edição 31 | abril 2021
Drones capturam imagens em alta resolução para levantamento topográfico em 3D.
Estação de tratamento de esgoto, um dos ativos mapeados pelo Infra Inteligente.
Texto: Rogério Valdez Gonzales e Rosiney Bigattão
O trabalho minucioso que o Programa Infra Inteligente está fazendo em Mato Grosso do Sul é a terceira frente aberta em menos de um ano para levantar os equipamentos existentes em cada planta das unidades. A primeira foi a Ambiental Metrosul (RS), depois Cariacica (ES) e, agora, a MS Pantanal. O relatório parcial desta última estava com 8.632 páginas no fim de março. A previsão era a de levantar 200 plantas – foram contabilizadas até então 270 estações de bombeamento e de tratamento de esgoto. Eram estimados 3.000 ativos, mas foram levantados mais de 8.000 e a previsão é de chegar a 10.000.
“O levantamento de ativos é o início da jornada de uma operação responsável, sob o ponto de vista de conhecer aquilo que a gente opera. Como fizemos a assunção há pouco tempo, fazemos uma investigação de tudo o que estamos assumindo em três dimensões: quantitativa, qualitativa e de análise das condições do que foi mapeado”, explica o gerente do Infra Inteligente, Osmar Rosa. “Um dos primeiros passos para o início da operação da Ambiental MS Pantanal é o levantamento de ativos, o cadastramento de todas as unidades e equipamentos do sistema que a empresa está recebendo. O Infra Inteligente incorpora a inteligência de dados e a tecnologia a esta gestão”, explica Janderson Fortunato, coordenador do projeto na Ambiental MS Pantanal.
Na quantitativa, as equipes de campo cumprem o papel de criar um cadeado lógico entre a informação e o ativo físico, o objeto. Isso se dá pelo tagueamento – o tag é uma etiqueta de identificação colocada no momento do levantamento que permite o acesso à informação depois. “Quando terminarmos, teremos todo o quantitativo sob o nosso conhecimento, sabendo quais são e onde estão os ativos – bombas, reatores, reservatórios, enfim, o volume enorme de tipos de ativos. A resposta para o quantitativo se dá tão logo a equipe saia de campo”, conta o gerente.
Depois, de volta para o computador, tudo o que foi levantado recebe informações complementares. “A fase qualitativa envolve uma certa ciência de investigação de dados e informações, pois nem sempre os atributos físico-construtivos, como ano, modelo, potência, vazão ou capacidade, estão disponíveis no local. Daí buscamos informação documental com a empresa parceira, no caso da Ambiental MS Pantanal, a Sanesul, que tem os dados históricos em nota fiscal, em projetos e nos documentos que ajudam a contar a história daquele ativo”, informa Osmar.
O terceiro viés do levantamento se dá por meio de leitura das informações de manutenção. “É uma situação mais sofisticada, em que buscamos os registros de manutenções para checar se houve troca de peças, há quanto tempo está funcionando depois da última inspeção, dados dessa natureza. Algumas degradações aparentes podem ser verificadas visualmente: se está pintado, descascado, vibrando, se tem vazamentos. Mas o que está dentro a gente não abre para verificar.
“Aplicando a tecnologia 3D por meio do Infra Inteligente, que inclui o mapeamento com drone e a análise de todo o material, o resultado é um levantamento com informações detalhadas que fica registrado para sempre e acessível aos setores interessados da companhia, pois tudo vai para uma fonte única de dados. Se a Aegea não tivesse essa metodologia, seria preciso uns dez meses para fazer o levantamento e a análise, um tempo três vezes maior, e a qualidade do resultado não seria a mesma. Não basta só a tecnologia avançada que é usada, mas também o método desenvolvido, que permite que a informação dos ativos seja reconstruída. É uma verdadeira reconstrução”, analisa Wagner Carvalho, responsável pelo programa.
Todo o trabalho de mapeamento que está sendo realizado pelo Infra Inteligente com as equipes formadas por representantes do programa, da Ambiental MS Pantanal e Sanesul é para que os investimentos sejam feitos de forma eficaz, valorizando a transparência. “A partir do levantamento nós vamos ter informações mais precisas para balizar os investimentos que a concessão tem de fazer e evidências para cumprir a parte legal do contrato”, finaliza Fortunato, o coordenador do projeto na Ambiental MS Pantanal.
Ativos recebem identidade digital com todas as informações e o histórico de manutenção.
Placa com identificação de unidade traz informações gerais digitalizadas pelo Infra Inteligente.
O levantamento dos ativos da Ambiental MS Pantanal trouxe uma série de novidades. Primeiro a participação direta dos profissionais da Sanesul. “Eles estiveram conosco desde a fase do planejamento, ficaram entusiasmados com o uso da tecnologia BIM. Foram a diversas reuniões e em toda a fase de campo o parceiro da PPP da Aegea esteve junto. É uma operação assistida das instalações, para que eles se sintam parte do processo e reconheçam a situação real dos ativos”, afirma Wagner Carvalho.
Com a presença deles em campo foi feita a coleta da assinatura do regulador e, assim, o levantamento teve ao mesmo tempo uma auditoria presente no ato do levantamento. Outra mudança é a formação de equipes multiprofissionais. “Em razão das grandes distâncias entre uma cidade e outra em Mato Grosso do Sul, montamos quatro grupos com profissionais de várias áreas para fazer uma varredura mais completa em cada município. Um profissional identifica a bomba, outro vê a parte civil, outro explora a topografia do lugar e faz as imagens de drone. E contamos com a colaboração do Exército para todo o deslocamento”, explica Wagner.