulheres compartilharam vivências e histórias. “Pude falar sobre algumas coisas que passei, mas, quando nossas colegas dividiram momentos vividos por elas, algumas coisas eu sequer vivi, mas acabei sentindo também por causa da empatia e fiquei abismada como, em pleno século 21, a gente ainda passa por episódios de racismo. É uma luta diária”, ressalta Ana Paula Gonçalves, assistente administrativa da Prolagos.

Veja o vídeo do evento: https://www.youtube.com/watch?v=CBZmPNh88XQ