edição 32 | julho 2021
Texto: Rosiney Bigattão
O nome já diz tudo: Motorista de Respeito. Quem respeita os limites, as normas e segue as orientações se torna um profissional de respeito. Este foi o principal mote usado pelas unidades da Aegea em Santa Catarina na Campanha de Direção Preventiva. Apesar da importância, ela foi apenas uma das muitas ações desenvolvidas após a 1ª Parada de Segurança da Região de Santa Catarina. Realizado em 6 de maio, o evento já traz um saldo positivo, com redução de índices e fortalecimento da cultura de EHS (Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho, da sigla em inglês Environment, Health and Safety).
A Parada de Segurança envolveu as quatro concessionárias (Águas de Bombinhas, de Camboriú, de São Francisco do Sul e de Penha), níveis hierárquicos, áreas e funções. A proposta era de que todos pudessem refletir e propor soluções. “Quando se trata de saúde e segurança do trabalho não se pode flexibilizar, pois estamos falando de vidas. Por isso a importância de conscientizar que a segurança começa por cada um e reflete no todo”, explica Rodrigo Lacerda, diretor-executivo das unidades da Aegea SC.
“A ideia foi criar um evento de impacto para despertar a consciência, chamar a atenção mesmo, algo como a vinheta de plantão da Rede Globo – todos param para ouvir e ver o que está acontecendo. Com a ‘parada’, focamos toda a nossa atenção no assunto, todos juntos, e isso faz uma diferença enorme”, conta Tiago Santos e Souza, coordenador de EHS da Aegea SC. O engajamento de toda a diretoria foi um ponto forte para o sucesso da estratégia, reforça ele.
As unidades da Aegea têm vários mecanismos para implementar e acompanhar o desenvolvimento das questões relativas a Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho. Entre eles estão os Comitês de Segurança (veja box, abaixo). Com reuniões mensais, são um fórum de discussão do qual participam a diretoria da concessionária, lideranças e representantes do EHS local e corporativo. Todas as unidades da Aegea têm comitês bastante atuantes.
“Nas reuniões apresentamos os indicadores (KPIs), os resultados das auditorias e inspeções, o monitoramento de velocidade, entre outros itens. Incluímos ainda a realização e a presença dos colaboradores nos treinamentos e, se houver, abordamos as causas dos acidentes de trabalho. O que interessa para os colaboradores é se a unidade está ou não tendo um bom desempenho em segurança e, consequentemente, se está de acordo com as metas propostas”, explica André Bueno, coordenador de EHS da Aegea.
O ponto mais importante, segundo o coordenador, é que, se o desempenho for bom, o resultado lá na frente é a redução de acidentes. “Nós traçamos as políticas, os treinamentos, enfim, a estratégia da Aegea para EHS. Mas cada unidade tem autonomia para trabalhar as ações na base operacional, que se refletem nos indicadores delas. Por isso apoiamos e acompanhamos a realização da Parada de Segurança”, diz André.
“Nas unidades da Aegea em Santa Catarina o Comitê de Segurança é bem atuante, acompanhamos também mensalmente os relatórios gerenciais. Mas decidimos fazer a Parada de Segurança para mostrar que não são apenas metas traçadas para ficar em planilhas – todos têm de abraçar a causa, pois o comportamento de cada um interfere no todo, resultando nos índices de toda a concessionária”, explica Tiago Santos e Souza, coordenador de EHS da Aegea SC.
Os objetivos de conscientizar que cada um tem um papel decisivo para garantir a própria segurança, e, por conseguinte, a dos outros, e os índices da empresa como um todo funcionaram. “Mesmo sendo muito cuidadosa, eu não tinha noção de que meu comportamento ao volante poderia impactar os resultados de todos. Agora eu sei e me tornei ainda mais cuidadosa”, conta Cristina Araújo da Costa, agente comercial da Águas de Camboriú (SC).
