edição 31 | abril 2021
São Francisco do Sul: oito pontos de captação.
Penha: água que vem de longe.
Texto: Luciana Zonta
Garantir o acesso à água de qualidade a todos os consumidores da ilha de São Francisco do Sul e de Penha, em Santa Catarina, é um dos principais desafios das concessionárias Águas de São Francisco do Sul e Águas de Penha. Culturalmente tratada como um bem finito, a água que jorra nos mananciais de São Francisco do Sul dá sinais de alerta para o município de Penha, há pouco mais de 80 quilômetros de distância.
Em São Francisco do Sul são oito pontos de captação de água bruta, divididos entre a ilha e o continente. Penha, por sua vez, recebe o maior volume de água, para distribuir à população, do manancial do Rio Piçarras, dividindo com a cidade homônima de Balneário Piçarras. Victor Aroeira, coordenador de Operações da Águas de São Francisco do Sul, explica que as principais fontes de captação do município estão no distrito do Saí e a água captada na região é transportada até a Estação de Tratamento de Água (ETA) Rocio por uma tubulação submersa na Baía da Babitonga, com cerca de quatro quilômetros de extensão.
Reginalva Mureb, diretora-presidente das duas concessionárias, explica que garantir a oferta de água entregue à população é fundamental e uma das maiores responsabilidades da Aegea. Desde que assumiu a concessão em São Francisco do Sul, em 2015, a concessionária ampliou o atendimento em mais de 9 mil ligações. Isso representa, conforme estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que considera uma ocupação de 3,5 pessoas por residência, um acréscimo de cobertura no fornecimento de água tratada para até 31 mil pessoas.
São novos moradores, residências de veraneio, comércios e empreendimentos da cidade que surgiram após a empresa assumir o serviço de abastecimento. “São conquistas importantes e com reflexo direto na qualidade de vida dos moradores. Bairros inteiros passaram a receber água, como Vila da Glória e Ervino. Implantamos mais de 170 km de redes e ampliamos a oferta de água. Já contávamos com a ETA Rocio de 120 litros por segundo e adquirimos uma ETA para tratar mais 50 litros pos segundo”, acrescenta Reginalva.
A precariedade de abastecimento era um problema antigo na cidade, geralmente acentuado nos períodos de alta temporada, aumento do consumo e pela estiagem prolongada que prejudica o volume de água do Rio Piçarras, que abastece os municípios de Penha e de Balneário Piçarras. Arthur May, coordenador operacional da Águas de Penha, destaca que resolver o abastecimento no município exigiu uma solução composta por um sistema integrado principal e por um secundário, mas bastante importante, o São Cristovão–São Nicolau.
O sistema principal possui captação de água superficial em Balneário Piçarras e recebe reforço por adição de água subterrânea nas regiões de Santa Lídia, Santa Clara, Armação, São Miguel e Praia Grande. O secundário é constituído por duas partes independentes, abastecidas exclusivamente por água proveniente de poços.
Dessa forma, 80% da água disponibilizada para o abastecimento da cidade de Penha é adquirida do vizinho município de Balneário Piçarras. Os 20% restantes que abastecem o município são captados em 11 poços de grande profundidade e devidamente tratados para a distribuição à população. A água fornecida ao sistema integrado principal é bombeada a partir da Estação de Tratamento de Água (ETA) de Piçarras, por uma adutora com 7,65 km de comprimento, que leva água até o centro de reservação principal, responsável por atender aos municípios de Penha e Balneário Piçarras. De lá, a água segue para a reservação em Penha, no Mariscal.
Para amenizar a situação de precariedade de abastecimento em Penha a concessionária Águas de Penha entregou, em dezembro de 2020, a Estação de Tratamento de Água (ETA) Penha, construída no bairro Santa Lídia em 75 dias, um recorde para empreendimentos desta envergadura. Reginalva Mureb destaca que a ETA utiliza água de uma lagoa desenvolvida a partir de uma cava de areia – abertura no solo que, em razão da comunicação com o lençol freático e da contribuição da pluviosidade, ganha volume d’água – e é uma alternativa para ampliar o fornecimento de água nos períodos de alto consumo, sem dispensar o volume recebido do Rio Piçarras.
O atendimento a este objetivo foi comprovado no último verão, quando, mesmo com fluxo diferenciado de pessoas entre o Natal e o Ano-Novo, o abastecimento se manteve adequado e mereceu manifestações pela população de satisfação com a solução encontrada. O investimento de R$ 9 milhões elevou a capacidade de produção de água na cidade, impactando de maneira positiva na vida de moradores e visitantes.