edição 39 | 2023 | abril a junho
Do Centro de Operações Integradas, a Águas do Rio monitora as ações do Programa Contra Perdas.
Texto: Aline Magno
O satélite que antes buscava água em Marte hoje está voltado para a capital fluminense à procura de vazamentos nas redes de fornecimento de água. O equipamento escaneia com precisão o subsolo para onde está apontado e, com softwares inteligentes, identifica o que é água potável por meio do cloro dissolvido na água, utilizado nas estações de tratamento, diferenciando, assim, do que é água bruta – lençol freático, rios subterrâneos ou poços artesianos.
Depois de mapeados os possíveis focos de vazamento, as equipes operacionais da Águas do Rio iniciam um trabalho mais preciso com o uso de geofone, equipamento ultrassensível a sons, nos locais indicados pelo satélite. O passo seguinte é reparar ou trocar a tubulação e resolver o problema.
“Antes do uso do satélite, a busca por vazamentos ocultos era um trabalho de formiguinha, feito por equipes caminhando com geofone de rua em rua. Ganhamos tempo com a nova tecnologia. Para se ter uma ideia, só na zona sul, levaríamos quatro meses para mapear pontos de desperdício e fizemos isso em apenas 20 dias. Além disso, após o uso do satélite, a média de identificação do desperdício aumentou: ao passo que com outros equipamentos encontrávamos um vazamento por quilômetro, agora são três. Assim, com a tecnologia vinda do espaço, ganhamos tempo e tornamos todo o processo muito mais eficiente”, explica o diretor-presidente da Águas do Rio, Alexandre Bianchini.
A escolha da concessionária para fazer o piloto do projeto com o satélite foi a zona sul da capital fluminense, por se tratar de uma das áreas mais difíceis da cidade para encontrar vazamentos ocultos. Isso porque a região possui mais camadas de asfalto nas ruas e o solo é arenoso.
Entre outubro de 2022 e janeiro de 2023, o satélite escaneou 582 km de rede de água. Apenas nesse perímetro e período, foram encontradas 122 possíveis áreas com vazamentos, também confirmados com o geofone. O que já foi reparado devolveu ao sistema 158 milhões de litros de água. Até o fim dos consertos e das trocas de tubulações em curso, o volume de água recuperada poderá abastecer sete mil habitantes.
“O que é importante pontuar é que, uma vez retornada ao sistema, essa água pode então ser remanejada para bairros onde há problemas históricos de abastecimento. Além disso, quando combatemos o desperdício de água tratada, exigimos menos do meio ambiente, que precisa fornecer água para uma população crescente. Ou seja, investir em tecnologia de ponta hoje é garantir a segurança hídrica do planeta e das próximas gerações”, afirma Bianchini.
O satélite agora será utilizado nas zonas norte e no centro da capital, além dos demais 26 municípios que fazem parte da área de atuação da concessionária.
O uso do satélite se soma a outras ações do Programa Contra Perdas da empresa, que inclui a setorização das redes de água da cidade, com a instalação de válvulas que dividem as tubulações em setores, permitindo que obras e intervenções aconteçam pontualmente, não afetando o sistema como um todo. Além disso, também foram instalados equipamentos que registram o volume e a pressão da água em diversos pontos e mandam avisos para o Centro de Operações Integradas (COI) da companhia. Paralelamente, desenvolvem-se ações de fiscalização de ligações clandestinas.