Ela explica que a Parada de Segurança foi como um estalo que a fez repensar e mudar. “É muito importante participar das reuniões, você ouve o que outros fazem, os exemplos, vê como pode fazer diferente. Na hora, às vezes, a gente não se dá conta da importância, mas aquilo ali fica repercutindo na sua cabeça, faz você refletir. Agora, vejo com outros olhos as reuniões diárias, os eventos mensais e presto muita atenção nas dicas e orientações que saem dali”, conta.
Depois da paralisação, os colaboradores foram ouvidos durante três dias por meio da NPS (Net Promoter Score), uma ferramenta de pesquisa de satisfação. Ela permite identificar como as pessoas se sentem, os pontos de atrito e o que pode melhorar. As entrevistas foram tabuladas e foi possível monitorar como estava a percepção deles em relação à saúde e segurança do trabalho nas atividades rotineiras da operação.
A partir desse conhecimento, as necessidades foram identificadas, mapeadas e estratégias traçadas com soluções. Como trânsito foi o mais lembrado (veja abaixo), a primeira ação foi a campanha Motorista de Respeito. “Levantamos alguns pontos, que chamamos de regras de ouro – respeito aos limites de velocidade e uso do cinto, por exemplo. Repetimos isso constantemente, de formas diferentes”, afirma Tiago, o coordenador de EHS da Aegea SC.
“Os resultados estão sendo muito expressivos, com redução em vários índices, temos certeza de que será um marco para as concessionárias”, diz ele. “No final, os bons condutores serão reconhecidos”, finaliza. Na visão dos colaboradores, os maiores riscos são, por ordem de periculosidade: trânsito, manutenção de redes, ergonomia, manuseio de produto químico, mordida de cachorro e coleta de dados em dias de chuva.
O objetivo dos Comitês de Segurança é basicamente ser um fórum para se discutir e avaliar as condições de Meio Ambiente, Saúde, Segurança do Trabalho de cada diretoria-executiva da Aegea. Nessas reuniões o grupo alerta, direciona, recomenda e auxilia na implementação de mudanças para melhorar as condições de segurança.
Os comitês estão formatados sob a liderança dos diretores das unidades e contam com a participação dos gerentes, coordenadores e supervisores, que representam os setores das diversas áreas da concessionária. Representantes da Cipa e da área de EHS, tanto local quanto corporativa, também participam. Os tamanhos dos comitês variam em função do porte da unidade.
Colaboradores são nomeados para representar as equipes operacionais. “As reuniões devem ocorrer mensalmente e é importante que sejam registradas, especificando datas, participantes, os temas que foram discutidos e os respectivos endereçamentos”, explica André Bueno, coordenador de Saúde e Segurança do Trabalho da Aegea.
“O que se busca é o conhecimento, o envolvimento e o comprometimento em segurança de todos os colaboradores nos diferentes níveis hierárquicos da empresa”, reforça o coordenador corporativo. “Isso é possível com a ajuda da equipe operacional e de supervisão para apresentarem situações potencialmente perigosas que identificam durante as atividades, e importante: sem que haja qualquer tipo de retaliação”, completa.
É uma oportunidade importante para a discussão das inspeções de segurança; dos relatórios de incidentes e abordagem da causa raiz; do endereçamento de planos de ação; discussão e análise dos indicadores de desempenho, incluindo os relatórios gerenciais e as metas de EHS; e também desenvolver metas futuras tendo por base os indicadores de desempenho e outros critérios, além de analisar as rotinas de trabalho e recomendar maneiras de melhorar a segurança.
Os treinamentos de conscientização e competência em segurança também são monitorados e acompanhados. Os registros das reuniões de segurança são importantes para documentar a frequência e os tópicos abordados, bem como monitorar e evidenciar a tomada de decisões. “As unidades devem divulgar as datas das reuniões a todos os seus times”, lembra o coordenador de Saúde e Segurança do Trabalho da Aegea.