edição 29 | novembro 2020
Macromedidor, um dos equipamentos instalados que fazem parte dos projetos da área de Gestão de Eficiência Energética (GEE) da Aegea para otimizar a distribuição de água.
Texto: Francine Rosa
Cerca de 70 km separam a Estação de Tratamento de Água (ETA) Juturnaíba, localizada no distrito de São Vicente de Paulo, em Araruama (RJ), até o ponto mais distante de operação da Prolagos no bairro João Fernandes, em Armação dos Búzios (RJ). Para percorrer todo o trajeto e, principalmente, alcançar os pontos mais distantes e elevados, é preciso acionar bombas ao longo do processo, o que demanda um alto consumo de energia. Mas como fazer a água percorrer esse caminho garantindo a eficiência e minimizando perdas? A solução pode vir de tecnologias de análise e controle recentemente implementadas no início do processo de distribuição, mais especificamente nas bombas que impulsionam a água recém-captada e tratada na ETA para tubulações, reservatórios, estações de bombeamento, chegando à casa do cliente.
Para melhorar a capacidade de visualização do uso de energia durante esse processo, a Prolagos investiu na implantação de macromedidores, sensores e painéis elétricos de sensoriamento individual e na instalação de inversores de frequência nas bombas da estação de tratamento. O investimento, que segue os projetos da área de Gestão de Eficiência Energética (GEE) da Aegea, tem o objetivo de explorar a melhor curva de rendimento dos equipamentos, garantindo a otimização da distribuição de água.
“Na primeira etapa, foram instalados macromedidores e painéis de sensoriamento em cada uma das sete bombas, permitindo analisar a vazão de cada uma delas separadamente e em tempo real. Além disso, os sensores possibilitaram a leitura das grandezas elétricas, o que facilita a observação da curva ideal de eficiência, mostrando o melhor rendimento (kWh/m³) de cada uma delas. Essa condição de leitura simultânea de energia e vazão permite sempre explorar o melhor dos equipamentos mandando mais água por um custo menor”, explica José Vicente Marino, gerente operacional da Prolagos.
Paralelamente à iniciativa, a equipe de Eficiência Energética da unidade, em conjunto com o setor de Abastecimento de Água, realizou um estudo detalhado do dimensionamento de cada um dos sete conjuntos de motobombas e adquiriu novos rotores com maior diâmetro, o que permite o aumento da vazão de água. A ação contou também com a análise da distribuição sob a ótica de perdas. “Antes de implementar as melhorias, estudamos também qual o reflexo dessas ações na rede de distribuição de água, como o aumento de pressão ou de vazão. Ou seja, não é só melhorar o sistema no início, precisamos analisar como isso vai impactar lá na frente. Se mandarmos excesso de água, podemos aumentar as nossas perdas. A produção e a tecnologia precisam estar alinhadas com o consumo e a distribuição de água”, comenta Victor Barreto, coordenador de Eficiência Energética.
Para aprimorar o sistema e aplicar o que é analisado por meio dos painéis, a concessionária também investiu cerca de R$ 1,5 milhão na aquisição de inversores de frequência, responsáveis por modular a velocidade das bombas. Com a utilização de inteligência artificial, os inversores foram programados para adequar e controlar o rendimento dos equipamentos à sua melhor curva. Atualmente, a ETA já possui seis conjuntos de motobombas operando com essa novidade. No verão, período de aumento populacional na Região dos Lagos, a estação estará com os sete equipamentos em plena operação.
“Os inversores de frequência junto com o sistema de análise de performance nos permitem ter a melhor exploração da água em relação à bomba. E qual é a vantagem? Mais vazão com menos custo de energia. Ou seja, melhor eficiência energética, e tudo sendo observado em tempo real pelo Centro de Controle Operacional, a quase 60 quilômetros de distância, ou pelo celular de qualquer lugar”, comenta o diretor-executivo José Carlos Almeida.
Para monitorar e controlar o rendimento energético dos equipamentos, todas as unidades utilizam o software Viridis, que permite que a GEE e também a Prolagos, como todas as concessionárias da Aegea, façam o gerenciamento de suas unidades consumidoras (sede, estações de tratamento, lojas comerciais, etc.). Apesar de terem sido implantadas recentemente, as ações já estão apresentando resultados. “Com quatro bombas na ETA, hoje conseguimos enviar um volume 5% a mais de água com um custo 5% menor de energia. Além disso, com essas novas tecnologias, aumentamos a média de rendimento dos equipamentos em mais de 22%. Estamos bombeando mais água com menor custo, ou seja, mais m³ por menos kWh”, completa José Vicente.
Para aumentar a eficiência energética das unidades operacionais e administrativas, a Prolagos está dando sequência ao projeto de migração da Aegea para o mercado livre de energia, modelo em que as empresas escolhem e contratam livremente o fornecedor e utilizam a infraestrutura do Sistema Interligado Nacional. Nesse ambiente, é possível obter uma redução significativa nas contas de eletricidade, em comparação com os valores pagos no mercado regulado, em que a energia é contratada diretamente das distribuidoras. Atualmente, a estação de tratamento de água, assim como a sede e quatro unidades operacionais de esgoto, já estão sendo abastecidas por este mercado.