O Fertbio-MS combina matérias-primas e bioprocessos da Organics Biofertilizantes, líder em tecnologias sustentáveis, com o lodo das ETEs operadas pela Ambiental MS Pantanal em 68 municípios de Mato Grosso do Sul. O novo adubo está sendo produzido em Terenos, município a 32 km de Campo Grande, capital de MS, desde 14 de junho, e já melhora a produtividade no campo.
Além da economia circular que beneficia toda a cadeia produtiva, outra boa notícia é que 20% do biofertilizante produzido está sendo destinados aos agricultores familiares, à população indígena e aos quilombolas, por meio de um programa social do Governo do Estado. Já foram repassadas 150 toneladas.
“Depois que sai das ETEs, o insumo passa por um período de quarentena, secagem e compostagem, onde é misturado a esterco bovino e aditivos biológicos, e processo de estabilização”, explica Osvaldo Miaki, diretor-executivo da Organics Biofertilizantes.
O resultado é um adubo de alto valor agregado, classificado como fertilizante orgânico classe “B”, extraído de uma técnica sustentável de produção em que se destaca pelo ganho ambiental para a agropecuária e o saneamento.
Segundo o executivo, o projeto atende às exigências de mercado quanto ao processo de produção e cultivo de alimentos previstos em lei. “Foi feito um trabalho junto com a Embrapa para comprovar a sanitização do biofertilizante. Os testes foram acompanhados e os resultados aprovados pelo Imasul e, também, pelo Ministério da Agricultura”, explica.
Os testes confirmaram que essa matéria orgânica tem a viabilidade técnica e a segurança necessárias para o uso em quaisquer sistemas de adubação. Sendo assim, ele não possui restrições, podendo ser utilizado em diversas culturas, como: soja, arroz, milho, hortifrútis e pastagens.
Rico em nutrientes, o Fertibio-MS melhora a saúde do solo e promove um crescimento vigoroso das plantas, contribuindo para uma produção agrícola mais eficiente e sustentável.
“É um grande marco podermos caminhar para a universalização sabendo que todo lodo produzido nas estações de tratamento passa a ser um insumo que consegue recuperar, reconstituir, restaurar e enriquecer o solo do nosso estado”, afirma Laís Salvino, da Gestão de Carbono e Lodo da Aegea.
“Além de reciclar os resíduos de lodo das estações de tratamento de esgoto das unidades da MS Ambiental, estamos fazendo algo além, distribuindo matéria orgânica, fertilizante, para comunidades que precisam melhorar seus produtos, ampliar as suas plantações. Em termos de sustentabilidade, é ir além da circularidade, além do benefício ao meio ambiente”, diz.
No Polo de Produção Orgânico em Campo Grande, o produtor Jair Azambuja, que estava preocupado com a escassez de recursos, vê a chegada do Fertibio-MS como um presente valioso. Com outras prioridades em caixa e o estoque quase vazio de insumo, o biofertilizante veio na hora certa.
“É uma junção de benefícios, porque com essa carga de 12 toneladas doadas é mais do que usamos anualmente, sendo que pagamos 900 reais pela tonelada do produto, mais o frete, então era em torno de 10 mil reais só com fertilizante. É uma senhora economia.”
Para quem conhece bem as demandas e a realidade no campo do agricultor familiar, como o engenheiro-agrônomo e coordenador da regional da Agraer de Campo Grande, Valdecir Batista, a chegada gratuita do biofertilizante é um grande benefício em termos de custo e produção, permitindo economia em outros insumos e aumentando a eficiência na colheita.
“Estamos falando de um produto com pH acima de 7, que é um pH básico, e permite menos demanda de cálcio. A cultura do tomate, por exemplo, exige que o produtor adquira fontes de nutrientes que são extremamente caras, com o biofertilizante ele pode reduzir essa aquisição e beneficiar tanto a renda do produtor quanto o valor final dos alimentos que chegam até o consumidor”, afirma.
O Fertibio-MS é fruto de um esforço conjunto entre a Ambiental MS Pantanal (PPP entre a Sanesul e Aegea), o Governo do Estado, por meio da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário) e a Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), e o Grupo Organics. O secretário da Semadesc, Jaime Verruck, enfatiza a importância desta alternativa que minimiza os impactos ambientais e beneficia diretamente as famílias que dependem da agricultura.
“Esse lodo até então era destinado 100% aos aterros sanitários, o que reduzia a vida útil desses locais e gerava custos adicionais. Com essa parceria, identificamos uma possibilidade técnica para transformar esse lodo em um fertilizante totalmente credenciado e apto tanto para uso comercial quanto para os produtores da agricultura familiar.”
Agora, os trabalhos de Assistência Técnica e Extensão Rural vão acompanhar o desenvolvimento da utilização do fertilizante da porteira para dentro dos sítios. A meta é que os resultados sirvam para propagar o interesse e a adesão de mais agricultores familiares pelo produto.